O sinal voltou e não havia nada de ligações ou sequer mensagem por parte de Asad, queria transparecer a dor que sentia, mas não consegui. Papai e mamãe perceberam, mas não quiseram comentar nada, apenas perguntavam várias vezes se eu realmente estava bem.
Olhar este álbum dos dias que passamos no Vale das Borboletas é uma tortura. O álbum ficou perfeito, com fotos de borboletas, nós nos beijando no fundo do mar enquanto mergulhavamos... Várias e várias fotos.
- Filha nós precisamos conversar com você. -Disse mamãe entrando no quarto juntamente com meu pai. Me tirando do transe que me encontrava.
- Estou toda a ouvidos. - Indicando para que eles sentassem na cama ao meu lado.
- Bom, nós precisamos voltar para Istambul hoje. - Meu pai tinha um semblante sério.
- Mas por quê?
- Estamos com alguns problemas na VIAT, é necessário nossa presença lá com urgência.
- Que problema papai?
- Não se preocupe com isso filha, é algo simples. Vamos hoje mesmo, a tarde. - Eu conhecia bem aqueles dois, tinha algo a mais que isso, no entanto sei que, quando eles não querem falar algo, não tem humano certo para fazer eles falarem. Então resolvi apenas consentir.
- Tá bom. Mas fazem um favor para mim?
- Faremos sim, qual?
- Quero que me falem depois como Asad está, estou ficando preocupada, ele não fala comigo desde o dia que cheguei aqui. - Senti que eles ficaram tensos com o meu comentário. Me furaram por um tempo sem me falar nada. Algo de errado não estava certo, eles escondiam algo.
- Sim filha, faremos isso. - Falou mamãe me abraçando.
Quando saíram do quarto fiquei perdida com aquela reação deles. Será que estou paranóica. Tenho medo que Asad esteja doente ou algo do tipo.
{...}
Já não me sinto mais uma estranha aqui. Me acostumei tanto com esta família que a ausência dos meus pais já não me deixa constrangida ou "deslocada".
Insisti em ir a Cafeteria sozinha, mas nada que um belo biquinho não resolva, no final de tudo Samia sedeu. Eu precisava ficar sozinha por um tempo, apesar de Istambul ter muitas regras, Mardin conseguia superar na quantidade. Aqui as mulheres saem apenas acompanhadas com homens e todas elas com véu no cabelo.
Chegando a cafeteria todos me olhavam como se eu tivesse um rabo e dois chifres, ou melhor, como se eu fosse o demônio na Terra. E eu? ah... Eu estava adorando. Peguei meu livro na bolsa e comecei a ler enquanto tomava um café.
Aos poucos os movimentos foram caindo, e só restavam eu e mais um casal em outra mesa. Passei o olhar por aquele lugar e lá estava o anfíbio entretido nuns papéis numa mesa longe. Aquela era a melhor hora de questionar o porquê de deixar as meninas de Mardin sem estudo e pelo menos tentar fazer ele entender a tamanha burrice desse ato.
Peguei minha bolsa juntamente com o livro e segui até sua mesa. Naquele momento percebi que deveria ser simpática para ter uma conversa civilizada.
- Posso sentar com você? - Falei educadamente com um sorriso no rosto.
Ele jogou seu corpo para trás e me olhou com cara de incrédulo. Depois assentiu com a cabeça. Me sentei e cruzei os braços olhando nos olhos naquele homem.
- Não acredito que seu noivo te deixa andar por aí a solta...- Seus olhar passou por todo o local. Ele percebeu que todos estavam espantados por eu estar sozinha.
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ATA-ME
RandomUm romance mesclado ao realismo. Nessa história você vai sonhar com pés fincados no chão. Surya é uma jovem que quando pequena foi vendida pelo pai a uma rica família de Istambul, sendo criada com todo conforto pelos pais adotivos. Quando seu pai...