QUEDA

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- A senhora está grávida de dois meses e uma semana.

- Está enganado, não há como... me protegi em todas as... Bom... sinceramente senhor, eu não consigo acreditar. - Falei rindo da cara dele.

É impossível, tomei a pílula do dia seguinte certinho, não tem chances de ser verdade.

- Fizemos exames na senhora e neles constam que você está grávida, são exames confiáveis. - Falou sorrindo achando a melhor notícia do universo.

Levantei a cabeça olhando para minha barriga e joguei a cabeça contra o travesseiro novamente. Não pode ser, merda, merda, merda!
Osman não pode saber de nada, não até eu descobrir o que vou fazer. Mas pedir para ele não vai adiantar nada, isso se Osman não já estiver sabendo. Mas não custa tentar.

- Osman sabe? - Perguntei

- Não, mas acho que ficará muito feliz.- explicou talvez achando que eu esteja com medo de Osman não gostar. Agora é hora de mostrar meus dotes como atriz.

- Sim ficará, assim como estou. Peço que deixe que eu mesma conto, pretendo fazer uma surpresa para ele. - Dei o meu melhor sorriso.

- Tudo bem. - Falou saindo, me deixando sozinha com um miúdo na barriga.

Merda, mas estava sangrando, irregular mas estava. Nunca imaginei que estivesse grávida. Agora entendo o que ando sentindo ultimamente, estava cansada, tendo desejos estranhos, comendo feito onça, enjôo, vômito... Alá!!

Como fugirei amanhã sabendo que estou carregando um pedacinho de Osman dentro de mim? Também não posso ficar aqui, meu filho não pode se transformar num homem que bate em mulheres, se for menina pode crescer num lugar onde ela não terá liberdade para nada.

Osman pode tirar meu filho de mim, está nas leis do clã. Meu estômago embrulha só de imaginar.

- Ei, como está? - Perguntou Osman entrando no quarto preocupado.

- Bem- Respondi enxugando as lágrimas.

Ele sentou ao meu lado da cama me olhando com preocupação.

- Ei, o que houve? - quastionou baixinho passando o polegar numa lágrima que descia em minha bochecha.

Que desculpa daria? Pensei enquanto enxugava as lágrimas e tive a melhor idéia.

- Estava lembrando dos meus pais de sangue... Você pode me levar lá amanhã?

Ele me olhou pensativo por minutos e e decidiu se pronunciar.

-Sim, nós dois vamos. - Olhei para ele quase suplicando para não ir.

- Não Osman, não precisa ir junto. Quero que minha mãe me dê banho, estou precisando. Você iria só para me esperar. - Peguei em sua mão e passei a palma em minha bochecha.

- Talvez para ajudar também. - Falou piscando o olho. - Fiquei boquiaberta com declaração.

- Safado! você pode fazer isso em casa todos os dias querido.

Cheguei em casa e tomei um bom banho morno de banheira. Coloquei um roupão e fiquei me olhando no espelho. Tomei coragem e o abri novamente, minha barriga está com um leve inchaço, acreditava ser somente porque estava engordando, mas não, é meu bebê.

Fechei o roupão rapidamente, o medo de tudo que pode acontecer com esta criança está me deixando apavorada.

-Antes de tudo tenho que resolver um negócio. - Falei pegando a cartela de comprimidos.

Antes de sair do quarto olhei mais uma vez para a cartela na minha mão, saí e fui a procura de Ipek pela casa.

- Preciso falar com você. - Falei ao encontrar ela tirando a poeira da estante.

ATA-MEOnde histórias criam vida. Descubra agora