ESCOLHAS

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Aqueles olhos escuros brilhantes cheios de vida, cheios de luz...aquela boca macia e corada que me desafiava... Era uma menina mulher, forte e resistente.

Eu consegui tirar isso tudo dela, aos poucos, lentamente.

Não me senti bem em ver seu medo e desespero quando me olhou depois do que fiz. Descer aquelas escadas seria me deparar com o que me atormentava.

Passei o máximo de tempo que pude tentando evitar a existência de um ser que estava a alguns metros abaixo da casa, num quarto pequeno e escuro. Não por castiga-lá mas por medo...medo de olhar para a mulher que eu talvez tenha machucado demais.

- Osman, você está me escutando? - Meu pai novamente me tirou de meus pensamentos.

- Não. O senhor pode repetir por favor? - Olhei para ele e se rosto estava vermelho de raiva.

- Você vai tirar sua esposa daquele lugar. - Ordenou impaciente com minha expressão de desdém.

- Nunca diria que defenderia Surya. - Falei surpreso.

- Não é por ela. Me diga, o que o povo de Mardin fará se souber que o Harra mantém a esposa em cárcere privado em um porão da casa? Os empregados todos já sabem. Isso pode manchar a honra da nossa família. - Olhei para ele pensando em suas palavras.

{...}

- Ela está agindo muito bem, o que fiz a deixou muito sensível e...fraca. - Apesar de ser otomano, Matehan é um amigo de infância, chego a considerar até mesmo um irmão mais velho.

- Você veio até aqui para me falar isso. É sinal de que não está gostando dessa nova esposa que tanto almejou. - Observei sua face, que estava em reprovação.

- Eu quero mais. Quero ser recebido com um sorriso sincero, não com seus olhos perdidos em aflição e medo. - Falei numa tentativa de arranjar palavras para tentar entender também o que eu queria.

- Cara, você já sabe minha opinião. - Olhei para o lado tentando desviar o olhar e passei a mão nos cabelos impaciente. - Eu vou fazer o que já deveria ter feito. - completei.

- Você sabe que isso pode piorar a situação. - Metehan sempre me avisando, no entanto, tenho que fazer isso.

- Eu não quero ela pensando nele. - Falei pegando o chá na bancada.

- Pense bem Osman. Você trancou ela por dois meses, pelo que você está me falando, ela não está nada bem. Por que não espera?

- Não. Já está decidido. - Falei impaciente tomando um gole de café.

Olhei para o envelope amarelo a minha frente e vi nele o passo para meu plano.

- Ela jamais fará tudo que você me falou, ainda mais depois do que fez. Estou sendo sincero Osman. - Riu Metehan desacreditado levando uma xícara a boca.

- Surya é difícil, mas eu vou conseguir moldar ela para os meus interesses. Ela será a mulher que eu quero, não duvide. - Afirmei convicto.

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