Finalmente o meu celular tocou. Era ele, era o advogado.
-Senhorita Surya? - falou Muhtar
- Olá Muhtar.
- Olha... no Sudeste da Turquia, onde você se encontra, a maioria da população é curda, a sociedade ainda está organizada segundo padrões tradicionais, quase feudais, com o território dividido por clãs, liderados por um Harra, que defendem ferozmente a sua tribo. Nesta região rural são frequentes crimes de sangue para repor a honra, reclamar direitos ou vingar alguma afronta.
- Sim, sim, vá logo direto ao ponto senhor Muhtar. - Eu já estava impaciente não precisava ele ficar me explicando o que eu já sabia.
- Infelizmente eu não vou poder ajudar. E mais nenhum outro advogado. A Turquia sempre esteve em guerra com os turcos, pedir ajuda a justiça turca será perda de tempo, ela sempre soube dessas tradições, no entanto, em nome da paz foi declarado o acordo de TRT entre a Turquia e o clã de Mardin, que não haveria mais interferência por parte da Turquia nas decisões do clã com relação ao povo de Mardin.
- Eles não escolheram nascer aqui, a justiça poderia nos proteger por um tempo em Istambul.
- Infelizmente não há nada que se possa fazer.
- Há sim, eu vou dar o meu jeito. Obrigada. -
Desliguei o telefone e corri para a sala onde estavam todos. Fechei as portas e as janelas rapidamente para que ninguém além de todos presentes na sala pudessem escutar.
- Surya porque está trancando tudo?- perguntou Celil assombrado com meu ato, assim como todos ali.
- Onde está Dilan? - Perguntei esbaforida. Não podia deixar ela escutar o que ia falar.
- Já está dormindo. - Falou minha mãe. Sentei- me no sofá e decidi começar.
- O único jeito é fugirmos todos daqui. - Fui curta e grossa.
- O quê? - Emre levantou-se num pulo do sofá.
- Isso mesmo. Eu falei com um advogado para pedir interferência da justiça turca, mas eles não podem fazer nada. Eu compro a passagem de todos, nós vamos para minha casa em Istambul.
- Filha não podemos. Eles no encontrarão de qualquer jeito. - minha mãe já tinha seus olhos marejados.
- Não encontrarão. E se a gente perceber algo diferente nós fugimos para outro país quem sabe. - Eu falei rapidamente com falta de ar pelo nervoso.
- Não vamos a lugar algum!!! - Emre socou a parede com ódio. Naquele momento entendi o porquê de estar achando ruim.
- Emre a gente leva Narim também. Você manda uma mensagem sei lá, combina com ela um lugar para pegarmos ela e então fugimos todos. -Eu disse na tentativa de fazer ele entender que não estava excluindo a mulher que ele amava.
- Você não entende Surya. Eles são muito mais do que você pensa. São frios e calculistas. Quando se trata de honra, eles são capaz de buscar a pessoa no inferno. - Gritou Celil aflito com a minha proposta.
- Então vão deixar Dilan, que tem apenas 12 anos, para casar com um homem de 28 anos? - Gritei tentando fazer eles entenderam a gravidade da situação.
- Você diz que fui egoísta Surya, mas você está sendo mais egoísta que eu. - eEmre cuspiu as palavras na minha cara.
- Para Filho!! - Disse minha mãe aos prantos.
- Você poderia muito bem casar com este homem. Pelo que eu saiba você também é minha irmã, filha de Celil e Samia. Porque se escondeu me diga? Se ama tanto sua irmãzinha, porque não deixa seu egoísmo de lado e casa no lugar dela?
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ATA-ME
RandomUm romance mesclado ao realismo. Nessa história você vai sonhar com pés fincados no chão. Surya é uma jovem que quando pequena foi vendida pelo pai a uma rica família de Istambul, sendo criada com todo conforto pelos pais adotivos. Quando seu pai...