Acordei um pouco indisposta para ajudar Ipek. Sinto um peso enorme no peito, estou pensando em até pedir Osman para passar num cardiologista, afinal não é nada normal.
Sentei-me a mesa e todos os olhares se voltaram para mim. Passei minha mão no rosto para saber se estava sujo de pasta dental, mas nada. Talvez eu tenha amanhecido mais linda que o normal, pensei.
Após o café da manhã chamei Osman, que ia em direção ao escritório da casa.- Há como marcar um cardiologista para mim?- Perguntei quase em súplica.
- Cardiologista? O que está sentindo? - Perguntou ele franzindo a testa, por um segundo pensei até que estivesse preocupado comigo.
- Eu acordei com uma dor no peito, não sei, é estranho, está pesado como uma pedra. - Coloquei os dedos no peito achando aquilo muito estranho, será que eu estaria com alguma doença. Olhei para o rosto de Osman e ele estava me olhando assombrado.
- Bom, não é necessário. Pedirei para Ipek fazer um chá para você. Minha mãe sente estas coisas, quando toma este chá, passa. - É, ele está pouco se lixando para meu bem estar, revirei os olhos e saí em passos pesados. Este filho de uma mãe quer mesmo que eu morra.
Fiquei na minha cama matutando, nada de Ipek aparecer com o bendito chá, isso se ele pediu não é mesmo. Na verdade, o que estou fazendo aqui esperando ela trazer, eu tenho pernas. Vejo que estou ficando folgada igual a todos dessa casa. Saí em direção a cozinha para eu mesma fazer, isso se tiver alguém que me explique que erva é essa.
Quando estava prestes a chegar na cozinha escutei a voz de Osman. Pelo que Ipek já havia me falado, ele nunca pisou os pés lá. Fiquei curiosa para saber o que ele foi fazer e o que estava falando. Me escondi atrás de uma parede onde eles não podiam me ver.
- Leve este chá e não comente nada com ela. Está me ouvindo, nada!
- Sim senhor. Mas senhor e se os pais dela não sobreviverem? - Coloquei minha mão na boca para tampar os soluços que ameaçaram sair. Lágrimas desceram como cascatas dos meus olhos.
- Ela não saberá do acidente e nem da morte deles. Ela nunca sairá daqui para saber e já mandei ordem a todos da família dela de Mardin para não falarem nada. Agora vá!!
Apareci na porta para que vissem que escutei tudo. Osman olhou para mim como se eu fosse uma assombração e Ipek que estava de costas logo que percebeu sua expressão, virou-se para ver o que era, sem pensar deixou a bandeja com o chá cair no chão.
- SEU DESGRAÇADO! FOI VOCÊ! - Voei em cima de Osman com minhas unhas afiadas. Com certeza foi ele que causou este acidente, sempre quis se livrar de meus pais.
Fui jogada contra a parede numa tentativa de ser contida.
- Eu já disse que não tolero desobediência, porra! - Olhei para ele com sangue nos olhos. Logo avistei uma faca na mesa ao meu lado. O empurrei e peguei o objeto em mãos apontando para ele.
- Você vai pagar por isso!
- Solta isso Surya!! - Olhei para ele e em meio as lágrimas sorri ao imaginar ele sentindo a dor que já senti por causa dele.
Seus olhos se direcionaram para algo trás de mim. Antes que eu pudesse reagir dois seguranças me atacaram e tomaram a faca das minhas mãos.- Eu quero ver meus pais, me soltem!!! - Chacoalhei minhas pernas ao ar quando me prenderam os braços juntamente com a barriga.
- Como eu falei, você não verá eles nunca mais. Levem ela para o quarto e tranquem a porta.
- Eu vou acabar com você, vou fazer você se arrepender de tudo, filho da puta! - Gritei para que, se possível, Mardin inteiro escutasse.
Chegando ao quarto fui jogada no chão. Tentei sair antes de trancarem as portas, mas foi inútil.
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ATA-ME
RandomUm romance mesclado ao realismo. Nessa história você vai sonhar com pés fincados no chão. Surya é uma jovem que quando pequena foi vendida pelo pai a uma rica família de Istambul, sendo criada com todo conforto pelos pais adotivos. Quando seu pai...