- Falta peneirar a farinha. - Falei organizando os ingredientes.
- E vai ficar aí só olhando? - Perguntei a Osman que estava encostado no batente da porta observando meus movimentos na cozinha.
- Eu não sei fazer pão. - Falou rindo ainda de braços cruzados.
- Você pode passar os ingredientes. - Sugeri.
- Qual é o primeiro? - Perguntou arregaçando as mangas da blusa e indo a pia para lavar as mãos.
- O leite morno. - Apontei para o copo que estava na mesa.
Zeynep não iria trabalhar a tarde por questões de saúde do marido. Ela deixou avisado o jantar estava pronto só bastava esquentar, no entanto, senti uma vontade louca de comer o pão que Ebrar costumava fazer, sabia de todos os ingredientes por que diversas vezes ia a cozinha ajudar a preparar as refeições.
Avisei a Osman que estaria na cozinha preparando um pão, ele estava lendo alguns papéis e só confirmou com a cabeça, saí pela cozinha catando todos os ingredientes. Agora está ele aqui me ajudando.
- Pode colocar. - Falei indicando que já poderia jogar na massa os ovos que estavam no copo.
Com o copo lá nas alturas ele jogou fazendo com que o impacto do ovo fizesse a farinha subir, acertando minha cara.
- Osman! Você é um péssimo assistente de padeiro. - falei retirando a farinha do meu rosto.
Ele riu freneticamente da minha cara. Parecia ter feito de propósito. Cruzei os braços e tentei parecer brava, mas não consegui, um sorriso escapou e revirei os olhos com aquela cena. Nunca tinha visto Osman rir assim, parece até outra pessoa, fiquei parada apreciando aquela imagem única.
- Tá bom, não vou estragar a sua receita. - Se ajeitou para sair.
- Fica. - Pedi puxando ele pelo braço.
{...}
Dois meses que estamos nessa casa. Estou amando cada segundo aqui, minha rotina é cheia de tarefas que amo cumprir.
Penso que Osman já não está mais aqui pelos jornalistas e sim por que gosta do lugar, assim como eu, além do mais estamos começando nos conhecer, coisa que seria impossível estando naquela casa com os pais dele.
Acabei de ajudar Zeynep nos canteiros de legumes, agora estou na banheira relaxando um pouco, Osman saiu cedo para resolver coisas...coisas que não me fala nem morto.
Saí da banheira e fui até o quarto, joguei a toalha para um lado e coloquei uma calcinha preta, em seguida um sutiã da mesma cor e para fechar o momento princesa um óleo corporal.
Estava passando o óleo quando lembrei de quando ainda estava em Istambul prestes a vir para Mardin. As coisas estavam estranhas, as mensagens que recebia, aquele homem estranho me seguindo, como pude me esquecer desses fatos inusitados? Até hoje não sei o motivo daquilo tudo, e me parece que jamais terá resolução.
Terminei de passar o óleo em meu corpo e senti uma sombra atrás de mim.
-aaaaaaah - Gritei feito doida. O pior mico, estava Osman na porta e mesmo com todo o meu desespero ele não tirou os olhos do meu corpo.
- Seu...seu tarado! - Gritei correndo para pegar um travesseiro tentando de alguma forma esconder meu corpo.
- Você deixou a porta aberta. - Todo faceiro com um sorriso de canto.
- Para de me olhar assim! - Reclamei vendo seus olhos negros cintilar em minha direção.
Peguei um hobby e vesti as pressas. Aqueles olhos sempre me levam as piores lembranças que tenho dele.
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ATA-ME
RandomUm romance mesclado ao realismo. Nessa história você vai sonhar com pés fincados no chão. Surya é uma jovem que quando pequena foi vendida pelo pai a uma rica família de Istambul, sendo criada com todo conforto pelos pais adotivos. Quando seu pai...