-Surya, aqui não. Estou colocando você em risco. - Falou me dando um selinho e empurrando meu corpo para o outro banco.
Olhei para ele franzindo a testa, fiz jeito de falar várias vezes para protestar, mas não saiu nada.
- Tá. - Foi a única coisa que saiu da minha boca. Fiquei boquiaberta com aquele autocontrole dele. Além de tudo dizendo estar preocupado com minha segurança.
Passei o caminho inteiro olhando a janela, percebi que as vezes ele me olhava mas logo voltava para a estrada.
- Chegamos, acorda. - Escutei uma voz baixinha em meu ouvido e em seguida um beijo no pescoço.
Abri meus olhos e estávamos em frente a maldita casa. Olhei para ele que estava com um semblante feliz, ao contrário de mim.
Ele olhou para os lados como se verificasse algo e havia apenas dois seguranças no portão, então me deu um beijo. Fiquei surpresa com aquela atitude, quase o empurrei, mas lembrei do que havia feito durante a viagem.
Dei abertura para ele me tocar, não que seja ruim, mas é horrível fazer isso quando é simplesmente parte de um plano.
- Vamos. - Falei desgrudando nossa boca.
- Meu amor que saudades que eu estava de você!! - Azime falou abraçando Osman.
Fiquei alí quase revirando os olhos, ela não perde a chance de esfregar na minha cara que sou insignificante para ela.
Sorri e apertei mão de Kamal, fui até Azime para abraçá-la, mas a mesma se afastou.
- O que faz com estes trajes? Cadê o lenço? - Perguntou consumida pelo ódio.
- Estas são as roupas dela, a partir de agora ela não será obrigada a vestir aquelas roupas. - Entrou Osman na minha frente explicando a mãe.
- Você é o Harra! Não acha que no mínimo deve fazer sua esposa respeitar as nossas tradições? - A mulher já estava exasperada, o tempo todo falando e olhando em minha direção.
- Isso mesmo, eu sou o Harra e quem decide isso sou eu. - Osman falou já irritado. Fiquei com medo que ele rodasse a mão na cara dela, como fazia comigo quando o desrespeitava, mas fico feliz que o respeito dele consiga superar o ódio.
Entramos na casa e logo vi Ipek com Kipo no braço. Corri e abracei os dois de uma vez.
- Senhora...- Ipek ia falando mas a interrompi.
- Surya. Quero que me chame de Surya. Ipek não precisa mais ficar distante, quero que volte ser minha amiga. - Falei passando a mão em seu rosto e beijando sua testa.
Tomei Kipo para meus braços e o amassei dando milhares de beijos.
- Não me faça ficar com ciúmes de um gato. - Escutei Osman falar me abraçando por trás.
Ipek estava pasma com a cena que estava presenciando. Osman realmente estava diferente e eu estava tentando ao máximo não mostrar o quão estranho estava achando também. Tentei parecer normal apenas sorrindo.
- Eu preciso resolver algumas coisas tá bom. Chego na hora da janta. - Explicou jogando uma mecha do meu cabelo para trás da orelha.
- Tudo bem. - Falei sentindo um frio na barriga aquele olhar queria dizer algo mais e eu sabia muito bem o que significava.
Fiquei olhando seu corpo dar meia volta e desaparecendo atrás da porta.
Ipek me ajudou a arrumar todas as coisas no quarto, enquanto isso expliquei o que aconteceu durante esse tempo e as mudanças de comportamento de Osman.
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ATA-ME
RandomUm romance mesclado ao realismo. Nessa história você vai sonhar com pés fincados no chão. Surya é uma jovem que quando pequena foi vendida pelo pai a uma rica família de Istambul, sendo criada com todo conforto pelos pais adotivos. Quando seu pai...