ATA-ME

LIGAÇÃO

Acordei com um barulho forte na porta. Num pulo já estava de pé olhando para um suricato chamado Osman.

- Você quebrou a porta. Sem necessidade isso, sabia? Bastava chamar e eu abriria. - Briguei olhando a porta que naquele momento estava no chão.

- Vou trocar não se preocupe. A próxima sequer terá chave.

- Aproveita e tira as chaves da porta do quarto também. - Falei sarcástica.

- Ah e só avisando. Dormirá na cama hoje, nada de dormir no banheiro. Se vista rápido, estamos esperando na mesa para o café - Falou saindo do banheiro.

Tomei um banho e coloquei um vestido solto azul. Fui passar um batom e vi que minha bochecha estava roxa e inchada do soco que levei ontem. Fiquei pensando nos pós e contras de passar uma boa maquiagem por cima. Decidi colocar, não queria que me vissem como uma mulher submissa que apanha do marido.

Na mesa encontrei Osman, seu pai Kamal  e sua mãe Azime sentados. Me sentei ao lado de Osman, o único lugar disponível, e dei bom dia.

Nenhum dos dois gostam da minha pessoa, era nítido na cara deles. Olhei para Osman, não havia percebido mais cedo, ele está com o pescoço latanhado das minhas unhas. Não vi os braços pois estava de manga longa, mas aposto que estava todo arranhado também.

- Vejo que a noite foi boa. - Falou Kamal olhando para o pescoço do filho.

- Não interessa. - Rebateu Osman de cara fechada. Minha vontade foi de falar que nunca vou me deitar com um homem como o filho dele, mas me contive.

- Vai comer que horas menina?- Perguntou a Azime ríspida.

- Estou sem fome. Com licença vou para o quarto.

Fiquei no quarto arrumando as roupas nas gavetas, depois de tudo pronto peguei meu celular e comecei ligar para Asad.

- Surya? - Meu coração acelerou parecia querer sair pela boca.

- Asad, amor sou eu mesma. Porque não retornou minhas ligações.

- Surya. Como tem coragem de ligar para mim? Além de tudo você casou com outro homem.- aquilo não foi uma pergunta, senti minha garganta se fechar. O que ele queria dizer com além de tudo?

- É uma longa história, era isso ou minha família morria. Eu te amo Asad, te amo muito. Ele é um monstro eu nunca sentiria nada por ele. Por favor acredite em mim.

- Surya você...- seu tom era ríspido, mas o cortei para explicar que não tinha abandonado ele.

- Olha eu darei um jeito de sair daqui, quando o fizer me casarei com você e...

Osman tomou meu celular e desligou a ligação.

- Me devolve, você não tem o direito de fazer isso!!- Gritei pulando em cima dele com todas as forças para pegar o celular. No entanto ele guardou no bolso e me empurrou dando distância.

- Eu escutei tudo. Quem era este homem? - Senti que ele estava fervendo de ódio. Osman passou a mão nas têmporas depois dos cabelos.

- Meu noivo, o homem que amo e vou casar quando eu me livrar de você seu infame!!! - Naquele momento eu deixei escapar que tinha um noivo, mas já nem me importava, queria mostrar a ele que não me terá por muito tempo.

Antes que eu pudesse fazer algo para impedir, Osman jogou o celular no chão e pisou várias vezes partindo o objeto em vários pedaços.

Caí no chão pegando no objeto destruído. Senti as lágrimas correrem meu rosto.