Meu corpo inteiro dói com os machucados da queda de ontem e os bofetões que levei hoje. O casamento será a tarde e sequer posso saber quem é o miserável do noivo. Além de tudo não tenho coragem de falar com Asad. Como vou dizer que me casarei com outro? E meus pais? Meu trabalho na empresa?
- Surya. - Emre chamou batendo na porta do quarto.
- Entre. - Falei desanimada sabendo o que vinha pela frente, iria me jogar na cara novamente que sou egoísta. Só pude ouvir seus passos se aproximar, sequer olhei na cara dele.
- Me perdoa? Por favor. - Surpresa olhei para ele. Vi naqueles olhos tristes que ele estava sendo sincero.
- Você não estava sendo egoísta. Muito pelo contrário, você lutou por nós de todas as formas. No seu lugar eu sequer perdoaria a família que me vendeu.
- Tudo bem. Eu preciso ficar sozinha, logo começará a preparação para o casamento. - Sem falar mais nada, Emre saiu do meu quarto.
Fiz minhas malas colocando o álbum do dia da viagem que fiz com Asad. Beijei meu colar na tentativa de sentir o gostos do beijo dele. Chegou a hora, faltava pouco para começar os preparativos da noiva, então disquei o número residencial de meus pais em Istambul.
Expliquei tudo para eles nos mínimos detalhes. Os dois estavam inconformados com o casamento. Até me pediram para fugir mas expliquei que fugir nessa altura só colocaria eles também em perigo. Papai disse que virá urgentemente para Mardin com mamãe, mas que não sabem o dia porque precisam resolver os negócios pendentes na VIAT.
Eu estava horrível. Meu rosto e todo o corpo estava cheio de machucados, fora o canto da testa que estava rasgado pela queda. Sonhei tanto o meu casamento, mas tudo está sendo totalmente o oposto.
- Vamos Surya, mamãe está chamando. - Falou Dilan entrando no quarto. Ela sabia que eu não queria aquele casamento e apesar de ser uma criança ela preferiu não tocar no assunto pois sabia o quanto estava doendo em mim. Não sei qual foi a desculpa que inventaram para ela desse casamento.
-Você precisará de uma boa maquiagem para esconder estes ferimentos. Olhei para ela sem entender o que veio fazer e quem era.
- Desculpa. Me chamo Hande, sou irmã de Zilá e serei sua maquiadora.
- Prazer, sou Surya. - Se fosse outro momento eu ficaria muito feliz de conhecer um parente de Zilá, mas agora só consigo oferecer um sorriso de lado bem forçado.
- Surya eu cuidarei do seu cabelo. Antes de tudo, sua mãe te dará um bom banho de escovão e fará depilação do seu corpo. Nem ouse dizer que não, faz parte da tradição. -falou Zilá com um meio sorriso.
- Tá bom. - só o que consegui falar e a partir daí fui guiada. Quando cheguei ao banheiro haviam várias mulheres que nunca tinha visto, estavam com todos os materiais prontos, cantavam e dançavam felizes. Eu só me entreguei aos cuidados delas, só meu corpo estava presente naquele momento, pois minha mente viajava nas lembranças de Asad.
Fizeram de tudo para tirar do meu pescoço o colar que Asad me deu. Mas não deixei, só tiravam ele se eu estivesse morta. Elas alegavam que a mulher deve ir sem jóia alguma, para que o noivo a encha de ouro.
Não quero ouro e nem prata, quero acabar com estes infames. Pensei já organizando uma chacina.
Senti meu corpo leve, não havia um pelo no meu corpo, tirando o da cabeça e sombrancelha. Meu corpo foi hidratado e banhado com um óleo para dar sorte.
- Mãe, para quê isso tudo? - sussurrei exasperada com tanta coisa que via elas passando no meu corpo.
- Para a noite... Hum hum... noite de núpcias. - Ela falou pigarreando envergonhada com as palavras.
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ATA-ME
RandomUm romance mesclado ao realismo. Nessa história você vai sonhar com pés fincados no chão. Surya é uma jovem que quando pequena foi vendida pelo pai a uma rica família de Istambul, sendo criada com todo conforto pelos pais adotivos. Quando seu pai...