Estava pronta para levar meu travesseiro e a colchonete para dormir no teto como todos os dias estava fazendo. Passei em frente ao quarto de Emre e encontrei a porta entreaberta. Parecia estar falando ao telefone. Eu me recompús e continuei a caminhar.
- Porra Narim ninguém saberá de nada!! tenha calma. - Escutar aquilo me deixou numa puta confusão. Emre estava aprontando, certeza. Resolvi voltar e perguntar se ele subiria para dormir e então bati na porta.
- Oi Surya! - Deu um sorriso amarelo esperando a resposta.- Parecia não querer que eu entrasse. Abriu ou pouco da porta para dar vista somente para o seu corpo que estava encostado na batente.
- Você não vai subir hoje?
- Hoje não não irei Surya. Estou com uma dor de barriga, tenho medo de sentir a noite, e você sabe né...fica longe do banheiro. - Direcionou a mão a barriga e ficou fazendo movimentos circulares juntamente com uma careta.
- Certo. Vou subindo então. - Mas antes de sair direcionei meus olhos para dentro do quarto por cima do ombro dele. Lá havia uma mochila que parecia estar cheia.
- Você vai viajar? - Antes que eu pudesse pensar, as palavras escaparam da minha boca.
- Não, não. Ah sobre a mochila... É que tirei umas roupas para doação. - Explicou assim que viu meus olhos direcionados a mochila.
- Ah sim. Boa noite então. - Falei saindo da porta do quarto e seguindo o corredor.
- Ah, boa noite Surya. - Falou ele depois que eu já havia dado bons passos, talvez só naquele momento havia terminado de processar minhas palavras.
Dilan e eu ficamos contando as estrelas novamente. Todos os dias nos perdíamos nas contas, mas era maravilhoso o fazer.
Me peguei pensando em minha vida antes de chegar a Mardin. Em tudo que estava acontecendo, aquele homem me seguindo, as mensagens, a mulher loira e minhas brigas com Asad.
Nada fazia sentido para mim, o mais interessante é que tudo parou quando pisei meus pés nesta cidade. Tirando os encontros aquele anfíbio chamado Osman Harra, tudo que tem acontecido só me trouxe paz.
Me senti mais leve quando minha mãe mandou uma mensagem no final da tarde avisando que havia falado com Asad. Ela afirmou que estava tudo bem com ele.
Até agora, o mesmo não me retornou as ligações e sequer deu sinal de vida desde que cheguei aqui. Ao passe que eu sentia medo de ter acontecendo algo com ele sinto também vontade de castrar aquele homem por estar agindo dessa forma.
{...}
Como todos os dias, assim que o dia foi clareando eu e Dilan fomos para o quarto antes que o sol viesse torrar nossos corpos. Me joguei na cama e peguei no sono novamente.
Despertei com um barulho. Eram gritos agudos, pareciam vir da sala. Olhei para o relógio do meu quarto rapidamente e vi que já eram 11:00 horas. Eu nunca havia dormido tanto assim.
Coloquei um hobby e corri para a sala a fim de entender aquilo tudo.- Porque você fez um negócio desses meu filho? Por quê? - Minha mãe gritava e seu rosto se desmanchava em lágrimas.
Celil estava de costas com a mão nas têmporas, aparentemente preocupado. Meu olhos correram para Emre que estava no sofá com o rosto deformado, completamente inchado e roxo.
Dilan chegou atrás de mim e se atracou nos meus braços chorando.- Ei linda. Vai para o quarto. Você faz isso? Olhei naqueles olhinhos cheios de lágrimas e então ela assentiu. Assim que Dilan foi para o quarto fui até Emre e sentei ao seu lado no sofá pegando em seu rosto. Samia sentou- numa cadeira distante e continuou a chorar.
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ATA-ME
RandomUm romance mesclado ao realismo. Nessa história você vai sonhar com pés fincados no chão. Surya é uma jovem que quando pequena foi vendida pelo pai a uma rica família de Istambul, sendo criada com todo conforto pelos pais adotivos. Quando seu pai...