- Por favor Osman de novo não! - Falei em soluços.
Ele parou me olhando espantado, me sentei na cama abraçada aos joelhos deixando as lágrimas descerem.
- Eu... Me desculpa.- Suas palavras saíram quase inaudíveis.
Não respondi nada, fiquei imóvel, sabia que existem pessoas que não podem mudar, e ele é uma dessas.
- Você não deixa eu te tocar por que quer ele, é isso!?! - Falou em tom mais alto.
Levantei a cabeça e fiquei de joelhos para falar as verdades que ele precisa escutar.
- Não Osman, não é por causa dele, é por sua causa. Você não me entende e nunca vai entender, sabe por quê? Por que nunca foi forçado a satisfazer os desejos de outra pessoa, não sabe como é se sentir sujo, se sentir um lixo, ter nojo de si e de quem o toca com desejo.
- Já que você quer tanto que eu fale de Asad, valos lá.
- Eu não... - ele ia falando mas o cortei.
- Deixe eu falar. Asad me traiu, se isso dói? Ah como dói. Mas nada chega perto das coisas que você me faz passar. Ele nunca levantou a mão contra mim, nunca tentou me abusar, mas ao contrário disso tentava me fazer feliz de todas as formas. Se amo ele? Minha resposta é não, jamais amarei novamente.
- Surya. Escutei ele falando enquanto eu saia da cama.
- Surya me escuta porra!! - Fui jogada contra a parede.
- Me ajuda, eu quero ser melhor...por você. - Sua mão pressionava meu queixo para que eu olhasse em seus olhos.
Sua testa estava enrugada, as sombrancelhas quase unidas e seus olhos estavam molhados. Parecia estar falando a verdade.
- Isso é um pedido ou mais uma das suas ordens?
- Um pedido.
- Não há como, você teve um amor e ela não conseguiu mudar isso. Com alguém que você não ama é impossível.- Apontei para seu peito.
Ele me largou ficando de costas com a mão nas temporadas. Sem olhar na minha direção saiu batendo a porta do quarto com força.
Coloquei uma roupa de dormir azul que gosto e me deitei na cama, mas não consegui, sentei na poltrona e acabei pegando no sono.
Acordei ainda a noite com algo, ou melhor, alguém me colocando na cama.
{...}
Acordei abraçada a Osman, olhei seu corpo sem camisa e lembrei de tudo que aconteceu no dia anterior. Entendi o motivo pelo qual minha cabeça estava estourando, aquele maldito vinho, tudo culpa dele.
Fiz minha higiene matinal e desci as escadas para procurar algum remédio para dor de cabeça.
- Você precisa de alguma coisa? - Perguntou Zeynep vendo eu revirar algumas coisas na cozinha.
- Algum remédio para dor de cabeça.- Olhei para ela massageando as têmporas.
- Espere um pouco. - Falou sumindo da minha vista.
Ela voltou com um copo de água e um comprimido na mão.
- A senhora aceita tomar café comigo? Osman ainda não acordou, não gosto de ficar sozinha na mesa.
- Já tomei café, mas posso sim fazer companhia. -Num impulso acabei abraçando ela, finalmente alguém para conversar.
Sentamos a mesa e fiz ela pegar algumas coisas para comer, não sabia se realmente ela estava falando a verdade ou simplesmente dando desculpa.
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ATA-ME
RandomUm romance mesclado ao realismo. Nessa história você vai sonhar com pés fincados no chão. Surya é uma jovem que quando pequena foi vendida pelo pai a uma rica família de Istambul, sendo criada com todo conforto pelos pais adotivos. Quando seu pai...