CONDÃO DO AMOR

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- Mamãe! - Escutei uma voz de criança me chamar.

- Mamãe acorda!! - Procurei por todos os lados mas não encontrei a dona dessa voz.

- Eu preciso de você! Papai está sofrendo muito. - Olhei para baixo e uma criança abraçava minhas pernas. Agachei para ficar do tamanho dela.

- Oi meu amor. Eu não posso voltar. - Falei sentindo uma serenidade indescritível. O lugar havia me proporcionado repouso e tranquilidade.

- Volta por mim. - meus olhos começaram a lacrimejar e naquele instante senti vontade de voltar.

{...}

- Surya, olha sua pequena, é uma menina linda! - estava num campo lindo de flores quando escutei estas palavras.

Fui arrastada pela velocidade da luz para um lugar escuro, senti meu corpo como se estivesse deitada numa cama, e no meu colo algo se mechia.

- Segura sua filha, pequena Hande está louca para ver sua mãe falar com ela.

Meus braços envolviam minha filha, fiz o máximo de força para apertá-la em meus braços, mas não consegui mover um músculo.

Percebi que estava com os olhos fechados, no entanto não conseguia mover nada do meu corpo. Comecei chorar desesperada mas ninguém podia me ajudar.

- Pegue os aparelhos rápido! ela está respondendo aos estímulos. - Escutei uma voz feminina ao  longe falar.

- Ei não precisa chorar, tenha calma.  Garanto que logo ficará com sua filha.

Tentei acordar inutilmente.

Percebi que perdi a noção de tempo, já não sei a ordens das coisas e sequer me lembro de nada.

Direto vejo como se estivesse num túnel e no final dele estivesse uma pequena luz verde.

Abri meus olhos aos poucos, meu corpo estava muito pesado, tentei me mover da cama, mas não consegui.

Estava com algo no meu nariz e vários aparelhos ao meu redor ligados a meu corpo. Já não me lembro de mais nada, tudo tão estranho e surreal.

A porta do quarto se abriu e uma mulher ruiva apareceu vestida de branco, touca hospitalar e jaleco. Tentei falar mas minha voz não saía.

Assim que me viu acordada parou seus passos ficando surpresa. Sem falar nada deu meia volta apressada.

Minutos depois ela volta com mais dois Homens vestidos da mesma forma. Pareciam médicos.

- Senhora Surya. Se consegue me ouvir, mova sua mão. - Estava olhado num ponto fixo quando escutei ele falar.

Tentei mover minha mão, mas não consegui, senti que apenas o dedo indicador respondeu aos meus comandos.

- Você está nos escutando. Bom! Vamos fazer um exames em você agora, mas precisamos da sua colaboração.

{...}

Passei vinte e três dias em coma, de acordo com o médico um dos disparos  atingiu uma artéria femoral da perna esquerda que me fez entrar em coma induzido após perder muito sangue.

Quando meu pai falou que eu já estava há quase um mês no lá, não acreditei. Foi muito difícil.

Inicialmente, me  comuniquei com os médicos por meio de um papel sulfite, montando palavras com a ajuda das pessoas. Não lembrava de nada quando acordei, apenas da criança que esperava.

Minha mãe explicou que meu primeiro sinal de vida foi após Hande ser colocada em contato comigo.

Me recuperei completamente em 20 dias, voltando para casa sem sequelas.

A última lembrança que guardei antes do ocorrido é da invasão de Metin a casa e os acontecimentos sucedentes.

A enfermeira relatou que ao tirararem meus remédios, cheguei a abrir os olhos, mas ‘não estava lá'. Recebi todos os estímulos, dentro da conduta médica, mas não respondi a nada. Estava apática, no chamado "estado de torpor".

{...}


Cheguei na casa dos meus pais e fui diretamente para o quarto da minha filha.

A vi somente por fotos. O médico não permitiu sua visita pelos riscos que uma criança tem no ambiente hospitalar.

Chorei ao ver minha Hande deitada no berço a dormir feito um anjo.

Passei meus dedos em seu rostinho e sentei ao lado do  berço babando

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Passei meus dedos em seu rostinho e sentei ao lado do  berço babando.

- Vamos comer filha. Você está aí já tem horas. Chamou-me mamãe me tirando dos pensamentos.

Levantei e fui. Comi muito pouco, emagreci muito em coma e ainda tenho pouco apetite.

- Papai, onde está Osman e os outros homens? - Perguntei pois já vinha martelando isso.

Meus pais esconderam este tempo todo de mim o que aconteceu depois. Aceitei porque realmente eu teria que ficar na minha recuperação.

Agora vejo que preciso saber a verdade. Sinto meu peito doer só de imaginar que algo de ruim tenha acontecido com Osman.

- Filha não é uma boa hora. Pense somente na sua filha e deixe isso de lado. - pediu papai tocando minha mão por cima da mesa.

Aceitei porque me doía pensar no pior. Preferi evitar por enquanto.

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Não esqueçam da estrelinha.

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