Era Osman e Kamal. Entraram e sentaram para conversar. Meu coração estava quase saltando pela boca, se descobrirem minha presença aqui tudo que andei planejando vai por água abaixo.
- É uma família, eu não posso simplesmente chegar lá e matar sem pensar nas vidas. - Osman falou nervoso.
- Ele que escolheu isso. Sabia das consequências. - Kamal explicou, parecia conter a ira de um dragão.
- Não sei, continuo achando que será melhor exucutá-lo sem envolver os familiares.- Fiquei sem ar ao escutar estas palavras da boca de Osman. Ele vai matar uma pessoa, abrigo uma cobra embaixo dos lençóis toda noite.
- É a lei da ação e reação. Todos de Mardin conhecem muito bem. - Kamal insistia.
- Não pai, vamos a procura dele, somente ele.
- Mas Osman...
- NÃO! Já está decidido! - Osman gritou furioso e saiu batendo a porta furioso.
Me encolhi mais ainda, como eu pude sentir desejo por um homem que mata pessoas, que tem coragem de se casar com uma menina de 12 anos. Pior foi que ele nunca me escondeu o monstro que é, eu que estou sendo idiota.
Escutei Kamal sair da sala, esperei uns segundos e saí detrás da cortina. Coloquei minha cabeça na janela e tive uma idéia. Enrolei o livro num monte de papel que estava no lixo e passei durex.
Assim que terminei mirei o livro para cair numa moita onde ninguém poderia ver. Passei uns segundos mirando até que tomei coragem e joguei.
- Ai.- Escutei um gritinho feminino e só assim percebi a merda que fiz.
Não tinha vista que perto da moita havia uma mulher fazendo a poda de algumas flores. Agora estava com o corpo estirado na grama.
Imediatamente saí do escritório de fininho e corri até o jardim rezando para que ninguém tenha encontrado ela antes de mim.
Por sorte ou azar ela ainda estava lá imóvel desmaiada.
- Vou fazer uma coisinha primeiro. - Falei para a mulher apagada.
Peguei o livro e subi as pressas para o quarto olhando a volta para ver se alguém me via. Guardei debaixo da cama, lugar menos provável que Osman ache.
Desci novamente até a mulher e lá estava um monte de gente a volta tentando saber o que aconteceu.
- Tragam ela para o sofá. - Ordenei aos seguranças fazendo cara de quem estava espantada.
Levaram ela ainda desacordada, pedi para Ipek fazer um chá. Azime logou chegou atormentando minha paciência, perguntando o que uma empregada fazia no sofá, no entanto, quando viu a pobre mulher estirada ficou assustada, saiu e voltou com um aparelho de aferir pressão.
Aos poucos a moça começou abrir os olhos, quando percebeu onde estava tentou levantar, mas a impedi.
- Encontramos a senhora desmaiada no jardim, provavelmente foi a pressão que caiu.
- Não, vou um... Um negócio branco que bateu em minha cabeça. - Falou tentando explicar. Fiquei feliz por ela não saber que era um livro.
- Vocês encontraram algo junto a ela? - Perguntei tentando fazer a versão dela cair por terra.
- Não senhora, não havia nada, nem pedra. - um dos seguranças respondeu.
- Mas não importa, quero apenas sua recuperação. Vá para casa, vou te dar mais um dia de folga. - Falei acariciando o rosto da pobre senhora que quase mato.
VOCÊ ESTÁ LENDO
ATA-ME
RandomUm romance mesclado ao realismo. Nessa história você vai sonhar com pés fincados no chão. Surya é uma jovem que quando pequena foi vendida pelo pai a uma rica família de Istambul, sendo criada com todo conforto pelos pais adotivos. Quando seu pai...