19

1.4K 176 6
                                    


A princesa voltou para o castelo mantendo o rosto sempre abaixado e o jovem a seguiu, levando o cavalo.

O cavalo alazão pertencia a Daren, contou o menino que trabalhava para ele... Se abrisse a boca, Deidra estaria com muitos problemas.

Ela parou na entrada da floresta, a passagem secreta da torre estava bem na sua frente, mas o garoto parou ao seu lado. "Maldição!"

— Tudo bem, você pode ir agora. — Ela queria recompensá-lo, ele merecia, mas não podia fazê-lo. Pelo menos não naquele momento. Talvez mais tarde encontrasse alguém que levasse um presente ao garoto. Não podia ser difícil achar um menino trabalhando para o Sem Coração. Não devia haver muitos.

Quem sabe não convencesse o próprio Sem Coração a fazer isso? Seria uma ótima forma de começar a se redimir.

O menino continuou parado, encabulado e olhando para os próprios pés. Deidra só conseguia captar um vislumbre do cabelo castanho escuro dele.

— Eu preciso levar os cavalos de volta, senhora — ele murmurou.

Deidra apertou as rédeas de Meia Noite possessivamente. Não, o garoto não ia levá-lo, ele era seu escudo, o escudo protetor de olhos curiosos e, além do mais, Daren estava em cima dele.

— Você pode levar o alazão.

— Mas...

— Apenas vá. Alguém levará o cavalo para os estábulos depois, prometo. Não vou roubar o cavalo com o príncipe em cima.

Embora fosse mentira.

Mais ou menos.

Ela percebeu que o garoto hesitou, mas ele não tinha autoridade para nada, por isso, pacientemente, saiu puxando o cavalo alazão que mancava, tomando a direção do estábulo e a deixando por conta própria, o que era bom e ao mesmo tempo não era. Pensou no que faria agora com um príncipe desacordado e ferido e um cavalo. Não podia esconder os dois em seu quarto.

Ela suspirou, acariciando o focinho macio de Meia Noite quando ele o encostou em seus cabelos. Se tivesse um pouquinho só de juízo na cabeça, teria deixado o menino levar Daren e Meia Noite, pouparia muito esforço, mas e depois quando ele acordasse? Não, ela precisava garantir que quando o Sem Coração acordasse, ela estaria ao seu lado e o impediria de contar sobre o poço, o unicórnio e o cavalo branco.

Ela o levou para a passagem na torre, dando graças pelo fato de que tirá-lo da sela fora bem mais fácil do que colocá-lo nela.

A felicidade não durou muito, pois em seguida veio a longa escadaria até seu quarto, que Deidra venceu suando em bicas e sentindo que seus braços se partiriam ao meio com o esforço de levar o corpo masculino para cima. Por fim, ela conseguiu e lá estava o príncipe, acomodado no quarto dela.

Na cama dela.

Quando Deidra vislumbrou o resultado final de seus esforços, achou que, na verdade, tinha se metido em um problema maior ainda.

Sem CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora