Ainda observava atentamente os movimentos de Was, que evidentemente não percebera que eu o olhava de longe, por vezes, mergulhava e voltava para a superfície passando os dedos pelo cabelo molhado. A mistura da umidade com a luz do sol, fazia com que seu cabelo brilhasse e me encantasse. Seu jeito era tão diferente do qual eu estava acostumado a ver em outros homens, era másculo e imprevisível, daria tudo para saber o que pensavas de mim. Talvez não se importasse comigo e estivesse focado em seu livro, ou teria se interessado, nem que fosse um pouco, gostaria que acontecesse.
Meu pai havia trazido a mala dele para o meu quarto, tão chique; será que ele é uma celebridade russa e eu não sei? Pensei em voz alta enquanto observava o objeto ao lado da porta. Voltei rapidamente meu olhar para o homem quando ouvi um barulho semelhante a uma explosão aquática, queria entender o motivo dele precisar fazer tanto barulho para aproveitar a piscina, não tinha necessidade de incomodar as pessoas com seus efeitos sonoros irritantes. Aquele homem iria me tirar do sério por um tempo do qual eu desconhecia, o que seria de mim se continuasse vivendo junto? Talvez nem viveria mais em paz. Ridículo, tão bonito, mas ao mesmo tempo tão prepotente e sem educação. Iria me cansar de tê-lo perto mais rápido que o esperado, apenas almejava ouvir a explicação da senhora Camila.
Ficar somente observando Was nadar pela janela do meu quarto não era o suficiente, eu precisava estar junto, não por sua causa, mas pela água que devia estar refrescante. Retirei minha camisa jogando-a sobre a cama e caminhei apressadamente na direção da piscina, ao firmar meus pés na beira, permaneci olhando intrigado para Was que nadava em minha direção. Repentinamente senti sua mão bruta puxar meu calcanhar, fazendo com que eu me desequilibrasse e caísse dentro da piscina. Havia afundado como uma pedra, mas logo nadei de volta para a superfície tirando com as mãos o cabelo e a água que habitavam em meu pálido rosto. Ao conseguir enxergar de forma nítida, olhei para Was que ria de mim disfarçadamente, estava furioso com sua atitude e joguei uma grande quantidade de água em seu rosto.- Quantos anos você tem? Treze?
Was se recuperava do jato de água que havia agredido seu rosto quando perguntei.
- Tenho vinte e três, e você?
Aparentemente não havia entendido minha intenção com aquela pergunta aleatória.
- Dezoito. - cocei sutilmente a bochecha.
- Uau, você é tão jovem.
- Você também é.
- Sim, porém, temos cinco anos de diferença na idade.
- Isso importa?
- Talvez.
- Por quê? Existe idade para a amizade?
- Lógico que não.
- Então por que está se ligando nisso?
- Só disse, não estou criticando sua idade.
- Eu entendi, não precisa se explicar.
- Posso te fazer uma pergunta?
- Não. - suspirei fechando os olhos e mergulhei profundamente na água.
- Por favor. - insistiu ele após eu ter voltado à minha antiga posição.
- Fale.
Voltei a suspirar enquanto penteava meu cabelo para trás com os dedos.
- Por que está agindo assim?
- Não entendi.
- Sua mãe me disse que você é um menino comunicativo e brincalhão, mas no momento tem se mostrado tão calado e sério.
- Serei assim por mais um tempo, acostume-se.
Caminhei com dificuldade por conta da água, indo na direção da escada, logo saindo da piscina.
- Já vai?
Was me olhava sair antes de estarmos olhando fixo nos olhos um do outro.
- Sim, me cansei.Virei na direção contrária da dele e caminhei com passos lentos para dentro da casa enquanto ouvia Was mergulhando na água, soltei um sorriso tímido e então decidi mudar minha rota. Minha mãe estava a passar um pano úmido na mesa com a ajuda de Rosa, nossa empregada. A surpreendi com um abraço por trás, fechou-se os olhos e sorriu junto a mim. Logo o almoço estaria pronto e eu voltaria a me encontrar com Was, por mais que algo em mim contrariava, eu queria me ver livre dele, era deveras complicado lidar com tudo aquilo.
Após passar um tempo encarando a mesa com o olhar perdido em meus pensamentos, soltei minha mãe do abraço, claramente ela havia ficado imóvel para aproveitar minha atenção, já que não a recebia com tanta frequência quanto antes. Beijei a testa alheia e continuei a andar até chegar em meu quarto, entrei no cômodo e logo tratei de retirar a bermuda junto da cueca box do meu corpo, deixando-os ali mesmo no chão. Estava nu e molhado procurando meus chinelos pelo imenso local até lembrar que havia deixado perto da cama, então claramente estariam embaixo dela.
Me abaixei na frente do objeto e fiquei em uma posição comprometedora, para assim, conseguir olhar o espaço vago debaixo do lugar onde dormia. Olhava fixamente quando ouvi o barulho da porta se abrindo, falhei um instante com a respiração temendo o que poderia significar aquele som e fui virando a cabeça para trás lentamente me deparando com Was, que me olhava sem reação.- Eu... hum... desculpe-me ter entrado desse jeito em seu quarto, ia chamá-lo quando o vi dessa maneira, mas não quis assustá-lo. - Was trocava olhares comigo da mesma forma de antes.
- Eu não sei o que faço agora, se ficar assim, continuará vendo minhas nádegas, mas se virar-me, verá meu pênis e eu não iria me sentir confortável com isso.
Tinha esperança dele compreender o porquê de ainda não ter escondido meu corpo.
- Fique tranquilo, está tudo bem, eu saio e volto mais tarde. - ainda observava meu corpo sem trocar a feição abobada.
- Teria como você... olhar para outro lado? Está me constrangendo...
- Por que eu estaria te constrangendo? Não vejo nada além da luz do sol que atravessa a janela.
Was levou seu olhar à janela e forçou uma feição inocente, obviamente querendo disfarçar, como se não tivesse me visto pelado em uma posição um tanto quanto peculiar para um homem.
- Obrigado por isso. - me levantava devagar.
- Pelo o quê?
Obviamente havia percebido meus movimentos e então firmou seu olhar na janela, tal qual clareava ainda mais seus belos olhos verdes.
- Por fingir que não me viu daquele jeito... eu com certeza iria me sentir desconfortável ao seu lado...
- Não precisa agradecer, errei em entrar sem avisar, mas agora por favor, vá logo até o banheiro, estou ficando tentado.Was parecia realmente estar se esforçando para não me olhar e esquecer o que havia acontecido, atitude admirável de sua parte, cheguei até a sorrir um pouco. Antes que fosse tarde, corri até o banheiro e tranquei a porta me assegurando que aquele incidente não ocorresse novamente. Como pude ser tão distraído assim? Esquecia que iria dividir meu quarto com outra pessoa, mas e quanto a minha privacidade? E meu costume de estar nu e solitário? Tudo estava perdido e a culpa era dele.
Me sentei no vaso sanitário com o pênis ereto, olhei para ele e suspirei chateado por ter me excitado com a primeira vez estando completamente nu na frente de um homem desconhecido. Permaneci olhando meu órgão e ele olhando para mim, até que o segurei e decidi saciar aquela tamanha vontade de fazer algo indecente. Minha vizinha estava longe e não teria como me comunicar com ela, por esse motivo, soube que dependia somente de mim. Ainda segurando meu pênis, comecei a me estimular devagar enquanto controlava meus gemidos para não saírem altos. Was evidentemente ainda estaria dentro do quarto e eu não ousaria provocá-lo daquela forma, mesmo sendo óbvio o interesse dele por mulheres.
Enquanto movimentava minha mão, fechava os olhos devagar vendo Was sorrindo na minha frente, ao abrir novamente, procurei por ele mas não o achei, o que significava que ele estava presente em meu pensamento, não no cômodo. A imagem dele sorrindo não saía da minha mente, aquilo estava a me agoniar, como eu poderia ainda estar duro sendo que pensava em um homem? Aquilo era realmente novo para mim. Após me aliviar, tomei um banho relaxante e saí do banheiro com a toalha enrolada no corpo; Was estava sentado no chão mexendo em suas coxas úmidas, eram tão grossas e aparentemente duras que me deixavam, por um tempo, inconsciente. Minha boca estava pouco entreaberta e ele nem ao menos sabia, talvez estivesse concentrado demais no que fazia para perceber que eu fitava maliciosamente seu corpo. Era perigoso continuar com aquilo, por esse motivo, fingi uma crise de tosse fazendo com que a atenção alheia se direcionasse a mim. Ao me ver novamente no quarto, sorriu se levantando e pondo sua cueca sobre cama que meus pais haviam posto para ele dormir. Antes usava uma calça social apertada, mas já se encontrava sem ela quando entrou na piscina. Estava nu diante de mim como se isso não importasse, o olhava com os olhos arregalados, queria ser discreto, mas simplesmente não conseguia desviar meu olhar daquele corpo robusto e sarado.
Após ajeitar algumas coisas na mala e pegar peças de roupas junto de uma toalha felpuda, me olhou, e ao ver que o admirava, sorriu com simpatia fazendo com que eu piscasse incontáveis vezes por segundo. Não entendia porque ele sempre sorria quando me olhava, mas como em todas as vezes, ignorei me virando de costas para ir até meu guarda-roupa; separei uma roupa para vestir enquanto o outro se trancava no banheiro. Aquele homem era um enigma para mim, nunca conseguia adivinhar o que estava pensando. O sorriso que carregava em seus lábios podiam esconder vários tipos de pensamentos, não ousaria questionar.
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Blue! - A Dimensão Dos Seus Olhos.
RomanceAgno é um jovem reservado de 18 anos, que mesmo sendo hétero, encontra o amor em um homem saudável e atlético no auge dos seus 23 anos de idade, que no caso, também é hétero. Os amigos o acompanham na sua auto descoberta e tentam o ajudar, mas o gar...