Deixe-me provar também?

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Nós três, em silêncio firmando a atenção em locais diferentes, mas Was decidiu então alisar as costas da minha mão com o polegar. O olhei confuso percebendo então que seus olhos já estavam em mim há muito tempo. Ficamos a nos encarar e a olhar nos olhos um do outro sem dizer uma palavra se quer. Já era costume permanecermos em contato visual, sempre que tínhamos chance, nos encarávamos sem desviar o olhar. Giúlia observava tudo de perto e parecia não gostar, em um momento então chamou por Was e pediu que segurasse sua mão. Olhei para a moça sem entender qual seria a necessidade do pedido feito, era ruim pensar que ela poderia sentir inveja de mim e dos instantes em que ficávamos próximos.
Was suspirou baixo e largou minha mão para segurar a dela; sorria para o outro que nem ao menos encarava seu rosto. Implorar por atenção era algo triste, e também o que ela estava a fazer, senti pena, pelo menos ali.
Alisava meu braço devagar, estava cabisbaixo, Was demonstrava ser deveras cavalheiro e gentil com as mulheres, talvez por este motivo mudava a forma como me tratava. Como se revezasse a maneira que me enxergava; uma hora um garoto desprezível que não merecia sua atenção, na outra, uma garota sensível e indefesa que necessitava de seus cuidados. Mas ainda tinha o fato de eu ser um menino, nada além. Deixaria para tratar com devoção somente as mulheres, desencane de me achar assim. Richard por muitas vezes me tratou dessa forma e não gostei, que me tratasse como era tratado, estava prestes a deixar de ser apenas o menino e virar um homem formado.
Não ousava olhar para os dois sentados ao lado de meus pés, seria pior, e piorar não estava nos meus planos. Ouvi o barulho de alguém andando com os pés na água, já estava próximo. Olhei para o lado, Richard vinha até mim com um sorriso encantador nos lábios, era tão agradável. Retribuí o sorriso assim que o vi.

- Sumido! Você está aqui!
Richard já estava diante de mim com o sorriso se oferecendo ao meu.
- Se me vê aqui, então não estou sumido. - rimos enquanto o outro me puxava para um abraço.
- Por onde esteve todo esse tempo?
Retribuí o abraço caindo levemente com o olhar ao ouvi-lo.
- Em minha casa... - saímos do abraço.
- Jura? Eu e os meninos chamávamos, mas você nunca aparecia.
- Devia estar ocupado...
- Todas as vezes?
- Richard, podemos mudar o assunto?
- Sim, claro. Eu estava mesmo querendo lhe perguntar algo...
- O quê?
- Bem...
- Was, agora que lembrei, sabe onde deixei minha calcinha?
Giúlia interrompeu Richard fazendo com que um silêncio marcasse presença, mas logo Was o quebrou.
- Não, onde?
- Também não sei, esperava que você soubesse.
- Por que ele saberia? - me intrometi no assunto.
- Agno, fique na sua. - olhei para Was que me repreendia.
- Dê palpites quando estiver perguntando a ti. - levei meu olhar até Giúlia. - Pode me responder?
- Dormimos juntos na noite passada, mas minha calcinha preferida sumiu. Estava usando quando me deitei com ele.
- Você não tem vergonha?
Virei-me na direção dos dois, que se levantavam devagar.
- Por que teria vergonha?
Giúlia estava de frente para mim quando cruzou os braços me olhando com marra.
- Não acha que está nova demais para se deitar com um homem desse? - ia me alterando aos poucos.
- Agno! - Was voltou a me repreender.
- E você, Was! Não acha que está velhinho demais para se deitar com uma adolescente? Ela tem idade para ser sua sobrinha!
- Mas não é!
- Vocês deviam ter vergonha!
- Tenha vergonha você que não consegue ninguém e por isso critica quem tem.
No momento em que ia para cima de Giúlia, Richard segurou meus braços.
- Agno, fique calmo! - disse Richard tentando me puxar para trás.
- Se fosse pelo menos um garoto era até aceitável, mas ela é apenas uma garota miúda e mais!
- Não se intrometa, Agno! Não te dei liberdade para criticar o que faço ou deixo de fazer! Vou continuar dormindo com ela enquanto tiver chances e não serão suas opiniões que mudarão isso!
- Seu podre!
Consegui me livrar das fortes mãos de Richard e me aproximei furiosamente de Was distribuindo socos em seu peitoral enquanto meus amigos chegavam para me puxar.
- Agno, acalme-se! Não o agrida assim! - ordenou Luna se aproximando de nós.
- Não quero mais dormir no mesmo quarto que você! Suma da minha vida! - gritei enquanto era arrastado para longe.
- Terá que me aturar, sua mãe disse que tínhamos que dividir o quarto!
- Tudo bem, Agno. Era justamente algo referente a isso que ia lhe perguntar. Quer passar a noite na minha casa? Faz um tempo que não ficamos juntos e que não me visita. - disse Richard olhando para mim.
- Aceito sim, não suportaria entrar em meu quarto e olhar para ele.
- Ótimo, é bom ver que está se acalmando.

Blue! - A Dimensão Dos Seus Olhos.Onde histórias criam vida. Descubra agora