A tarde passou-se rápido na companhia de María, nos divertimos no tempo em que ficamos juntos, e para ser sincero, já não sabia onde meus amigos estavam e nem me preocupava com isso. Ao anoitecer, segurei a mão da garota que me acompanhava e voltei para casa com passos lentos, minha vizinha estava a todo momento ao meu lado, realmente não tinha noção de quantas saudades senti.
Enquanto caminhávamos pela escura trilha, conversávamos sobre como as coisas poderiam mudar para ambos, meus planos futuros envolvia Was, já os dela, uma criança. Estava a sentir muita compaixão, a situação alheia não estava nada fácil, mas passaríamos e enfrentaríamos os problemas juntos, era um amigo do qual podia contar, estaria ali.
Deixei Maria em sua casa e fui até a minha, tomei um necessitado banho e me joguei na cama, estava exausto, além de mim, só Deus sabia o quanto. Meu corpo estava estirado na cama quando minha mãe entrou no quarto, a olhei sorrindo de orelha a orelha e corri até ela a envolvendo em um abraço carregado de saudades, o jeito que me retribuía era diferente do normal, mas talvez fosse apenas uma forma que encontrou de demonstrar o quanto sentiu minha falta.
Saímos do abraço e então finalmente pude ver outra vez o rosto da mulher mais importante da minha vida, a que mais amava e que seria capaz de matar e morrer por mim, era uma total certeza. Apesar de em meu rosto o sorriso largo ainda estar visível, a maneira como me olhava me fez desmanchá-lo aos poucos, sua feição me deu um certo medo, mas ao perguntar o que havia de errado, Camila me mandou ir dormir e saiu do quarto. Observei a mais velha fechar a porta como quem não estivesse entendendo bulhufas e nem o que significava tudo aquilo, parecia mais um ritual do que o reencontro de uma mãe com seu filho único e primogênito. Suspirei baixo voltando para a cama e me joguei novamente no objeto sem problema algum para dormir, pois em alguns minutos já estava sonhando; o cansaço realmente tinha forças sobre mim e me vencia constantemente.
Finalmente havia amanhecido, na noite passada marquei de sair com María, mas antes de me chamar, a garota convidaria meus dois melhores amigos para irem junto.
Já arrumado, desci as escadas, meus pais estavam almoçando em volta da mesa e então ficamos a nos encarar em silêncio, não estava conseguindo entender o porquê deles estarem almoçando tão cedo.- Filho, ainda bem que acordou, tenho uma notícia a dar. - disse Camila após suspirar aliviada por não ter que ir até o meu quarto.
- Diga.
- A mãe de Joaquim ligou e disse que ele foi morar na França.
- Quê? França? Por quê? - franzi o cenho.
- Queria te esquecer e a casa que morava ainda tinha seu cheiro, então foi embora do país.
Evitei demonstrar que a tal informação havia me afetado.
- Bom para ele.
- Por que nos olha desse jeito? - perguntou meu pai.
- Nunca os vi almoçando tão cedo.
- Cedo?
- Sim, esperava que estivessem tomando café.
- Agno, meu filho, você enlouqueceu?
Com a deixa de minha mãe, sorri e me aproximei da mesa.
- Por que teria enlouquecido?
- Desde quando meio dia é tarde?
- Quê? Meio dia?
- Sim, queridinho. - meus pais riram.
- Estou tão enganado, devíamos ter tido essa conversa mais ou menos nove da manhã... acho que meu cansaço estava além do imaginado.
- Se eu fosse você, deixava esse papo furado de lado e ia até seus amigos que o esperam no quintal.
- María não me chamou ainda.
- Ficou boa parte da manhã chamando, mas ao perceber que ainda não havia acordado, os atendi e pedi que entrassem, mas decidiram confiar na sua pontualidade.
- Se foderam.
Pus a mão na boca para cobrir o riso assim que percebi a feição de surpresa dos meus pais.
- Vá logo antes que te ponhamos de castigo!Voltei a rir com a ordem do meu pai e saí da casa, estavam todos os três montados em suas bicicletas, montei na minha e me aproximei fingindo não ouvir as reclamações. Fomos juntos até a praça, era distante e o caminho complicado, mas nada que um bom assunto para por em dia não resolvesse. Marcamos aquele passeio com um intuito, María falaria sobre sua suposta gravidez para os dois garotos que nos acompanharam na maior inocência, provando que tudo o que aconteceu não foi planejado e nem proposital. Um alívio, para nós dois, mas ainda tínhamos que resolver algumas situações embaraçosas, como por exemplo o coito com ambos em tão pouco tempo, como María explicaria o duplo envolvimento? Seria tão difícil.
Ao chegarmos, fomos até uma sorveteria e compramos sorvete; o meu de morango, para contrariar o sabor chocolate que os outros haviam escolhido, eu sempre era o do contra. Os acompanhei até o banco da praça que sempre escolhíamos para sentar, e mais uma vez para contrariar, não me sentei no objeto como fizeram todos, mas permaneci sobre a bicicleta.
Ficamos um tempo a jogar conversa fora, porém, em alguns momentos pude sentir o desconforto de María quando ouvia os garotos comentarem sobre uma certa terceira pessoa em suas vidas.
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Blue! - A Dimensão Dos Seus Olhos.
RomanceAgno é um jovem reservado de 18 anos, que mesmo sendo hétero, encontra o amor em um homem saudável e atlético no auge dos seus 23 anos de idade, que no caso, também é hétero. Os amigos o acompanham na sua auto descoberta e tentam o ajudar, mas o gar...