6.

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Love is the law, love under will. Aleister Crowley.

6.

Quando acordei o quarto estava escuro, havia alguma luz fraca vindo de trás das cortinas, deveria ser do entardecer. Olhei pela janela e eu estava em um prédio, mas não reconheci exatamente a rua. Escutei uma conversa fraca vindo de longe. Resolvi tatear a parede silenciosamente até encontrar a porta. Encontrei-a e a abri lentamente para ouvir melhor, o som ficou bem mais nítido.

— Ela sabe muito. Eu não sei não...

Pude reconhecer a voz sedutora e deliciosa do Enviado.

— Você "não sabe não" o quê? — perguntou uma outra voz masculina ríspida e mais forte.

— Não sei qual é a melhor maneira de agirmos — o Enviado respondeu.

— Como assim não sabe? No que está pensando?

— Estou pensando — e o Enviado pausou — se não deveríamos contar para ela.

O outro homem pareceu ficar nervoso.

— Você está louco? Contar a ela? O que ganhamos com isso?

— Não contar tudo, só uma parte da história.

— De jeito nenhum — o outro homem afirmou.

Dava para perceber pela voz que estava irritado.

— Mas só estaríamos confirmando a suspeita da Valentina. Ela já desconfia da égua — o Enviado contou.

— Eu sei disso, mas ela não tem certeza de nada e está confusa. Ela não precisa de informações, o que ela precisa é ficar mais perdida — o homem, dono da voz seca, insistiu.

— O que pensa em fazer?

— Temos que adicionar algo ao nosso plano.

— Mas o que tem em mente? — O Enviado quis saber.

— Você não consegue imaginar? — o dono da outra voz perguntou maliciosamente.

— Ah! — o Enviado falou.

Pude ouvir um silêncio. Assustador. Teriam me descoberto? Felizmente poucos segundos depois o Enviado voltou a falar:

— Eu vou tentar convencê-la antes disso. Vamos manter o plano original.

Então, coloquei mais peso do que queria em uma perna e meu quadril moveu a porta, fazendo barulho. Não escutei mais nenhum som e então pude ouvir passos em minha direção, fechei a porta em silêncio, corri para a cama, deitei e fechei os olhos.

A porta se abriu e as luzes acenderam. Eu abri os olhos, olhei para o Enviado ao lado da porta, ainda deitada.

— Isso é jeito de se desculpar? — disse sorrindo, esforçando-me para parecer natural. — Me trazer desacordada para sua casa e me prender em seu quarto? — questionei irônica.

O Enviado deu risada.

— Você está presa? Cadê as amarras?

— Não brinque comigo. Eu preciso ir embora daqui.

Antes que eu pudesse levantar da cama, o Enviado estava ao meu lado, colocando suas mãos quentes em meu rosto, em meu colo, em minhas pernas e minha visão ficou turva, eu podia desmaiar novamente, mas de prazer. Aquelas mãos quentes em mim, por toda parte, era incrível. Eu ouvia o Enviado rindo baixinho. Acho que estava feliz. Abri os olhos, queria ver seu sorriso. Por alguns segundos ele parou de mover suas mãos e me olhou. Eu o encarei, afinal era difícil resistir, mas me dei conta do risco que corria e aproveitei aquele momento para me levantar e me colocar de pé ao lado da cama, longe do alcance das mãos sedutoras do Enviado. Eu temia ser definitivamente sucumbida por ele, pois eu sabia que não tinha forças para resistir.

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