Pacto Secreto

30.

Nothing is more honorable than a grateful heart. Socrates.

30.

Parecia que uma eternidade tinha transcorrido, mas não tinha passado nem dois meses da última vez que tive Caim comigo. Parecia que tinha sido em outra vida que eu estive com ele. Eu tinha sofrido demais, quase a ponto de me perder no abismo que mergulhei para encontrar forças e me transcender. Eu não via a hora de encontrá-lo, ainda assim algo dentro de mim havia mudado para sempre e eu temia que não pudesse mais ser feliz como antes. No entanto, foi o contrário disso...

Assim que eu escutei o barulho da porta e vi Caim entrando no quarto, meu coração acelerou forte. Por ter sofrido muito, eu valorizava ainda mais a vida. Eu voei para os braços de Caim e o abracei forte. Chorei emocionada. Tudo era um presente.

— Eu te amo, Diana — ele disse no meu ouvido.

— Eu também te amo, Caim — declarei sem soltá-lo.

— Eu tenho tanto para te explicar — ele falou preocupado. — Você deve ter tantas perguntas — comentou acariciando meus cabelos.

— Eu conversei muito com meu pai e ele me explicou tudo — disse sorrindo.

— Com seu pai? — Ele pareceu surpreso. — Ele apareceu para você?

Assenti.

— Como ele está? — ele perguntou.

— Está muito bem. Está na morada dos deuses. Eu já sei que ele foi Amon. Ele também me contou sobre o Nosce te ipsum e que eu fui bem-sucedida. Sim — sorri novamente para ele, cujos olhos ainda se perguntavam se eu sabia de tudo —, eu sei que sou quem vocês aguardam, Electus.

— Você entende? — ele perguntou segurando meu queixo com sua mão. — Eu não podia interferir. Seria cruel para você, pois Mantus dificultaria ainda mais a prova apenas para garantir que você não foi beneficiada. Eu consegui saber como você estava se sentindo, eu senti junto sua dor, pois te amo, e... — ele olhou para o chão — eu quase não aguentei.

Vi que uma lágrima escorria no rosto de Caim, apesar de tentar escondê-la, eu sorri e a enxuguei.

— Tudo passou. Eu não quero mais pensar no que passei... Eu quero apenas ficar com você. — Segurei o rosto de Caim e o beijei.

Nós nos abraçamos mais uma vez por muito tempo. Era maravilhoso senti-lo me abraçando forte. Eu não queria deixá-lo. Tinha sido demais para nós dois.

— Diana, eu quero passar a noite com você. Vamos para minha casa? — ele perguntou me sem soltar seus braços.

— Eu vou adorar — respondi feliz, parecia um sonho.

Caim e eu deixamos o casarão, finalmente ficaríamos juntos. Nada no mundo era mais importante que isso.

Foi maravilhoso ficar com Caim. Foi sagrado. Nunca valorizei tanto cada carinho, cada suspiro, cada instante. Caim exausto se virou para o lado e dormiu rápido. Ele era um anjo para mim. Eu fiquei o admirando. Eu nunca valorizei tanto o momento, como eu fazia agora. A existência era um presente. Todos os dias eu tinha chance de encontrar a felicidade.

Ri de mim mesma quando me lembrei que o achava sinistro. Eu era mesmo boba e ingênua naquela época. Ele era um anjo. Eu percebia que o jeito que eu via o mundo tinha mudado. Eu tinha varrido todos os cantos da minha alma e não sei se tinha sobrado algum lugar escuro dentro de mim que eu ainda não tinha confrontado. Era duro assumir para mim mesma, mas o Nosce te ipsum, tinha sido forte demais para mim, eu o superei, mas se a transformação já tinha mexido comigo, o Nosce te ipsum não tinha deixado pedra sobre pedra. Por tudo que eu vivi, eu era a cada instante mais agradecida. Entendia como nunca a importância de ser intensa, feliz e verdadeira em cada minuto da minha existência. A vida era um presente mesmo.