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A man's character is his fate. Heraclitus.

18.

Caim tinha me ligado para dar notícias que eu tinha que ir até a Ordem à noite e que eu poderia ser sorteada para ter que fazer ainda hoje a primeira prova da iniciação. Fiquei um pouco perplexa com a rapidez, mas ao mesmo tempo empolgada com a notícia. Eu estava muito curiosa para entender a Ordem.

Ainda bem que eu já tinha adiantado a desculpa de estudar em Harvard com minha mãe, depois foi só confirmar para ela que tinha um curso que começaria logo e que eu não poderia perder a chance. Minha mãe ficou feliz de ver que eu tinha retomado minha vida. Foi estranho sentir Sara aliviada com a minha ausência. De alguma forma, eu a sufocava e foi ruim perceber isso.

Fiz as malas pensativa. Eu não sabia o que encontraria nas provas, na Ordem, tinha resistido muito para fugir deles, por tudo isso, era estranho como agora eu participava de tudo aquilo empolgada, eu percebi que queria percorrer aquele caminho e queria Caim ao meu lado.

Os seguranças me levaram até o aeroporto. Depois que os despistei, corri para o casarão. Encontrei Caim no jardim me esperando. Ele abriu um sorriso lindo quando me viu chegar.

— Já estava com saudades — ele disse me abraçando forte.

— Eu também — comentei e percebi o quanto aquilo era verdade. — Posso entrar? — perguntei com um pouco de receio.

— Sim, logo mais começaremos — ele falou pegando a mala de minhas mão enquanto me dava sua outra mão para que eu segurasse. — O que disse na sua casa?

— Para todos os efeitos viajarei aos Estados Unidos para fazer um curso em Harvard.

— Entendi. — Ele pareceu chateado por eu ter que inventar desculpas.

— Eu não posso dizer a verdade. — Eu senti vontade de me explicar.

— Eu sei disso. — Ele sorriu para mim, colocando a mão em meu ombro.

— Caim, há algo que eu precise saber antes? — Eu estava preocupada.

— Não. Fique tranquila, você tem o que é preciso.

Entramos no casarão juntos. Caim me olhava e sorria a toda instante. Acho que me ver no casarão era um sonho antigo dele. Ele deixou minha mala no hall de entrada e me levou até a sala de número sete. Lá eu iria me juntar com outras seis pessoas, recentemente iniciadas. Antes de entrar na sala, Caim me abraçou e depois me deu um beijo longo.

— Agora começa seu voto de silêncio — ele disse me olhando sério. — Você não pode se comunicar com ninguém até que quebremos seu voto. Faça exatamente o que te disse. É muito importante.

Assenti com a cabeça e antes que entrasse na sala, Caim me puxou para um último beijo.

— Boa sorte. Confie em você e nos seus sentimentos. — Ele levantou meu queixo. — Eu confio. — Sorriu.

Entrei na sala e silêncio absoluto. Os líderes iniciados estavam mudos, nem me olharam direito. Durante aproximadamente quinze minutos, eu contemplei a beleza genuína dos líderes que se iniciariam comigo e a linda decoração da sala em que aguardávamos, também em estilo renascentista. Finalmente um membro da Ordem entrou em nossa sala e nos deu uma capa de seda vermelha para que vestíssemos, sem dizer uma só palavra.

Após vestirmos a capa de seda vermelha, seguimos em silêncio o membro da seita até o último andar do casarão. Eu me lembrei desse andar, do enorme espaço amplo de mármore que imaginei ser para algum ritual especial e não me enganara. Nesse local, todos os demais líderes iniciados faziam um círculo e no meio do círculo estava Caim que vestia, ao contrário de nós, um manto de seda preta. Nosso grupo ingressou na roda. Após alguns instantes, vieram muitos líderes com capa preta segurando velas em nossa direção. Eu via o fogo dançando na espiral que formava dentro do nosso círculo e que se acalmava a medida que cada membro satânico entregava sua vela a um iniciado e, sem absolutamente nada dizerem, perfuraram mais uma vez nossa roda e deixaram o grande salão de mármore.

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