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Whatever you do or dream you can do, begin it. Boldness has genius and power and magic in it. Johann Wolfgang Von Goethe.

11.

Vi que o Enviado entrou no prédio da Carla, provavelmente quis atualizá-la. Fiquei de tocaia esperando um bom tempo, mas agora não havia mais volta, eu tinha que ir até o fim. Segui-lo era a única opção. Ele seguiu em direção ao centro da cidade, parou o carro perto da Praça da Sé e seguiu a pé pelas ruas que não circulam os carros. Fui atrás. Após uma longa caminhada ele ingressou em uma rua, quase sem movimento, formada por antigos casarões. A rua era estreita e formada por paralelepípedos irregulares e só permitia o ingresso de pedestres.

O Enviado ingressou em uma bela mansão clássica bem antiga. Era tão enorme que sua grandiosidade fazia lembrar um templo. A enorme mansão ficava recuada, bem ao fundo do belo jardim que enfeitava a frente da casa. Apesar de bem antiga, a mansão não perdera sua imponência e beleza. Era de se notar a limpeza de suas paredes desbotadas, a perfeição e asseio do jardim e o excelente estado do piso de mármore e das grades pontiagudas.

Na enorme porta da casa, que instigava nossa mente a imaginar o tamanho do pé direito interior, brilhava um enorme símbolo dourado, que aparecia também na maçaneta daquela porta. Era o símbolo demoníaco: os três seis unidos em uma só esfera.

Tive uma vontade enorme de entrar, mas não podia ser descuidada. Após o Enviado, ninguém mais saiu ou entrou e os minutos pareciam demorar horas para passar. Resolvi continuar por ali um pouco mais, acompanhando o movimento do casarão. Do outro lado da rua, perpendicular à estreita rua de casarões, havia um belo Café com mesas na calçada e que permitiam uma visão longínqua, porém ampla da casa. É lá que vou montar guarda sem chamar a atenção, pensei.

Sento no Café e peço uma Coca-Cola. Ninguém mais entra ou sai do casarão. Aquilo era monótono. Resolvo pedir um café. Continuo observando a enorme mansão diabólica e finalmente algo acontece: há um intenso movimento de transeuntes na pacata e estreita rua de casarões e um a um ingressa no casarão e percebo que todos têm o cuidado de passar a mão direita ou a testa em uma espécie de detector.

— Mas o que tem naquele enorme casarão que todos entram lá? É um museu? Alguma exposição? — perguntei para o velho senhor de rosto largo e bondoso atrás do balcão, me esforçando para parecer natural.

— Não, é um centro de estudo. — O bom senhor sorri para mim.

— Do quê? — perguntei curiosa.

— Pelo que eu sei tem curso para tudo que é gosto. Outro dia, algumas alunas vieram aqui e comentaram sobre a aula de magia. Acredita?

— Sério? Nossa! Que diferente, né? — falei como se estivesse surpresa.

— Pois é, escuto umas conversas peculiares aqui no Café, que envolvem feitiço, manipulação, autocontrole...

— Interessante, né? O senhor sabe como eu consigo me matricular nesse lugar? Esse lugar parece meio fechado. Não sei se é só impressão minha...

O velho sorriu para mim, pareceu achar graça do meu interesse.

— Não, menina. Você acertou em cheio. Esse não é o tipo de curso que você se matricula e pronto. Pelo que entendi é bem exclusivo — ele disse essa última parte bem baixinho, como se fosse algo secreto.

— Que coisa esquisita, né? Todo mundo querendo expandir os negócios e esse pessoal não querendo crescer.

— Essas coisas de ocultismo são tudo coisa secreta, menina. — Ele arregalou os olhos e me encarou sério, como se quisesse me dissuadir a me envolver com aquilo.

Pacto SecretoOnde histórias criam vida. Descubra agora