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Without music, life would be a mistake. Friedrich Nietzsche.

16.

Eu sabia que as respostas às minhas perguntas não seriam fáceis de achar. No momento em que eu descobrisse o que eu estava fazendo ali, eu saberia tudo sobre a Ordem, ao menos, tudo que me interessava de verdade. Eles tinham que confiar em mim antes de me entregar o ouro. Estava quase abrindo a porta do salão e senti novamente uma mão quente sobre a seda molhada que me cobria. Olhei para trás e vi quem eu tinha imaginado antes. Sim era ele, o Mister Sinistro. Foi natural, eu o olhei e simplesmente sorri.

— Não vá ainda, Diana — ele disse com aquele olhar magnético que ele tinha.

— Estava justamente te procurando — menti descaradamente sem saber por que eu tinha feito aquilo.

— Você estava saindo — disse mostrando que não adiantava eu querer disfarçar.

— Acho que você me pegou — disse rindo e ele retribuiu o sorriso. — Qual o seu nome na Ordem? Já aprendi que não posso te chamar por seu nome verdadeiro.

— Caim.

— Bom, Caim, obrigada, a cerimônia foi ainda mais interessante do que eu tinha imaginado.

— Aprenderemos muito juntos — disse enquanto acariciou levemente meu rosto.

Eu não consegui falar nada. Era muito estranho, mas eu tinha gostado, além do que poderia querer, do movimento leve, macio e rápido demais de sua mão deliciosamente quente em meu rosto.

— Você está interessada? — ele perguntou.

Que pergunta era aquela? Interessada nele? Não podia ser o que eu imaginava... Será?

— Em aprender? — perguntei sem saber do que ele estava falando.

— É... — ele disse sedutoramente enquanto me despia com os olhos.

— Claro, é para isso que estou aqui.

— Você nem foi iniciada e já sabe para que veio. Sabe, muitos vêm para cá deslumbrados com a liberdade. Porém, são só poucos que percebem que estamos aqui para aprender, para evoluir. Valeu a luta para tê-la aqui.

— Obrigada. — A palavra luta havia sido um soco em meu estômago, pois relembrei de tudo o que passei e sofri e senti uma necessidade de ir embora dali. — Sabe, Caim, se você me der licença, eu — e o olhei nos olhos — estava mesmo de saída...

— Não tão rápido — disse pegando em minhas mãos e me olhando fixamente.

— Por quê?

— Sinceramente?

— Por favor, sinceridade, Caim. Vocês já me enganaram por tempo demais. Eu cansei.

Ele apertou minha mão fazendo uma certa pressão. Parecia que com aquele gesto ele mostrava que ele não gostou de me fazer sofrer.

— Diana, nós fizemos o que precisávamos para ter você aqui — ele disse pegando na minha outra mão. — Você agora é uma de nós.

— Sou? — Eu tinha resolvido ser sincera com ele, por algum motivo que nem eu entendia.

— É, claro que é. Você foi transformada. Não está se sentindo diferente?

— E o que significa ser transformada? Você vai me dizer? — Eu precisava que ele abrisse alguma coisa para mim.

— É claro que vou. Significa que sofreu duas mudanças. A primeira é interior e é a mais importante. Essa mudança permite que você saiba sempre o que quer de verdade. Travas sociais, travas preconceituosas, travas ligadas a experiências passadas, travas familiares, enfim, nenhum tipo de trava poderá agora impedi-la de ser quem você é, querer o que quer, e obter o que quer. — Ele tirou uma mecha de cabelo que estava perto da minha boca, era estranho como ele estava próximo de mim, quase íntimo, e aquilo parecia natural. — A segunda mudança é exterior. Sua beleza é aprimorada. Você, que já era linda, ficou assim. — Ele me olhou e sorriu. — E alguns outros detalhes que você perceberá com o tempo.

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