Maio de 2017

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1º de maio de 2017

(Santana)

"Eu te ligo quando chegar em LA" – Rachel disse arrumando a bagagem para voltar a Los Angeles – "E você me ligue quando chegar em casa."

"Não precisa dessa preocupação, Ray" – estava sentada na cama dela e de Quinn no outro modesto quarto reservado a nós na casa dos meus pais em Columbus. Minha irmã passou o dia inteiro me dando colo junto com a minha mãe. Até Beth deu uma de babá, apesar de ela não ter entendido muito bem o que se passava. Sei que minha família se comoveu com a minha situação e agradeço a preocupação de todos, mas é uma droga ser motivo de pena.

Rachel se preparava para partir, o que era uma droga. Significava que teria de ficar a mercê da companhia de Quinn, o que era uma droga maior. Isso e com todas as responsabilidades que esperavam por mim em Nova York, o que era uma droga maior ainda. Desejava que a minha irmã pudesse me fazer companhia, tal como eu fiz quando ela rompeu com Quinn no episódio da traição. A gente pode se permitir ser egoísta quando se está triste, certo. Sinceramente, por mais que pensasse que a minha cabeça tinha de se manter no lugar porque eu não tenho mais margem para sair fazendo besteiras por aí, tinha vontade de encher a cara, de bater em alguém e xingar o mundo. Nada como um festival de auto-piedade.

Minha irmã seria a primeira a deixar a casa. Papi a levaria para o aeroporto em meia hora no máximo. Eu e Quinn faríamos o mesmo, mas no final da tarde. Aproveitamos o feriado para ficar na casa dos nossos pais. No final, quem diria que precisaríamos todos da folga a mais.

"Lembre-se do que conversamos ontem. Eu sei que dói, Santy. Já passei por isso. Mas mantenha o foco. Pela primeira vez, penso que essa alta carga de atividades vai ser benéfico, então se agarre a isso enquanto a ferida cicatriza."

"Certo..." – disse sem muita convicção.

"E não se esqueça de que vou procurar estar sempre disponível para você. Se precisar, me ligue!"

"Rach" – Quinn apareceu no quarto – "Seu pai já está pronto."

"Só um minuto" – Quinn acenou e se retirou, nos dando um pouco mais de espaço e tempo. Rachel fechou a mala e depois pegou na minha mão – "Você vai superar isso logo. Johnny te ama muito e tenho certeza que ele vai passar por cima disso e vai reconsiderar."

"Como pode ter certeza?"

"Meu sexto sentido diz que é uma questão de tempo" – acenei e recebi um selinho nos meus lábios – "Te amo muito, Santy."

"Eu também te amo, Ray."

Rachel puxou a pequena mala e Saiu do quarto. Eu hesitei um pouco para acompanhá-la. Nunca gostei de despedidas e hoje naquela casa, haveria duas. Rachel abraçou minha mãe, Beth e me abraçou mais uma vez. Por último, deu um beijo na boca de Quinn. Pensei que Quinn fosse acompanhá-la até o aeroporto de Columbus, mas ela decidiu ficar. Acho que por causa de Beth. Minha irmãzinha, por outro lado, continuava a evitar. Em outra ocasião eu faria algo para ajudar, mas naquelas circunstâncias, estava pouco me lixando. Quem me dera se eu pudesse dormir por dias, semanas, e só acordasse quando tudo estivesse resolvido, inclusive a minha amorosa.
Pensar que tudo aconteceu aparentemente graças a Finn Hudson e a suposta insinuação de que ele achava incrível que estivesse com alguém sem querer dormir com Brittany pelas costas. Foi num momento em que estava dançando com Brittany. Era apenas uma única dança, pois na música anterior, Sam e Tina nos acompanhavam. Johnny se aproximou, vi que algo não estava certo e a gente saiu do salão para conversar. A conversa estranha e acanhada se transformou em questionamentos. Os questionamentos se transformaram numa discussão. A discussão se transformou numa raivosa confissão.
Johnny ficou em silêncio por alguns instantes, como se tentasse se recuperar do golpe. Era como se tivesse atravessado uma espada nele. Ele simplesmente virou as costas para mim, foi até o nosso quarto no hotel, catou as coisas dele e foi embora.
Eu? Procurei colo na pessoa ligada a mim por um cordão umbilical invisível. Parando para pensar agora, foi patético e constrangedor praticamente invadir o quarto em que a minha irmã estava com a esposa dela, ter interrompido uma trepada, e ter chorado até as tripas sentada naquele carpete suspeito abraçada na minha irmã que estava pelada. Patético. Mas eu fiz.

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