Maio de 2018

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12 de maio de 2018



(Rachel)



Juro que tentei chegar mais cedo. Juro. Infelizmente não consegui comprar passagens no horário que queria e já foi um sufoco viajar logo pela manhã porque o meu corpo estava cansado por causa de um dia anterior de muito trabalho e uma noite mal dormida. O lado bom é que pude cochilar na poltrona confortável da classe executiva. Despertei sentindo os efeitos dos procedimentos de descida. Era quase meio dia e eu não perderia a festinha de aniversário de Beth. Prometi para minha mãe que compareceria depois de ela ter reclamado um monte do quão ausente andava com a família. O bom é que um pouco de conversa com os produtores e diretor me proporcionaram folga até terça-feira. Na quarta já teria de estar de volta para gravar as minhas cenas do episódio. Depois, uma semana de folga em que faria questão de passar em Nova York junto com a minha esposa.



Desembarquei ainda um pouco sonolenta. Meu pai me esperava no aeroporto de Columbus. Adorava aquilo. Não havia fotógrafos de plantão como no aeroporto de Los Angeles e nem os ocasionais dos aeroportos de Nova York.



"Buenos dias, hija" - me deu um abraço apertado, reconfortante.



"Hola, papi" - entreguei a ele a minha bagagem - "Lo siento por darte esta moléstia de venir a buscarme."



"Sin trabajo. Sólo alegria verte por aqui."



"Todos están em casa?"



"Si. Quinn y Santana están ayudando su madre em los preparativos."



"Es bueno saberlo. Echo menos mi esposa y yo."



"Vem aqui, mi estrellita" - me deu um abraço de lado forte e carinhoso.



O caminho para a casa dos meus pais foi silenciosa e prazerosa. A melhor coisa em se estar na casa dos pais é por ser um dos poucos lugares do mundo em que você pode ir, ficar quietinha no canto, solitária, e mesmo assim se sentir completamente amada, porque basta um sussurro e se está amparada. Era um sentimento forte em relação ao meu pai e que se construía sólido pouco a pouco com minha mãe, apesar de eu ainda bronquear, não pelo nosso passado porque ele está superado, mas por Santana ser a favorita dela.



"Como está a reforma da casa que herdou?"



"Quase no fim. Os pedreiros dizem que vão me entregar nessa semana que entra" - fiz uma pequena pausa - "O senhor não ficou chateado?"



"Com toda essa história envolvendo Hiram? Por demais. Isso foi uma droga, hija. Se existe uma boa razão por Hiram já ter partido é porque ele não precisou lidar com toda essa merda, com todo perdão da palavra. Ele ficaria arrasado e é uma das razões que rezo para que Joel nunca descubra."



"Acha que não deveríamos ter aceitado?"



"Acho!" - meu pai disse com uma veemência assustadora - "Mas vocês são adultas e não pediram a minha opinião antes."



"Desculpe..."



"Não estou exigindo desculpas, Rachel. Nem te condenando, ou à sua irmã. Eu não me oporia, se as coisas não tivessem sido feitas do modo que foram: com manipulações e chantagens. Lamento muito que só há pouco tempo Santana foi capaz de se abrir a respeito. Isso quando sempre deixei claro que, não importa o assunto, vocês podem sempre e sempre confiar em mim" - meu pai coçou a barba por fazer. Raramente ele deixava a barba crescer mais de uma semana - "Também não vou negar que Weiz, no joguinho dele, proporcionou uma grande oportunidade à sua irmã. De um jeito inconveniente, quase maligno, ele fez mais do que eu ou Hiram, ou mesmo Joel, para que Santana desenvolvesse o potencial que tem. Isso me deixa muito puto. Por outro lado, entendo que a sua irmã está onde está pelos próprios méritos, e isso me deixa orgulhoso, por mais paradoxal que seja."

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