Janeiro de 2019

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01 de janeiro de 2019

(Quinn)

“Biscoito?” – Johnny sentou-se ao meu lado no banco do corredor do hospital.

Biscoito recheado com alguma gosma rosa cheia de gordura trans com sabor artificial de morango. Deixei de comer essas porcarias desde quando tinha 14 anos. Primeiro por imposição da minha mãe (apoiada por Frannie). Depois perdi o gosto por biscoito recheado. Comer ou não comer já não fazia diferença na minha vida.

Como não respondi, Johnny recolheu o pacote e abocanhou um biscoito. Devia ter uns sete ou oito unidades naquele saquinho comprado a base de moedinhas que alimentavam a máquina de lanches rápidos.

“Eu nunca passei uma virada de ano num hospital” – ele continuou tentando puxar assunto. Mas eu simplesmente não estava com ânimo – “Foi interessante beijar Santana à meia noite num quarto de hospital quando a metade dos ocupantes choravam.”

“Interessante?” – finalmente olhei para Johnny – “O que há de interessante nisso?”

“Interessante de inusual, acho. Foi um dia tenso com a cirurgia de emergência, Shelby recebendo tranqüilizantes na veia, as meninas apreensivas, os Lopez correndo para cá, Beth estressando com a gente. E como o clima melhorou consideravelmente quando o doutor avisou que a cirurgia foi um sucesso e tudo mais. Você sabe... essas coisas que nunca pensei que iria vivenciar. Em especial num feriado de fim de ano.”

“Entendo” – continuei a olhar para a parede verde claro à minha frente – “Mas agora Juan está no quarto, todos estão bem. Está tudo bem” – minhas palavras saíram quase robóticas dos meus lábios.

De fato entendia o sentimento que Johnny quis descrever sobre toda a confusão e apreensão nos últimos dois dias. Juan teve um ataque cardíaco causado por estresse. Ele vinha sob forte pressão nesses últimos meses por causa de problemas no trabalho que ele acabou levando para casa. Tudo começou quando o hospital cortou o investimento da pesquisa que ele desenvolvia há anos para melhorar o pós-operatório em pacientes diabéticos. Em contrapartida, os donos do hospital ofereceram a ele o cargo de cirurgião-chefe da emergência e um salário melhor. Meu sogro é um médico com reconhecimento no meio, tornou-se um cirurgião geral respeitado, comandou por muitos anos o Hospital Metropolitano em Lima e ele fez a família se mudar para Columbus porque teve a proposta de receber mais investimento para a pesquisa dele, além de trabalhar em um dos melhores e mais equipados hospitais de Ohio. A OSU bem que entrou com a proposta financiar pesquisa, desde que ele aceitasse o emprego de professor com dedicação exclusiva. O salário era menor, mas o trabalho de pesquisa dele teria continuidade.

Com certeza ele não deve ter se tornado um homem dos mais agradáveis dentro de casa ou Shelby não teria tanto trabalho para pressioná-lo a largar um salário maior por um menor. Seja como for, meu sogro negligenciou a própria saúde e teve um colapso feio. Precisou fazer uma cirurgia de emergência e quando foi no início da noite de ontem, após se recuperar do pós-operatório, a direção do hospital nos deixou passar a passagem de ano junto com ele, desde que dez minutos depois todo mundo fosse embora, menos Pedro, que se dispôs a passar a noite no hospital enquanto Maria nos vigiava já que Shelby não estava em boas condições depois de precisar tomar remédio em decorrência do susto e da apreensão posterior.

Rachel merecia tomar um remédio desses. Ela segurou a onda da família desde o momento que Juan caiu no chão e continua a ser durona. Irônico isso. Sempre achei que num momento de crise, Rachel iria se desesperar e Santana seria durona. Aconteceu o contrário. Santana congelou e só não ficou pior do que Shelby no baque emocional. Por outro lado, isso me levava a outra preocupação: Rachel iria desabar em algum momento. Ela estava praticamente sem dormir durante todo esse tempo. Quando voltamos para casa nesta madrugada, ela apenas cochilou depois de uma chuveirada quente. Mas quando deu cinco horas da manhã, se levantou e foi até o quarto dos pais para checar se Shelby estava bem e por lá ficou.

Minha mulher também mal se alimentou e o abatimento era evidente. No meio da manhã, todos nós viemos para o hospital, inclusive Beth. Shelby e as três irmãs entraram no quarto de Juan e iniciaram uma reunião de família. Estavam lá dentro há meia hora e a única pessoa diferente que entrou no quarto foi a enfermeira.

“Queria saber o que eles tanto discutem” – murmurei e por um momento esqueci que Johnny estava ao meu lado. Lamentei o meu comentário por um segundo ao ver a testa franzida do meu amigo – “Eles estão há bastante tempo lá dentro” – procurei racionalizar a minha queixa – “E depois eu não sei porque eu não posso ouvir sendo que Rachel vai me contar tudo depois” – Johnny balançou a cabeça e sorriu triste antes de colocar gentilmente a mão no meu ombro.

“É o mal do agregado” – o encarei e ergui uma sobrancelha – “Somos considerados da família, nossos sogros nos esperam nos feriados e nos dias de festa independente de gostarem da gente ou não, sentamos ao lado dos nossos amores na mesa, e depois nos casamos. Mas nessas horas é que vemos que por mais que sejamos da família, ainda somos agregados. Nossa função é apoiar os nossos sem dar pitacos nos assuntos que dizem respeito ao sangue deles.”

“Acho que é uma coisa dos Lopez” – procurei moderar – “E pelo fato de eles terem toda essa tradição latina de apego. É algo diferente para nós.”

“Não é uma crítica. Só uma observação. É diferente e eu sinto certa inveja disso.”

“Como?”

“Eu queria ter o mesmo, sabe? O que Santana tem com a irmã dela. Com as irmãs, no caso. Com os pais e até mesmo com primos, tios e avós. É algo muito legal e bonito. Pelo menos é que acho. Eu não tenho isso com o meu próprio irmão, que mora ali em Nova Jersey. Quando o vejo três vezes por ano é muito. E ele é a família que me restou.”

“Meu caso não é tão dramático junto aos Fabray, mas eu entendo o que quer dizer.”

Escutamos vozes de pessoas conversando em espanhol pelo corredor.

“Mire que Quinn e el noivo de Santana” – ouvi Maria dizer ao longe e apontar para nós junto com uma moça que se parecia bastante com Santana, só que mais velha. Era Rosa. Atrás das duas estavam Pedro, Gillian, que era o marido de Rosa, e os três filhos deles, os primos mais jovens das meninas.

“Olá Quinn e John” – Rosa disse com a habitual gentileza.

“Bom dia” – Johnny e eu nos levantamos para recebermos o resto da família – “Como vão vocês?”

“Ainda me recuperando do susto” – Rosa acenou – “Cadê as meninas?”

“Ah, é que está havendo uma pequena reunião de família lá dentro do quarto...”

“Ótimo” – Maria disse com o fortíssimo sotaque que ela jamais perderia – “Chegamos à tempo.”

No estante seguinte lá estavam as duas emergindo no quarto. Senti pena do meu sogro. Estava recém-operado num quarto de hospital e tendo de acatar e ouvir reclamações de seis mulheres: três filhas, a esposa e agora as duas irmãs.

“Olá” – o primo adolescente das meninas cujo nome sempre me esquecia sentou-se ao meu lado. Era um garoto que tinha uns 15 anos, algumas espinhas na testa e usava aparelho. Isso não o impedia de ser hormonal e passar o olhos pelo meu corpo.

“Oi” – acenei.

A menina sentou-se ao lado do irmão, preenchendo por completo a sequencia de poltronas mais próxima ao quarto do meu sogro e o garotinho menor, que tem a idade de Beth, ficou ao lado do pai dele e do tio. O espaço me pareceu cheio demais para o meu gosto.

“Johnny, você poderia ir ali comigo?”

Ele acenou e pareceu agradecido por nos afastarmos um pouco. Caminhamos pelo corredor do hospital e descemos as escadas até o hall de entrada que tinha uma cafeteria no canto. Sentamos por ali mesmo, uma vez que o clima lá fora não estava convidativo para uma caminhada.

“Agora eu realmente entendi o que você quis dizer” – comentei com Johnny após pedir um expresso e ele deu uma gargalhada – “Por mim, tudo bem. Se for pensar bem, eu não me sinto confortável envolvendo Rachel nos problemas dos Fabray.”

“É...” – Johnny olhou distante – “Guarda um segredo?”

“Claro.”

“Eu vou propor a Santana... quer dizer... meu plano era propor de um jeito romântico na virada do ano, sabe? Eu tinha a cena inteira na minha mente.”

“Johnny, isso é maravilhoso.”

“Que bom que gostou. Isso me dá confiança” – ele me encarou – “Mas vou ter de esperar agora. Esperar essa tempestade passar.”

“É... Sinto muito Johnny” – segurei a mão dele em conforto.

“O importante agora é Juan ficar bem.”

“Certo, certo.”

Ficamos por ali até eu receber uma mensagem de texto de Rachel perguntando onde eu estava. Cinco minutos depois, eu a vi no hall do hospital, olhando para os lados como se procurasse alguém. Bom, ela estava me procurando. Johnny e eu acenamos e ela veio ao nosso encontro.

“Tia Rosa disse que vai passar a semana conosco. Os meninos e Gillian vão voltar amanhã, assim como Tio Pedro e tia Maria.”

“A casa vai estar cheia por hoje, então” – comentei.

“Minhas tias disseram para irmos para casa, mas a minha mãe está relutante. Santana está lá em cima tentando convencê-la a ir conosco e só voltar amanhã. De um jeito ou de outro, espero que me ajudem a fazer sala para o pessoal” – acenamos.

“Como ficaremos?” – perguntei.

“Meu pai deve receber alta em dois ou três dias conforme a evolução do quadro e eu não saio daqui enquanto ele não voltar para casa, mas eu sei que você tem que trabalhar amanhã, Quinn...”

“Não se preocupe comigo, Rach” – segurei a mão da minha esposa – “Vou ligar para a Bad Things e dizer que só volto na segunda por conta disso tudo. Eu sei que Terry vai chiar e meu salário vai ser descontado, mas e daí?”

“Tem certeza?”

“Claro. Nós vamos sair daqui quando Juan estiver em casa.”

“Obrigada” – ela me beijou rapidamente nos lábios – “Bom... só vamos esperar Santana, Beth e minha mãe para voltarmos para casa. Meus tios vão ficar por aqui hoje e vai ser bom porque a gente pode organizar um itinerário para amanhã para o meu pai não ficar sozinho.”

O fato é que Juan não ficaria sozinho, mesmo sem as meninas. Eu nunca vi tantos médicos transitarem no quarto de um paciente. Era a vantagem de ser um médico respeitado, acho. Santana surgiu no hall com Shelby e Beth. Minha filha sequer olhava para mim e eu só podia me resignar. Shelby também não. Ela tentou me confrontar sobre o incidente e talvez teria me esmagado se Rachel e Santana não fossem verdadeiras bombeiras. Mas eu tinha certeza que na primeira oportunidade, Shelby teria um particular comigo. Eram as drogas que aconteciam em meio ao caos.

Voltamos para a casa dos meus sogros num silêncio mortal. Shelby e Beth com raiva de mim, Santana dirigia, Johnny a olhava com cara de cachorrinho abandonado, Rachel olhava pela janela e eu ali evitando até respirar. Seria um resto de semana tenso.

...

07 de janeiro de 2019

(Rachel)

“Pai!” – broqueei – “O senhor não tomou nem metade da sopa.”

Meu pai se ajeitou na cama e ligou a televisão. Sabia que ele estava aborrecido e entediado. Era muito difícil para um homem ativo e cheio de responsabilidades de repente parar com a vida e ficar de molho numa cama. Ele saiu apenas ontem do hospital e já queria fazer pequenas extravagâncias, dizendo que era médico e sabia o que podia ou não fazer. Não caí nesse papo, nem minha mãe e minha irmã.

Assim que ele chegou, convocamos dois vizinhos para levá-lo carregado até ao quarto. Isso foi razão para ele reclamar um monte conosco. Junto num momento em que Quinn e Johnny faziam as malas para voltar a Nova York. Santana decidiu ficar mais uma semana e iria trabalhar pela internet e pelo telefone, basicamente. Eu tinha um compromisso daqui a cinco oito dias em Atlanta para gravar a minha participação numa série. Coisa de dois dias. Depois voltaria no início do mês que vem para outra participação agendada. Então o meu plano era sair daqui para Atlanta e depois voltar para casa em Nova York. Santana estava de passagem marcada para o próximo sábado, até lá, seria como voltarmos a nossa adolescência morando com nossos pais.

“Você poderia me trazer uma costela de porco bem temperada.”

“Não vai dar certo” – cruzei meus braços – “O senhor não vai me irritar e me fazer desistir de fazê-lo tomar o resto dessa sopa.”

“Estou farto de comida de doente.”

“Talvez porque o senhor esteja doente.”

“Eu estou bem. Posso andar, ir ao banheiro sozinho...”

“Não pode descer escadas. Nem pensar! Eu sei o que o senhor está pensando” – sentei-me na cama dos meus pais e peguei o prato – “Agora o senhor vai tomar o resto ou vai querer que eu dê na boquinha?”

Se olhar matasse, meu pai estaria cometendo um homicídio naquele instante. Ele pegou o prato e deu mais três colheradas e devolveu o prato para mim.

“Papai” – Beth entrou no quarto – “Trouxe o meu Nintendo para o senhor poder se distrair. E uvas. Eu vi na internet que comer uvas faz bem ao coração.”

“Está vendo?” – meu pai me encarou – “É assim que se trata um doente. Trazendo coisas agradáveis.”

Beth pulou na cama a deitou-se ao lado do meu pai para mostrar o joguinho. Parecia que aquela pirralha vencia todas. Meu pai pegou uma uva, desses tipos que não tem semente, e a abocanhou enquanto observava uma enérgica Beth explicando o que fazer.

“Papi” – minha irmã entrou em seguida – “Mi madre le preguntó si usted quiere pedir algunas películas em Netflix.”

“No es necesario.”

“Oh, eu adoro esse joguinho. Aposto que posso vencer qualquer um de vocês nesse jogo” – foi a vez da minha irmã pular na cama ao lado de Beth, me empurrar no processo e houve uma breve briga entre ela e Beth pelo jogo. Meu pai parecia se divertir. Eu? Fui até a televisão do quarto e a liguei. Sentia-me derrotada, a filha rejeitada. Parecia que eu nunca conseguiria ser mais legal que Santana ou mais fofinha do que Beth. Jamais. Dizem que esse é o mal de ser a irmã do meio. Como ninguém prestava atenção em mim, peguei o controle remoto e empurrei as pernas de Santana para me sentar na cama com as pernas cruzadas em estilo indiano. Comecei a zapear enquanto as duas falavam alto e meu pai sorria para a confusão. Foi o tempo da minha mãe entrar no quarto.

“De repente a casa ficou muito silenciosa lá em baixo” – ela disse ainda à porta – “Meninas! O seu pai precisa descansar.”

“Não, deixa elas aqui, Shelby. Isso só me faz bem.”

“Ok” – ela se aproximou do meu pai e o beijou-o. Achei adorável. Depois pegou o prato de sopa – “Rachel não me deixe esquecer que daqui a meia hora o seu pai precisa trocar o curativo e tomar os remédios” – eu acenei e ela saiu do quarto com o prato em mãos. Minha mãe fez a recomendação diretamente para mim porque sabia que eu era a única que não esqueceria.

Minhas irmãs e meu pai continuavam a se divertirem com o vídeo-game e eu prestei atenção numa novela mexicana antiga que passava no Televisa. Era tão mal-feita que poderia ser considerada uma obra-prima do trash. Comecei a rir de algumas cenas quando Santana me surpreendeu me abraçando por trás e dando um beijo no meu pescoço.

“Porque tu eres el amor de mi vida” – ela imitou o mocinho da novela – “Besa-me Manuela. Al menos uma vez más.”

“Sai fora, Santana!” – tentei me livrar dela sob risos de Beth e do meu pai.

“Oh Manuela!” – Santana continuou a representar e Beth soltou uma gargalhada.

“Oh Juan Pablo!” – entrei no jogo de representação – “Si no dejas este juego voy a golpearte” – a fala da novela não era essa. Já havia entrado na improvisação e eu falava a sério. Santana não me largava.

“Tu eres uma aburrida, Ray” – ela me soltou e me deu um empurrãozinho no processo.

“Vai te catar, Santy” – devolvi o empurrão.

“Hijas!” – um pai advertiu – “Sin peleas, ok? No me hagas dos hacen la paz, al igual que cuando eran niñas.”

“Ok, já parei” – Santana levantou as mãos – “Agora eu acho que a gente deveria fazer as pazes e se unir para atacar Beth de cosquinha” – mal terminou a frase e já pegou Beth, que começou a gritar, enquanto eu comecei a fazer cosquinhas nela. Vi que meu pai sorria e se divertia conosco, apesar da zona que fazíamos ao lado dele na cama.

“Meninas!” – minha mãe chegou novamente – “O que é isso?”

“Operação, ataque a Beth” – Santana respondeu em meio aos gritinhos de Beth.

“Santana! Rachel! Olha o tamanho das duas!” – ela começou a dar tapinhas em mim e Santana para a gente soltar Beth.

“Se depender do tamanho da Rachel, é uma luta de igual por igual com Beth” – Santana disse e disparou a rir da própria piada.

“Olha Santana” – ela pegou na orelha da minha irmã e puxou – “Não é porque você já tem essa idade que eu não possa mais te disciplinar.”

“Tá bom, ta bom...” – ela soltou Beth e eu deixei de fazer cosquinha – “Vamos ser adultos e chatos daqui por diante.”

“Você acredita que essa coisa é uma empresária séria?” – minha mãe se voltou para mim – “Já ia quase esquecendo, o seu telefone estava tocando, Rach.”

Acenei e desci da cama em direção escadaria abaixo. Acho que tinha deixado meu celular em cima da mesa de centro da sala da lareira. Dito e feito. Olhei para o registro e estranhei o número. Era de um telefone de Ohio, mas desconhecia o número. Tive um pequeno debate interno para ver se respondia ou não. Minha curiosidade foi maior.

“Alô?” – uma voz masculina familiar atendeu.

“Aqui é Rachel e o seu número estava registrado no meu celular.”

“Rachel! Aqui é Finn falando.”

“Oi Finn” – estranhei. Ele nunca havia ligado para mim diretamente no meu celular – “Como vai?”

“Vou bem, obrigado. Kurt me deu o seu número. Ele disse que o seu pai sofreu um ataque cardíaco nesses dias e queria saber se está tudo bem contigo e com ele.”

“Está tudo bem agora. Estamos bem. Meu pai está em casa e eu e Santana vamos passar esses dias com ele e também para ajudar minha mãe com as coisas daqui de casa. Enfim. Estarei por aqui até o fim da semana, pelo menos. Mas me diga? Você fala de Ohio? Achei que morasse em Detroit.”

“Oh não. Eu voltei para Lima. Burt decidiu seguir a carreira política e pediu para que eu tomasse conta da oficina integralmente. Eu trabalho na oficina em horário comercial e de noite ajudo Tina na formação de um grupo de coral amador. Fizemos algumas pesquisar e descobrimos que há competições para grupos veteranos que tem pagamento em dinheiro, inclusive. Seria legal investir num projeto assim fora de McKinley.”

“É uma boa idéia, Finn. Você sempre foi um bom capitão o nosso time. Tenho certeza que a sua experiência será bem usada.”

“Espero que sim. Estou animado com o projeto.”

“Fico feliz.”

“Bom... liguei só para dizer oi e desejar melhoras ao seu pai.”

“Obrigada. Vou salvar o seu número. Entre em contato sempre que quiser.”

“Obrigado, Rach. Isso significa muito para mim.”

Desliguei o telefone e franzi a testa. Sinceramente pensava que Finn só estava tentando ser um bom amigo, mas tinha certeza que Quinn não ia gostar dessa aproximação. De qualquer, como não achei nada demais nessa ligação, achei por bem não esquentar com isso. Olhei para o relógio do celular. Estava na hora de trocar os curativos do meu pai.


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