Epílogo

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80Chapter 44: Epílogo
CONCLUSÃO SANTANA.

O futuro é só no que consigo pensar. Continuo a viver no presente, mas tenho planos. Muitos planos. Lembro de quando era uma adolescente e quais eram minhas metas: sobreviver ao mundo cão, proteger as pessoas que amo, minha família, garantir o bem-estar de Brittany. Olhando para trás e da vida que todos nós desfrutamos hoje, penso que consegui cada um dos meus objetivos.

Eu não apenas sobrevivi. Eu vivi. Minha vida teve muitos episódios de melodrama, mas eu vivi e continuo vivendo. Não apenas sobrevivi. Não apenas passei pelo mundo. Construí a minha marca. Sim, eu posso fazer a diferença e procuro usar o poder que tenho em mãos da melhor forma possível. Isso me deixa muito feliz.

Descobri que é bom fazer planos para o futuro, traçar objetivos e lutar para chegar até eles, e dali traçar outros e fazer esse mundo girar. Para fazer o meu mundo girar. Mundo este que inclui minha família, que é preciosa. Minha irmã, que numa reflexão, cheguei a conclusão de que ela sempre foi, desde o dia 1, a minha melhor e maior amiga. Já a chamei de coisas horríveis. Talvez ainda a chame, mas Rachel é um dos meus pilares e eu sei que eu sou um dos pilares dela.

Tenho Johnny, o marido que amo, tenho Quinn, tenho Brittany, meus pais, todos que estão comigo nesta caminhada chamada viver. Sou feliz. Sou uma pessoa realizada. E ainda quero mais.

Eu sou Santana Liza Berry-Lopez, e essa foi a minha história.

...

CONCLUSÃO QUINN.

Se alguém com uma bola de cristal tivesse me dito para eu desencanar do destino um dia traçado pelos meus pais porque eu seguiria um completamente contrário, talvez eu tivesse feito isso. Sei que muitas das minhas angústias teriam sido atenuadas. Mas não foi assim e também não fico triste ou frustrada. As barreiras que tive de transpor foram duras, porém fundamentais para me tornar a pessoa que sou.

Não alguém duro e amargurado. Longe disso. Todas as minhas aflições serviram para que eu me tornasse alguém mais forte e determinada. Elas não impediram que eu pudesse amar e ser amada. E como eu amo!

Fui criada para ser a filha ideal, popular, bonita, líder, esperta, o ser humano capaz de atrair para si um marido socialmente destacado para assim me tornar uma esposa dedicada. Como seria infeliz se tivesse me rendido a isso. Ainda bem que podemos lutar contra certos determinismos e fazer uma história diferente. Hoje Fabray, pelo menos da minha parte, ganhou um significado novo. Gosto de pensar que o meu sobrenome significa perseverança.

Eu sou Quinn Berry-Lopez Fabray, e essa foi a minha história.

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CONCLUSÃO RACHEL.

Lembro que toda vez que assinava o meu nome, colocava uma estrela dourada em seguida. Trata-se de uma metáfora. E metáforas são importantes. No caso da estrela, ela simbolizava o meu destino em ser uma grande atriz da Broadway. Para tal, montei planos muito bem definidos desde os onze meses: eu me destacaria no colégio com notas estonteantes, faria atividades extracurriculares, teria treinamento qualificado em dança, coreografia, dramaturgia e canto. Além disso, contei com um coral maravilhoso que me fez ser descoberta por um diretor respeitado no meio depois de vencer uma competição nacional.

Algumas coisas não saíram como o esperado porque a vida não é uma ciência exata em que você soma números para um determinado resultado. Passei por algumas provações em Nova York, fui demitida de uma peça. Achei que nunca conseguiria emprego num mês angustiante. Então o destino dá uma reviravolta e nos surpreende. Mesmo com algumas tormentas, numa me faltou trabalho.

A idade me fez descobrir que ser reconhecida pelo talento que se tem é maravilhoso. Melhor ainda, no entanto, é construir e cultivar uma família. Na minha adolescência, não dava tanta importância às pessoas que amava incondicionalmente. Na juventude achava que os meus biógrafos deveriam recolher depoimentos daqueles próximos para contar a minha história. Hoje acho o contrário: que meus biógrafos devem dar ênfase àqueles que amo incondicionalmente para entender todo o processo. Porque eles são parte indissociável.

Descobri que a coisa que mais desejaria contar aos meus biógrafos não foi os filmes que fiz, ou as peças que estrelei na Broadway. Não seria as fofocas das festas, dos amores, das controvérsias. A coisa mais importante de se contar é que, apesar de tudo, fui uma pessoa muito feliz.

Eu sou Rachel Berry-Lopez Fabray, e esta foi a minha história.

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EPÍLOGO

21 de julho de 2027

Havia um pandemônio na sala, uma gritaria. Tudo culpa do videogame de última geração que Michelle ganhou de aniversário. A garotinha insistiu para montar o aparelho logo depois do café da manhã, com direito a ficar pulando feito uma coelhinha enquanto implorava para a mãe dela.

“Por favor, por favor, por favor, mãe!”

Quinn adoraria ser a mãe mais durona. Mas havia momentos em que ela se transformava numa moleca ao lado da filha. Principalmente quando se propunha a sentar no chão e brincar.

Michelle era uma garotinha bonita. Tinha os olhos expressivos e os cabelos castanhos escuros de Rachel, mas herdou os demais traços da outra mãe. A irmãzinha dela, Sarah – nome colocado em homenagem a Sarah Berry, a bubbee, que faleceu no ano seguinte ao nascimento de Michelle –, tinha apenas dois anos e meio. Fisicamente, ela era mais parecida com Rachel, mais miúda, de cabelos escuros e olhos cor de amêndoa iguais aos de Quinn. Mas tinha personalidade geniosa, ao ponto de Quinn por vezes chamar a própria filha de “Santaninha”. Existia um balanço interessante entre a doçura de Michelle e a vivacidade da pequenina Sarah.

Compartilhando do momento em família estava Beth. Ela tornou-se uma adolescente muito bonita aos 16 anos. Tinha namorado na escola e gostava de conversar sobre planos para o futuro com Quinn. A adolescência de Beth aproximou mais as duas. A menina passou a ficar mais à vontade em discutir certas coisas com a mãe biológica justo por ela ser mais jovem que Shelby. Só não revelava que já era sexualmente ativa. Tinha um namorado há um ano e os dois perderam a virgindade um para o outro. No fundo, Quinn sabia, mas adotou a política de que os olhos não vêem o coração não sente. Beth passava algumas semanas das férias de verão com a mãe biológica, Rachel e as meia-irmãs. Assim também aproveitaria a festinha de aniversário de Michelle.

Shelby e Juan também estariam na festa e aproveitariam a escala em Nova York para embarcar para uma viagem às ilhas gregas. O casamento dos dois estava bem e o casal tinha a sabedoria de aproveitar a vantagem que a maturidade dava aos dois dentro de uma relação sólida. Os dois, como sempre, se hospedavam num hotel em SoHo e aproveitavam a ocasião.

Beth gostava das irmãzinhas e era assim que as chamava. Tinha chamego especial por Sarah, por ser a menor. Ela tinha outro irmão além de Michelle e Sarah: um garoto de cinco anos filho de Noah Puckerman. Apesar de ter a liberdade, Beth continuou afastada do pai biológico, apesar de procurar visitá-lo uma vez por ano.

As cinco se divertiam muito na sala do apartamento com um joguinho lúdico de guerra de bolas de neve. O objetivo era ir vencendo as turmas de crianças de diferentes bairros. Elas jogavam na sala grande do apartamento que seria desocupado em breve. Rachel e Quinn compraram uma casa grande, com gramado e quintal, em Nova Jersey e a mudança estava em curso.

Rachel também mantinha residência em Los Angeles. A declaração em que revelou ser gay e ter uma filha com outra mulher pode lhe ter tirado os potenciais papéis principais no cinema, mas não a privou de fazer bons trabalhos na televisão. Não se importava com isso uma vez que os grandes diretores tinham migrado para lá. A Broadway nunca a abandonou e era lá que Rachel esbanjava todo o potencial, em cima do palco. Fez protagonistas e a paixão que demonstrava em cima do palco lhe rendeu o primeiro Tony.

Oscar da família pertence a Quinn. Ela foi uma das raras mulheres a ganhar um prêmio da Academia de melhor fotografia pelo longa metragem produzido em parceria com Luis Segal e Santiago Follet. Os três, eventualmente, se uniram numa produtora. Santana foi destaque de uma das edições da Forbes figurando em uma lista dos empresários mais bem-sucedidos abaixo dos 30 anos. Ela assumiu a presidência da Weiz Co. aos 27 anos e conduz a empresa com pulso firme e humanidade. Santana cumpria mesmo o que pensava e prometia: teve o primeiro filho aos 30 anos. Gostou da experiência e estava grávida de cinco meses do segundo herdeiro. Por ser uma pessoa visada pelos bens que possuía, ela passou a tomar certos cuidados. Preocupava-se mais com a própria segurança principalmente depois que Brian nasceu. Odiava a ideia de faltar ao filho em idade tão tenra.

A Rock’n’Pano também prosperou, sendo que Tomiko se tornou gerente-geral da empresa e sócia minoritária. Ela se casou com Andrew Mascarenhas. Johnny continuou a escrever livros de reportagens e descobriu que o lugar dele não era na poesia ou nos romances, mas no jornalismo de autor.

Shelby começou a dirigir peças de teatro musical desenvolvidas pelos alunos da OSU. Eventualmente ela levou os alunos a fazerem uma curta-temporada na off-Broadway por meio de um convênio estabelecido com a NYU. Era uma professora muito prestigiada dentro da Universidade. Prestigiado também era Juan, que abandonou em definitivo a sala de emergência dos hospitais para ajudar a formar outros médicos tão competentes quanto ele. A pesquisa sobre diabetes que desenvolveu por anos teve avanços significativos e ele foi premiado por tal esforço. Um reconhecimento que lhe garantiu a aposentadoria.

Os outros Lopez também mantiveram suas vidas e o bom padrão de vida. A morte de Sarah Berry foi uma surpresa. Ela teve um AVC, ficou um mês internada em coma e não resistiu. Joel Berry morreu seis meses depois. Muitos dizem que foi por tristeza pela viuvez. Uma semana antes do de Joel ter o ataque fulminante que o mataria, Santana o visitou e os dois reafirmaram o amor que sentiam um pelo outro. Joel confidenciou que apesar de Santana não ser a neta de sangue, ela sempre foi a favorita, a maior realização da vida dele. Rachel nunca soube o teor de tal conversa. Linda Corcoran continuou a vida simples, mas contava com a ajuda financeira de Santana, que passou a visitá-la sempre que ia a Columbus.

Judy Penn casou-se pela segunda vez. Russell Fabray descasou-se pela segunda vez. Atualmente ele tentava salvar o escritório de contabilidade da falência. Frannie Fabray teve um filho antes de se divorciar. Ela mudou-se de Austin, Texas, e montou um escritório de advocacia em Little Rock, Arkansas.

Brittany continuou a trabalhar com dança e coreografia. Kurt ocasionalmente foi contratado como assistente editorial da Vogue. Foi o ápice da carreira dele. Mike teve uma terrível crise na carreira, mas conseguia se reerguer na Broadway ainda que em papeis menores e com a ajuda de Rachel e de outros colegas. Mercedes continuou a trabalhar como designer. Ela casou-se uma segunda vez e teve um filho. Julio casou mais duas vezes. O projeto de cultura comunitária de Tina, Finn e Marley cresceu o suficiente para que eles se tornassem referência em Lima. Finn casou-se com Marley após um romance complicado com direito a triângulos amorosos. Finn sempre gostou de drama e romances adolescentes. Os dois tiveram uma filha. Puck mudou de negócio e montou uma loja de instrumentos musicais em Detroit.

Mais cedo naquele ano Rachel recebeu um recado do segurança do teatro que um colega de Lima desejava entregar-lhe flores pela brilhante performance. Ela autorizou a entrada do tal colega. Era ninguém menos que Emma e William Schuester, que estavam de passagem por Nova York e decidiu assistir à montagem de “My Fair Lady”, protagonizado por Rachel Berry.

Quantos aos outros que tornaram-se parte da vida de Rachel, Santana e Quinn, estes permaneceram firmes e fortes. Rom tornou-se astro de Hollywood e mudou-se em Nova York. Nunca quis se casar, mas teve um filho clandestinamente com a própria agente. Aos olhos do público, ele continua um solteirão cobiçado e irresistível para a mídia. Amanda casou-se com outro ator que, segundo as fofocas, não era uma pessoa conhecida pela fidelidade. Santiago continuava tentando se endireitar no aspecto romântico. Ele namorava por muitos meses e depois colocava tudo a perder. Quinn estava esperançosa de que o amigo e colega de trabalho na produtora pudesse se acertar com uma engenheira que ele namorava. Além de muito simpática, era uma moça do tipo “para casar”.

...

“O bolo é de quê?” – Santana perguntou à irmã enquanto acariciava a própria barriga.

“Chocolate com morangos, claro” – Rachel respondeu enquanto ajudava a assistente do salão de festas a arrumar a mesa dos comes e bebes.

“Eu disse que queria de baunilha!”

“Michelle gosta de bolo de chocolate e de morangos! E o aniversário é da sua afilhada, Santy.”

“Mas e os meus desejos? Estou com desejo de comer bolo de baunilha.”

Rachel apenas revirou os olhos e ignorou a irmã gêmea.

As crianças se divertiam no outro salão em meio aos brinquedos alugados para o aniversário. Michelle monopolizou o pula-pula junto com mais duas amigas da escola. Pareciam até uma versão mirim do trio que um dia foi formado por Quinn, Brittany e Santana. A diferença é que elas não estavam unidas por interesses de popularidade, mas por pura amizade. As crianças menores tinham um espaço mais apropriado para aproveitar, como a piscina de bolinhas. Era onde estavam Sarah e Brian. Os primos sempre divertiam juntos, e as coisas permaneciam em relativa paz até a tempestuosa Sarah bater no tímido Brian. O fato curioso é que apesar de mandona, Sarah amava o priminho sete meses mais velho. Tinha uma foto dos dois juntos no porta-retratos ao lado da cama da Fabray caçula.

Beth conversava com Brittany e Johnny. Na ausência dos amigos e do namorado, era com essa geração mais velha que ela gostava de conversar e se divertir. A favorita dela permaneceu sendo Santana, menos na gravidez. Os hormônios em conflito da irmã mais velha não ajudavam na socialização.

“Espero que esses dois não estejam te deixando entediada” – Quinn se aproximou do grupo e abraçou a filha mais velha por trás.

“Não somos tão velhos e chatos” – Johnny resmungou.

“Talvez você seja um pouco” – Brittany rebateu – “Como pode não gostar de caças-vampiros?”

“Mas isso é idiota! Adolescente gostosona matando vampiros... É só um fetiche masculino.”

“Você sabe que San brincava de Buffy, a caça-vampiros quando criança, certo?” – Brittany advertiu – “San era a Buffy, eu era a Willow e Rachel era o Scooby.”

“Quem era essa Buffy mesmo?” – Beth questionou – “Até onde sei, meninas ingênuas gostam de casar com vampiros, não matá-los.”

“Jovens!” – Brittany revirou os olhos – “Não sabem o que é a cultura clássica.”

“Bom...” – Quinn pegou na mão da filha mais velha – “Vim pedir para você pegar Sarah e chamar as crianças para cantar os parabéns, lanchar e abrir os presentes.”

“Tudo eu...” – ela disse sem estar chateada. Era só para fazer charme – “Você é uma ditadora, Quinn.”

“Eu posso ser!”

Beth sorriu e foi ao salão ao lado para chamar as irmãs.

“Hora de sair, madame!” – chegou até Michelle e as duas melhores amigas, que agora estavam brincando de ping pong holográfico.

“Só mais cinco minutos. Estamos quase acabando a partida.”

“Está na hora do bolo e dos presentes!” – Beth persuadiu e os olhos de Michelle ficaram arregalados de excitação ao se lembrar dos presentes. Significava novos brinquedos.

“Então tá.”

“Chames todos os seus amigos!” – Beth recomendou já se dirigindo para a parte destinada as crianças menores, que ficavam monitoradas por uma assistente – “Oi princesinha” – bateu palmas para Sarah e estendeu os braços – “Vamos comer o bolo da Lelê?”

“Não!” – Sarah balançou a cabeça e fez biquinho – “Brincando...” – ela ainda não articulava todas as frases direito.

“Você não tem que querer não, pirralhinha!” – a pegou no colo. E depois olhou para Brian e estendeu a mão para que ele viesse junto – “Vem com a tia o senhor também!” – o menino se atrapalhou um pouco para sair da piscina. Tropeçou, se levantou e pegou a mão de Beth.

Rachel usou os dotes de atriz para animar a hora dos parabéns. As crianças cantaram, tiraram fotos e comeram. Na semana seguinte, Rachel organizaria os arquivos para o álbum de fotografias de mais este evento familiar. Imagens que mostraria Robby S crescido e pré-adolescente ao lado de Brittany. Aos 12 anos ele já estava do mesmo tamanho da mãe. Noutra foto, teria Santana empinando o barrigão com orgulho ao lado de Johnny com Brian no colo dele. Havia aquela da Rachel sorrindo com a cabeça encostada na barriga da irmã. Havia uma foto com Quinn abraçada a Brittany. Outra com Rachel abraçando Michelle enquanto Santana lhe fazia chifrinhos e Shelby fazia cara de reprovação. Shelby e Juan posaram numa foto com todos os netos, e noutra com as três filhas. Uma curiosa em formato de escadinha com Sarah mais a frente, seguida de Michelle, Rachel e Quinn logo atrás. Fotos só com as irmãs, outra com irmãs e o primo. Fotos dos avós. Fotos com os amigos todos.

Mas a imagem que Rachel mais amaria sobre aquele dia era uma em que Quinn segurava Sarah no colo. Ela estava entre Rachel de um lado, que a abraçava na cintura e colocava a outra mão nos ombros de Michelle, à frente delas. Do outro lado estava Beth. Quinn estampava um sorriso orgulhoso entre todas as mulheres que amava. Eram as mulheres da vida dela.

FIM

Saga Familia - UnificadaOnde histórias criam vida. Descubra agora