Alfonso pareceu não ligar pro que acontecia além deles naquele momento, percebeu que ela tinha algo a dizer, e permaneceu a olhando enquanto aguardava. Enquanto ela foi atingida com dois pés no peito quando escutou a voz de Manuela, todo sentimento vivido na noite em que ligou pro Poncho pareceu duas vezes pior agora. Sentiu raiva dele, e seu olhar foi capaz de transparecer todo esse sentimento.
Anahí: Você não tem o direito de dizer nada disso pra mim, Alfonso... Não depois de seis anos!
Alfonso: Eu tentei dizer antes, mas você não deixou! Você desapareceu!
Anahí: Claro que eu desapareci! - respondeu quase gritando - mal sai da sua vida e você já estava na cama com a Manuela!
Alfonso: Como é que é, Anahí? - suas sobrancelhas franzidas mostravam que ele não fazia ideia do que ela falava - eu nunca fui para cama com ela!
Anahí: Sempre mentindo! - soltava tudo com rancor - um grande filho da mãe mentiroso!
Alfonso: EU NÃO ESTOU MENTINDO! - falou alto como se quisesse que ela internalizasse aquilo. Ele não estava mentindo!
Anahí: PARA DE GRITAR! - disse no mesmo tom.
Ambos se encaravam enfurecidos. A vermelhidão no rosto de Any mostrava que estava explodindo de raiva, assim como o peitoral arfando de Alfonso devido a respiração ofegante. Sequer notaram que a discussão dos dois havia tomado conta do ambiente chamando a atenção de todos.
Lexie: Vamos amiga... vamos embora - tocou no braço de Any lhe incentivando a acompanhá-la, de perto a expressão dos dois era bem pior.
Maite percebendo que o clima não iria amenizar dali em diante, havia indicado com a cabeça para que Lex fosse tirar Any dali, enquanto ela pegaria os casacos. Any relaxou os ombros ao sentir a amiga lhe chamar, sem hesitar deu as costas pra ele e seguiu a amiga. Todos acompanhavam cada movimento dela e de Poncho. Naquele momento se odiou por não estar em Londres, talvez fosse a vida esfregando na cara que o certo era andar para frente e não voltar nunca mais. Mas precisava dizer mais uma coisa pra ele, então de longe o olhou e notou que ele também a encarava, parado, com seu copo de uísque vazio.
Anahí: Eu te liguei, Alfonso - fez uma breve pausa - na noite de Natal daquele ano e a Manuela quem atendeu seu celular... Se tem que questionar alguém pelo meu sumiço, questione a ela. E então, se o que ela me contou for mesmo mentira, sugiro que repense seus conceitos sobre amizade, porque talvez sua amiga tenha mudado totalmente a direção que nossas vidas poderia ter tomado.
Manuela que ouvia tudo junto com o restante da sala sentiu o coração palpitar. Nunca mencionou a ligação pro amigo, e apagou os registros das chamadas ao desligar o telefone. E agora, era desmascarada na frente da turma inteira. E o pior de tudo foi o olhar que Alfonso lhe lançou. Encolheu os ombros com receio.
Lex mais uma vez tocou o braço da amiga lhe incentivando a sair dali. A morena deixou a taça de vinho que segurava em um móvel da sala e seguiu rumo a porta. Depois se desculparia com Jô e Alex por tudo, mas naquele momento só queria ir embora sem falar com ninguém. Maite já havia chamado um táxi e as aguardavam do lado de fora.
Lexie: É como diz o ditado amiga, o amor é como capim, aí vem uma vaca e destrói tudo... - dizia para Anahí enquanto fechava a porta, não fazia ideia que o silêncio da sala deixaria com que todos ouvissem.
No táxi, ninguém teve coragem de dizer uma palavra. Anahí respirava de forma acelerada. Seus olhos queimavam pela vontade que tinha de chorar. Repassava mentalmente a promessa que fizera a si mesma anos antes - nem uma lágrima sequer, nem uma lágrima sequer - parecia um mantra, não se permitiria sofrer por ele, nunca mais.
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Quando a Vida Escolhe ❥
Fanfiction"Aquele abraço era o lado bom da vida, mas para valorizá-lo eu precisava viver. E que irônico: pra viver eu precisava perdê-lo..." Anahí Portilla. "E eu, no fundo, te perdoava, te entendia, te amava cada vez mais. Você me mandou embora da sua casa...