"Aquele abraço era o lado bom da vida, mas para valorizá-lo eu precisava viver. E que irônico: pra viver eu precisava perdê-lo..." Anahí Portilla.
"E eu, no fundo, te perdoava, te entendia, te amava cada vez mais. Você me mandou embora da sua casa...
Any permaneceu em silêncio, o chamego de Luísa enchia seu coração. Fechou os olhos por alguns instantes imaginando como seria sua vida com momentos assim todos os dias, e vividos com sua Giullia. Sabia que não podia deixar-se envolver daquela maneira, que de uma forma inconsciente estava se apegando à Luísa. Sentir aquelas mãozinhas mexendo em seus cabelos e o corpinho frágil buscando aconchego em seus braços lhe dava uma sensação incrível. Era como se tivesse a necessidade de proteger e dar amor àquela criança, que mostrava-se tão carente de afeto ao mesmo tempo em que estava rodeada de atenção e pessoas que a amavam.
Luísa: Nahí? - sussurrou baixinho.
Anahí: Oi bebê - afastou o rosto de leve para encará-la.
Luísa: Eu posso levantar bem rapidinho?
Anahí: Pode Lully - soltou o braço que envolvia a menina junto ao seu corpo.
Luísa passou por cima de Any para descer da cama, caminhou até uma mesinha no centro do quarto, onde havia diversas pinturas, separou algumas folhas do monte em busca de um desenho específico, e quando o encontrou pediu para que Anahí soletrasse "Nahí" escreveu algo e voltou para a cama. Passou por cima de Any e se sentou ao seu lado.
Luísa: Sabe o dia das mamães?
Anahí: Sei... – respondeu curiosa erguendo-se um pouco se encostando na cabeceira da cama.
Luísa: A minha professora mandou a gente fazer um desenho de uma coisa pra gente dar pra mamãe, mas só que a minha mamãe não tá aqui ainda - Any a olhava atenta - daí eu fiquei bem triste e a vovó falou pra mim desenhar então uma coisa que eu queria muito muito, e que antes de dormir era pra eu pedir pro papai do céu, você conhece ele? - questionou com uma careta e Any assentiu - ela falou que o papai do céu ouve todas as criancinhas e se eu pedisse o papai do céu ia me dar.
Anahí: Sua vovó tem toda razão Lully, o papai do céu escuta mesmo, todo mundo que conversa com ele - deslizou a mão pelo narizinho da menina - e você fez o que a vovó ensinou?
Luísa: Uhum - disse sorrindo - eu desenhei pra dar pra mamãe, mas eu não quero mais dar pra ela, eu vou dar pra você.
Anahí: Pra mim? - encarou a folha na mão da pequena - Ô meu amor, você não precisa me dar o desenho que fez pra sua mãe...
Luísa: Mas foi você que o papai do céu mandou Nahí - virou o desenho - eu sempre esqueço como escreve essa letra - afundou o dedinho no S.
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Anahí sentiu um nó na garganta ao ver o desenho, e seu nome escrito nele. Foi impossível de frear as lágrimas, quando se deu conta elas já estavam escorrendo por seu rosto. Como podia sentir o que estava sentindo naquele instante por uma criança que ela praticamente havia acabado de conhecer?
Luísa: Nahí era pra você ficar feliz - murmurou passando a ponta dos dedos sobre a lágrima escorrida.
Anahí: Eu estou feliz, muito feliz Lully - puxou a menina pro seu colo - obrigada, eu amei o seu desenho - sentiu os bracinhos envolvendo seu pescoço e a abraçou na mesma intensidade.