Luísa conversava animada com a avó e a madrinha, enquanto as duas preparavam o almoço de domingo. Ruth ouvia a tagarelice da neta com sorriso na boca, mas seu coração estava apertado, a saída repentina de Edgar no dia em que um dos filhos estava os visitando não era normal.
Dulce: Está preocupada dona Ruth? – questionou ao notar a inquietação da senhora.
Ruth: Só estou estranhando essa saída do Edgar, filha – abaixou-se em frente ao fogão para que pudesse olhar o forno – ele não é de sair sem me dizer pra onde vai, e com vocês aqui em casa, ele não sairia se não fosse importante...
Luísa: O vovô disse que a mamãe é bonita igual eu – disse orgulhosa comendo o cereal que Dulce lhe serviu. As duas mulheres se encararam – eu vi a foto dela no quarto do papai...
Ruth: Foi mexer nas coisas dele, Lu?
Luísa: Num mexi não – negou com a cabeça – só abri a porta e vi – ergueu os ombros.
Dulce: Está muito danada essa mocinha! – parou atrás da cadeira da afilhada e prendeu o cabelo dela num rabo de cavalo para que pudesse comer melhor.
Luísa: Queria saber por que a mamãe não gosta de mim – fez um bico enquanto mastigava seu café – se eu também sou bonita...
Ruth: Não pode dizer que ela não gosta de você, claro que ela gosta – encarou Dulce pedindo socorro.
Dulce: Você ainda é muito pequenininha pra entender as coisas Lu... – deslizou a mão pelo rabo que acabava de fazer.
Luísa: Meu pai disse que já sou uma mocinha! – disse de nariz arrebitado.
Ruth: Vai lá pegar o fofinho pra vovó... ele ainda não tomou café!
Luísa deu a última colherada em seu sucrilhos e saiu correndo pela casa em busca do gatinho da avó. Ruth aguardou até a neta pegar distância para que pudesse desabafar com a nora.
Ruth: Me corta o coração quando ela começa a falar da mãe – secou as mãos no pano de prato – o Poncho precisa conversar com ela, responder as perguntinhas que ela tem... Quando era pequena mal questionava sobre a mãe, e agora todo dia solta uma coisa...
Dulce: E pra ajudar – certificou-se que a menina estava longe – Anahí está mais perto do que deveria... – Ruth abriu os olhos em espanto – inclusive, não faz nem uma semana que Poncho e a Lu a encontraram no mercado...
Ruth: Ave Maria, Dulce! – passou a mão pelo braço afastando o arrepio – fiquei toda arrepiada agora! Como é que pode isso?
Dulce: Eles conversaram no reencontro que tivemos do colégio – a sogra parou de mexer a panela para prestar atenção – ela parecia ter muita mágoa dele, e vai ver que por isso não aguentou ficar com a neném...
Ruth: Olha Dulce, vou te dizer uma coisa... Por muito tempo prestei serviços pros Portilla, e a mãe da Any nunca teve um instinto maternal, vai ver que tá no sangue!
Dulce: Eu não sei... Tem alguma coisa nessa história que nunca engoli... Se era para mandar a menina para adoção, por que trazê-la pro Brasil? Maria tinha dito que a Marichelo queria dar um tempo pra Any pensar, mas você acha mesmo que seria ela quem tentaria convencer a Any de ficar com a criança? Ela seria a primeira a concordar!
Ruth: É, pensando assim, não faz sentido mesmo não... – disse pensativa.
Dulce: Eu queria ter coragem de sondar a Maite, pra ver se ela solta alguma coisa... Mas tenho medo de acabar criando uma polêmica e prejudicar o Poncho. Deus me livre se eles tentarem tirar a Lu da gente...
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Quando a Vida Escolhe ❥
Hayran Kurgu"Aquele abraço era o lado bom da vida, mas para valorizá-lo eu precisava viver. E que irônico: pra viver eu precisava perdê-lo..." Anahí Portilla. "E eu, no fundo, te perdoava, te entendia, te amava cada vez mais. Você me mandou embora da sua casa...