Capítulo 45

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Anahí sabia bem de quem era aquela voz, e nunca chegou tão rápido até a sala. Sua vontade era gritar para que Marichelo saísse de perto de Luísa, só não o fez para que esta não se assustasse, desta forma, sua única alternativa era manter a calma, e tirar aquela mulher dali o mais rápido possível.

Anahí: Lully – disse chamando atenção dela, Marichelo estava abaixada conversando com a pequena – vai tomar banho amor, senão iremos nos atrasar... – dizia sem tirar os olhos da mãe, que a essa altura também a encarava.

Luísa: Tá bom! – disse sem perceber a tensão presente na sala, se despediu de Marichelo com um aceno e saiu correndo para o quarto da mãe, suas coisas já estavam praticamente divididas entre os dois apartamentos.

Marichelo: Ela lembra muito você...

Anahí: Saia agora da minha casa! – disse firme encarando a mãe ao notar que a filha já não mais as podia escutar.

Marichelo: Any, por favor, eu só quero conversar!

Anahí: Eu te disse para não se aproximar da minha filha! – caminhou a duros passos até a porta indicando a saída – fora daqui!

Marichelo: Eu não faria mal algum para ela! – ergueu-se, e a frase fez com que Any soltasse uma risada carregada de ironia.

Anahí: Talvez não fizesse mais mal a ela, né Marichelo? Porque mal você já fez! Tanto para ela, quanto para mim, quanto para uma dezena de pessoas que estava em minha volta e do Alfonso!

Marichelo: Eu confesso que fui muito dura com você, filha... – suspirou – durante a vida toda cobrei coisas de você das quais eu gostaria de ter vivido, e talvez eu tenha exagerado em algumas e errado demais...

Anahí: O que você quer hein? Quer dar uma de mãe compreensiva e arrependida da qual nunca fez o mínimo esforço em ser?

Marichelo: Quero que me perdoe Any... – murmurou em meios as lágrimas que teimaram em cair – eu sei que nunca fui a mãe que você gostaria de ter, mas foi essa a forma que aprendi a ser em toda a minha vida... – secou as lágrimas – nada foi fácil pra mim, seus avós também não foram os pais com os quais eu sonhava, queriam que eu me casasse logo por que estudar era coisa de gente importante – riu com mágoa – e tudo o que eu mais queria era me livrar daquela casa infeliz... me esforcei ao máximo para estudar, trabalhar e ser independente, eu lutei por isso... e eu consegui! – sorriu fraco – finalmente eu ia sair daquela cidadezinha de merda e morar fora, tinha conseguido isso por esforço próprio, mas daí, eu engravidei de você... – era possível sentir a mágoa que ela sentia ao reviver aquelas lembranças.

Anahí: Eu não tenho culpa disso Marichelo, eu não...

Marichelo: Eu sei, eu sei que não! – tentou se aproximar de Any, mas essa deu um passo pra trás – eu te amo filha... – disse com as lágrimas retornando – mas eu não queria ser só a sua mãe, só a mulher do doutor Henrique, eu queria ser mais que isso, mas não consegui... – negou com a cabeça – e não foi por falta de determinação, mas no começo era porque você era pequena demais e precisava de mim, depois foi porque seu pai viajava demais e você precisava de mim, e quando eu fui ver, o tempo havia passado e lá estava eu, completamente anulada sendo mãe e esposa...

Anahí: Nada disso para mim anula todo o mal que causou na minha vida... – disse fria.

Marichelo: Tudo o que eu sempre lutei pra ter, você tinha, estava disponível pra você, ali, servido de bandeja... Não precisava lutar por nada, e simplesmente não consegui aceitar que abriria mão daquilo tudo por um homem!

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