Capítulo 33

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Enquanto a respiração começava a voltar ao normal, Alfonso deslizava o polegar sobre a mão dela acariciando-a. Tentava desvendar em seus pensamentos se o que acabava de acontecer era um sim para o pedido que ele fez a pouco. Olhava o teto tomando coragem para questioná-la sobre, mas o medo fazia as palavras morrerem antes de serem ditas. Agora o coração acelerado se dava pela angústia da incerteza do que viria a seguir.

Assim como ele, ela também encarava o teto. Tentava encontrar um jeito menos doloroso possível para acabar com aquele momento tão deles, tão lindo. Aquela noite ficaria gravada em seu coração, mas não poderia privar o filho de crescer junto do pai por um capricho dela em querer reviver um amor que nem sabia se daria certo, afinal, ela conhecia Alfonso bem demais para saber que mesmo se desculpando por tudo que falou, era exatamente aquilo que ele pensava. Ela pode sentir o peso da mágoa dele em relação à escolha dela em omitir que tiveram uma filha, e sabia o quão orgulhoso ele era, possivelmente jamais a perdoaria por isso.

Anahí: Preciso ir para casa... - disse num sussurro.

Ele virou o rosto para que pudesse encará-la e por instinto ele apertou a mão na dela.

Anahí: Eu não posso abrir mão do meu casamento, Poncho... - ele desviou o olhar e novamente encarou o teto, os dedos ainda acariciavam a mão dela - preciso que saiba, que não duvide do quanto eu amo você... - a voz já ganhava o tom do choro preso na garganta - se dependesse só de mim, tudo o que eu mais queria agora era poder ficar aqui, com vocês. Mas não dá... - por um minuto ela acreditou que ele a ignoraria completamente, mas então, ele voltou a olhá-la.

Alfonso: Acho que já me acostumei a não ser a sua primeira opção - sorriu fraco.

Anahí: Poncho, será muito mais difícil pra eu sair da sua vida dessa vez - as lágrimas já pingavam de seus olhos - não é fácil ir embora tendo a certeza de que ninguém consegue me fazer sentir tudo o que sinto quando estou com você... Mas é tão preciso... - murmurou - preciso parar de remar pra tão longe do cais quando sei que o barco provavelmente vai afundar... Todo o nosso passado se tornaria uma bomba-relógio entre nós, e um dos dois se machucaria tentando desarmá-la...

Alfonso: Por favor, não faz isso... - puxou a mão dela pra perto de sua boca e a beijou - Não abre mão da gente de novo, não saia da minha vida por tão pouco... Vamos fazer dar certo!

Anahí: Pode parecer pouco pra você, mas nada é mais importante pra mim do que essa criança... - sentiu quando ele soltou sua mão, ela percebendo que o clima não ficaria dos melhores, se levantou e começou a se vestir.

Alfonso: Te entendo, Anahí - balançou a cabeça em negação e se sentou na cama - é mesmo admirável abrir mão de algumas coisas por conta de um filho, eu te entendo de verdade, eu fiz o mesmo, sozinho - pegou a boxer no chão e a vestiu - E longe de mim me fazer de vítima da nossa história, nós dois tivemos nossos erros e acertos, e nós dois sofremos muito, mas lá atrás eu fui de peito aberto ser para-raios das suas vontades, aceitei tudo... Distância, tempo... Fui sua companhia independente do horário,. Eu fui. Voltei. Esperei. Senti. Me desdobrei em pedaços Any, e não sei dizer se um dia consegui juntá-los, sempre te dei de mim o que melhor podia dar, principalmente o meu amor e isso não foi o suficiente, nem mesmo nossa filha foi suficiente para que optasse por nós. Talvez nunca nada seja o suficiente, porque você sempre vai embora no fim.

Anahí: Olha o passado aí de novo, percebe? - deu um riso fraco - Acho que é hora de ir embora quando mesmo sem intenção, a outra pessoa nos fere. E, mesmo escutando seu pedido para que eu fique, eu sei no fundo que não é a melhor coisa a se fazer, já nos machucamos demais... - andou disposta a sair do quarto, mas sentiu quando ele a puxou de volta e a aninhou em seus braços.

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