Quando a Vida Escolhe ❥

Capítulo 48

Anahí deixou a boca entreaberta com o sobressalto que teve ao encarar Stefan do outro lado da porta. Ele estava diferente, parecia mais magro, com olheiras, e o rosto abatido. A porta aberta não o fez tomar ação nenhuma, permanecia escorado de lado no batente enquanto mantinha as mãos por dentro dos bolsos da calça social.

Ele também a encarava, provavelmente com a sensação oposta. Ela estava linda com os sinais da gravidez aparecendo, os olhos apesar de demonstrarem certa tensão já não carregavam a tristeza de antes; parecia estar feliz, feliz e completa, algo que soava um tanto contraditório para alguém que estava há semanas sem ver o marido.

Anahí: Entra... – disse dando espaço sem ao menos um beijo.

Calmamente ele se desencostou e sem retirar as mãos do bolso ele adentrou o apartamento, passou os olhos pelo ambiente antes de fixá-los novamente nela.

Stefan: Parece estar bem maior pessoalmente... – disse encarando a barriga dela.

Anahí: Agora parece que ele cresce um pouco mais todos os dias – deixou um sorriso leve escapar nos lábios ao passar a mão por cima da barriga.

Stefan: Por que não está usando a aliança? – ela soltou um chiado com a boca, foi baixo, quase inaudível.

Anahí: Nós temos que conversar... – xingou-se mentalmente por aquilo ser a melhor coisa que conseguiu dizer.

Stefan: Eu sei, por isso estou aqui... – riu fraco, o jeito que ela agia entregava tudo, nada mais era a mesma coisa. Caminhou até a porta da sacada tirando as mãos do bolso junto com um maço de cigarro, o ergueu a encarando – posso?

Ela olhou em direção aos quartos, nem Alfonso ousava fumar ali. Pensou em chamá-lo pro seu apartamento, mas Luísa poderia acordar a qualquer momento, por isso abortou a ideia, mas estava tensa demais para criar caso com ele.

Anahí: Tudo bem... – encolheu os ombros incomodada com a própria permissão.

Ele balançou a cabeça concordando, abriu a cartela do cigarro e tirou um. Colocou a mão no bolso novamente tirando um isqueiro dali, e o acendeu. Anahí acompanhava os gestos dele.

Stefan: Eu percebi que você estava diferente da última vez que estive aqui – levantou o rosto para soltar a fumaça pra longe enquanto tirava a jaqueta a largando sob o sofá – só que na minha cabeça quando o relacionando está cansando um dos dois, só resta duas opções – a encarou levantando um dedo – você diz que não quer mais e joga tudo pro alto – levantou o outro dedo – ou você pega na mão do outro e tenta mudar o que está ruim... lava a roupa suja, sabe? Não fazia parte das minhas alternativas ter a minha mulher, e grávida, se envolvendo com outra pessoa... Falha minha perceber tarde demais, né? – soltou na lata.

Ouvir aquelas palavras foi como um soco no estômago para Anahí. Ela havia errado, e sabia disso.

Anahí: Eu errei feio com você, e estou completamente ciente disso, não existem explicações que eu diga que possam amenizar o que fiz... – suspirou – depois da primeira vez eu jurei que nunca mais me aproximaria dele, eu me senti a pior pessoa do mundo, e confesso que queria voltar pra nossa casa e seguir como se não houvesse acontecido... Pensei que seria fácil empurrar as coisas com a barriga... – soltou após segundos de silêncio e ele a olhou enquanto soltava a fumaça pela boca – cheguei a pensar que pegaria um voo de volta pra Londres e uma hora tudo voltaria a ser como era..., pensei que um milagre aconteceria e tudo ficaria bem de novo, foi pensando assim que comprei a passagem de volta. Só que tudo saiu do meu controle, veio o acidente, a Luísa... Enfim... nos aproximamos demais, e quando eu vi, estava completamente envolvida – confessou.