EPÍLOGO - SEGUNDA FASE

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Eles se amam. Todo mundo sabe, mas ninguém acredita. Não conseguiram ficar juntos. Simples. Complexo. Quase impossível. Ela continua vivendo sua vidinha idealizada e ele continua idealizando sua vidinha. Alguns dizem que jamais dariam certo. Outros dizem que foram feitos um para o outro. Eles preferem não dizer nada. Preferem meias palavras e milhares de coisas não ditas. (...) Todas as noites ela pensa nele, e todas as manhãs ele pensa nela. E assim vão vivendo até quando a vontade de estar com o outro for maior do que os outros. Enquanto o mundo vive lá fora, dentro de cada um tem um pedaço do outro. E mesmo sorrindo por aí, cada um sabe a falta que o outro faz. Nunca mais se viram, nunca mais se tocaram e nunca mais serão os mesmos. (...) E que no momento certo se reencontrem e que nada, nada seja por acaso.

Tati Bernardi

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Seis anos depois...

Alfonso Herrera era conhecido por todos naquela redação, tinha se tornado o diretor executivo há dois anos, quando Miguel decidiu aposentar-se. Fora exatamente quando ele acabou de concluir a faculdade em letras. Os rumores na época era de que nada daquilo era lhe dado por competência, e sim puramente pela interferência da filha do dono, Manuela.

Mas a verdade era que o rapaz era incrivelmente bom naquilo. Possuía uma expertise que muitos que estavam no ramo há anos não tinha. Era político a ponto de conseguir as melhores matérias e fechar com os melhores anunciantes. Agora finalizava sua especialização em "marketing digital e gestão de mídias sociais", por isso duas vezes na semana chegava em casa tarde de noite, como aconteceria aquele dia.

Estava exausto, suas aulas haviam praticamente acabado, mas precisava ainda defender seu trabalho de conclusão de curso, e seu orientador havia acabado de lhe entregar uma lista de observações que necessitavam ser alteradas em seu estudo. Entrou no carro e assoprou as mãos buscando aquecê-las contra o intenso frio que maio trazia. Lembrou-se que Anahí faria aniversário em poucos dias. Balançou a cabeça como se espantasse a lembrança de um passado distante, e seguiu rumo à sua casa.

Enquanto esperava o portão do condomínio abrir, seus pensamentos voaram novamente para o passado, novamente para Anahí. Tinha curiosidade em saber como ela estava hoje, visto que a última vez em que soube algo sobre ela, tinha sido há quase seis anos. E a lembrança causou um aperto no peito. Nos últimos dias tentou saber algo pelas redes sociais, mas chegava a ser espantoso como não encontrava absolutamente nada. Até as redes sociais de Maite e Lexie eram restritas. Enfim, o fato era que não tinha a menor ideia de como estava a vida dela.

Apesar de lembrar dela com frequência, nos últimos dias parecia que a saudade estava batendo com mais intensidade. Desde o encontro com Karev para negociar a compra daquele apartamento que morava agora, e a notícia que faria um reencontro da turma, sua mente não conseguia parar de imaginar a possibilidade de revê-la. Obviamente que não questionou Alex sobre a ida dela, mas se apegou na fala do amigo, quando este disse: Todos estarão lá!

Mais uma vez naquela noite sacudiu a cabeça afugentando seu passado. O que estava pensando afinal? Anahí estando ou não estando presente, naquela altura de sua vida, nada mudaria. Recebeu uma buzina do morador que também aguardava para entrar no condomínio, e por fim seus pensamentos foram cessados.

Entrou em casa estranhando o silêncio. Deixou a pasta sob a mesa de jantar, desfez o nó da gravata e abriu os primeiros botões da camisa social. Caminhou até a cozinha e abriu a geladeira, a vontade era pegar aquela Heineken que aparentava estar bastante gelada, mas ainda era quinta-feira, deixaria pro dia seguinte. Resolveu beber um pouco de iogurte, apenas para enganar o estômago.

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