Ruth permanecia com Luísa nos braços, os olhinhos da neta estavam fechados, a medicação dada para espantar a dor a deixara sonolenta. Após a saída de Any do quarto Dulce e a sogra conversavam medindo as palavras para que a criança não percebesse a seriedade do assunto.
Ruth: Não deram nenhuma notícia sobre o quadro de saúde dele?
Dulce: Até agora não – suspirou – mas Maite me disse que ele estava bem menos machucado que a Lex, e graças a Deus ela acabou de acordar.
Ruth: Estou tudo mundo estranho Dulce – confessou encarando a nora – em menos de uma semana meu filho e meu marido sendo vítimas de acidente de carro...
Dulce: Eu não quero relacionar uma coisa com a outra Ruth, mas confesso que foi meu primeiro pensamento quando Maite me disse que Poncho tinha sido atropelado.
Ruth: Alguém anotou a placa do carro?
Dulce: Um grupo de adolescentes iam encaminhar um vídeo que gravavam quando o carro surgiu... Talvez nele dê para pegar as descrições do carro, acredito que não foi gerada nenhuma ocorrência no local, mas preciso conversar com a Maite, foi tudo tão corrido que nem tive tempo de questionar essas coisas...
Ruth: Assim que ela receber o vídeo, peça para ela repassar pra você... Encaminho direto para o doutor Artur, quem sabe ele consegue descobrir alguma coisa... Ele anda me ajudando bastante com relação ao acidente de Edgar, está quase conseguindo recuperar a ligação que ele recebeu aquela madrugada...
Dulce: Claro, eu vou pedir... – encarou Luísa dormindo – acho melhor colocá-la na cama, ela ainda não conseguiu relaxar com toda essa loucura.
Ruth encarou a neta dormindo em seu colo e fez o que a nora aconselhou. Ajeitou-a na cama e passou a mão colocando a franja já molhada pelo suor para cima.
Ruth: Tenho medo do que pode acontecer Dulce... – sussurrou com os olhos sob a neta.
Dulce: Do que exatamente? – eram tantas coisas ruins acontecendo.
Ruth: Medo da Anahí levá-la embora...
Dulce: Não... – negou com a cabeça – ela não faria isso. Ela sabe que Luísa ama o pai, e não iria separá-los...
Ruth: Será mesmo? – encarou a nora – se eu tinha medo achando que ela havia dado Luísa, agora sabendo que ela foi tão enganada quanto Alfonso eu tenho mais medo ainda... Ela está ferida, tiraram dela seis anos de vida da filha... Eu não sei se ela colocará a razão acima da emoção. Ela tem uma vida longe daqui Dulce, ou ela vai ter que mudar a vida dela ou vai tentar mudar a vida da Luísa...
Dulce: Não quero nem pensar nisso agora... – disse angustiada.
Ruth: Estou feliz porque agora Luísa enfim vai ter a mamãe que ela sempre quis, mas ao mesmo tempo... Não consigo acreditar que a Anahí não vai separá-la do pai e levá-la para longe de todos nós...
Dulce ficou em silêncio, toda aquela conversa não estava lhe fazendo bem. Estava preocupada com o cunhado, preocupada com Luísa, e preocupada com o marido que estava totalmente desalentado com tudo o que acontecia na família. Desejou que todo o medo da sogra fosse apenas um medo bobo e que nada daquilo se materializasse, pois seria muito duro pra eles, e principalmente para Luísa ser objeto de uma disputa entre os pais. A conversa havia acabado ali, mas sequer imaginaram que a pequena estava prestando atenção em tudo.
(...)
Não foi possível calcular exatamente quantos minutos Any despendeu de energia tentando reanimar sua melhor amiga, e ninguém no quarto teve condições emocionais de interromper aquele momento, pois sabiam que ela precisava daquilo, ela precisaria sentir que tentou até o último momento salvar a vida de Lex. Os braços trêmulos e o choro intenso de Any faziam com que a massagem fosse perdendo o ritmo aos poucos
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Quando a Vida Escolhe ❥
Fiksi Penggemar"Aquele abraço era o lado bom da vida, mas para valorizá-lo eu precisava viver. E que irônico: pra viver eu precisava perdê-lo..." Anahí Portilla. "E eu, no fundo, te perdoava, te entendia, te amava cada vez mais. Você me mandou embora da sua casa...