EPÍLOGO - PARTE II

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Lá fora todos já estavam sentados em seus devidos lugares. Os convidados não eram muitos, eram apenas amigos mais próximos e os familiares do casal, por isso optaram por usar a casa de Enrique para a cerimônia e festa de casamento.

O jardim havia se transformado em um belo caminho até o altar, Mai decidiu dispensar o tapete e deixar lindos arranjos de tulipas brancas delimitar as laterais do corredor por onde a noiva passaria até o altar, onde os padrinhos já estavam a postos e onde Ruth acabava de deixar o filho.

A música escolhida por Any para caminhar ao encontro de Poncho começou a ser cantada fazendo com que todos os convidados se virassem para que pudessem ver a noiva entrar, o que causou um suspiro em uníssono ao verem um mini Alfonso de terninho todo sorridente e segurando uma plaquinha "Papai, prepara seu coração... Lá vem o amor de nossas vidas!".

Se Poncho tentava ser forte, foi quando bateu os olhos no filho que as lágrimas que tanto segurou, escaparam. Sorriu ao ver Luísa logo atrás caminhando no mesmo ritmo do irmão enquanto jogava pétalas de rosas decorando o caminho por onde a mãe passaria. E seu coração derreteu de por completo quando avistou Anahí - absurdamente linda - caminhando em sua direção. Respirou fundo buscando o ar que parecia faltar em seus pulmões, a mão estava fria tamanho nervosismo, após anos de muito amor enfim selariam a união.

Anahí também sentia o estômago revirar e o choque percorrer todo o corpo quando deu o primeiro passo em direção ao seu futuro e oficialmente marido. Já havia estado naquela posição de noiva, mas nem de longe sentiu o que estava sentindo naquele momento, porque dessa vez ela se casaria com ele, o homem que estava a alguns metros de distância com olhar carregado de amor enquanto recebia seus dois filhos que acabavam de terminar o caminho que ela estava apenas começando.

Aquele homem quem lhe fez descobrir que para ser feliz era preciso muito, muito pouco, a ensinou que paixão boa mesmo era a deles, uma paixão sincera, sem joguinhos e sem medo. O homem que a olhava todos os dias nos olhos antes de dormir e lhe dizia o quanto a amava, e que recebia em troca uma resposta recíproca e verdadeira. Era com ele que ela fazia amor quase todos os dias e não conseguia entender como não enjoavam um do outro. O relacionamento deles era do tipo inacreditável de existir. E então, pensando nisso tudo, ela abriu ainda mais o sorriso enquanto caminhava para se encontrar com o amor de sua vida.

Ela tentava não prestar atenção na música que tocava, a mesma que centenas de vezes cantarolou em sussurros no ouvido de Poncho, pois sabia que choraria e não queria chorar, ao menos não naquele momento. Precisou respirar fundo diversas vezes para segurar o choro durante seu trajeto. Percorreu o olhar sobre as pessoas atrás de Poncho, sentiu o coração aquecer ao ver seu pai sorrindo emocionado ao lado de Cam que já chorava; Ruth e Edgar com seus enormes sorrisos; Dulce com seu novo barrigão e Ucker ao lado; Alex e Jô esbanjando alegria em ver os amigos se casando e por fim, Koko e Maite que a todo momento precisava levar o lencinho aos olhos a fim de secar as lágrimas antes delas lhe borrarem a maquiagem.

Encarou os filhos ao lado de Alfonso e precisou de muito esforço para não deixar as lágrimas caírem; eram aqueles três que davam sentido em sua vida, era pra ele e por eles que existia. Luísa a encarava com os olhos faiscando de felicidade e Bernardo balançava o corpo ansioso para aquele ritual todo acabar e poder sair correndo pelo quintal do avô, e isso a fez rir. Rapidamente passou os olhos pela plateia que a acompanhava, e pode enxergar muitos rostos importantes pra ela, e já chegando ao altar, em mais uma passada de olho, alguém lhe fez perder toda a compostura.

Marichelo na primeira fileira, ao lado da mãe de Dulce. Seu coração disparou. Lentamente voltou os olhos para Alfonso que já havia descido do altar para encontrá-la e por sorte ele a segurou pela mão antes que ela empacasse ali tamanha surpresa. Sentiu quando a mão dele apertou a sua lhe dando apoio para subir. Ela sussurrou um "obrigada" emocionado, e ele apenas sorriu. Fazia aproximadamente seis meses que ela havia decidido se reaproximar da mãe, depois de anos ignorando as cartas que recebia. Por anos tentou abafar a angústia que sentia pela falta de contato com Marichelo, até que resolveu ir até o centro de detenção; a mãe se surpreendeu quando recebeu a notícia que tinha uma visita, e que não era seu advogado, quando entrou na sala e viu a filha, foi aos prantos ao seu encontro. Marichelo havia mudado muito, tanto fisicamente quanto em seu jeito de ser, e Any sentiu que havia verdade nos pedidos de desculpa, tanto que prometeu que quando ela passasse para a semiliberdade, a deixaria ter contato com os netos.

O casamento seguiu como de costume; o juiz de paz proferiu sua palavra, os noivos trocaram o aguardado sim, ouviram o ansiado "eu vos declaro marido e mulher" e deram o desejável beijo sob os aplausos e clamores dos convidados.

A festa foi animada, com direito a tradicional valsa dos noivos e uma coreografia bem especial dos padrinhos. O casal foi o centro das atenções e por isso não viam a hora de sair dali correndo e aproveitarem a lua de mel. As crianças se revezariam na casa dos tios e avós até o retorno dos pais. Bernardo estava adorando a ideia de curtir uns dias na casa dos primos; já Luísa questionou a mãe diversas vezes dias antes do casamento, quanto tempo ficariam distantes, e quando o casal finalmente decidiu partir da festa, foi a pequena quem deixou Any de coração partido com a despedida. O abraço foi o mais demorado e já cheio de saudade.

Anahí pediu para que o motorista que os levava para o aeroporto parasse em determinado ponto durante o percurso. Poncho decidiu aguardá-la no carro. Ela encolheu os ombros enquanto caminhava até o jazigo de Lex. Em anos nunca havia estado ali, e talvez se não tivesse levado o sonho das duas tão a sério, jamais teria ido. Segurou mais forte o ramo de flores que havia comprado na entrada do cemitério. Os olhos encheram de lágrima ao ler o nome da amiga. Olhou em volta a fim de identificar se alguém a olhava, mas estava absolutamente só, o que a deixou mais aliviada para se expressar.

Anahí: Não sei o que me fez vir aqui, mas... - suspirou - de alguma forma eu sei que estava comigo hoje... - tocou no colar que havia ganhado de Mark - eu vou superar Lex, eu só... sinto muita saudade... - parou um pouco quando sentiu a voz embargar - queria que tivesse visto sua casa pronta, que ouvisse a Luísa me chamar de mãe, que brincasse com o Bernardo no chão da minha casa... como fazíamos com a Sophi... - sorriu ao lembrar - queria dividir mais um pote de sorvete, ou uma garrafa de vinho... se eu soubesse que seria a última vez que eu ia te ver aquele dia, teria apertado mais o abraço antes de ir pro aeroporto... - murmurou antes de suspirar e deixar as flores ao lado do nome de Lex - mas alguém um dia me disse que não estamos onde o corpo está, e sim onde mais sentem a nossa falta... então, eu nem preciso dizer... Você sempre estará aqui... - encarou a foto da amiga por um tempo antes de ir embora.

Retornou pro carro e encostou a cabeça no ombro de Poncho que passou um braço em volta do corpo dela e a puxou mais pra perto de si. O motorista deu partida para levá-los ao aeroporto. Ele se sentia realizado e radiante, ela se sentia leve e abençoada. E sequer faziam ideia que voltariam pra casa gerando mais uma sucessão daquele amor... e que a pequena Lexie traria a sensação de que estavam finalmente completos.

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