Capítulo 23

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Edgar demorou um tempo até conseguir sair do lugar onde estava. Tentava a todo custo achar sentido naquilo que Maria acabava de confessar, mas não entrava em sua cabeça como Marichelo poderia ter tirado a bebê de Anahí sem seu consentimento. Se ela era capaz de causar tamanho sofrimento na filha, era capaz de atentar contra qualquer pessoa. E pensando nisso, decidiu que contaria tudo ao Poncho, tinha ciência que não poderia guardar aquele segrego para si, Alfonso e Anahí mereciam saber a verdade, e ainda mais que os dois, Luísa merecia! Ele percebeu o quanto a neta tinha mudado nos últimos anos, claro que ela não sentia falta de Anahí, pudera, pois sequer sabia quem ela era. Mas era nítido que a menina sentia falta de ter uma mãe, de saber como ela era, qual era seu nome, se eram parecidas... E por isso precisava fazer algo, não poderia privar a neta da possibilidade de ter sua mãe consigo.

Acreditou que não conseguiria dormir com aquilo fervilhando em sua mente, precisava conversar com alguém. Ruth já estava dormindo com Luísa, e o filho e a nora haviam saído e ainda não tinham chegado, por isso ele decidiu que ligaria para Alfonso e conversaria com ele por telefone mesmo, estava disposto a ir até São Paulo para conversarem no melhor a se fazer, mas naquele momento ele precisava compartilhar com alguém! Discou o número do celular do filho e aguardou chamar até a ligação cair na caixa postal. Suspirou frustrado. Provavelmente o filho também estaria dormindo. Ligou novamente, chamou, chamou e caiu na caixa postal. Teria tentado mais uma vez, se um barulho vindo do quarto do Poncho não tivesse lhe tirado a atenção.

Edgar: Lulu? – disse ao abrir a porta do quarto do Poncho – o que está fazendo aqui sozinha?

Luísa: Eu acordei e a vovó não quis acordar vovô – coçou os olhinhos pequenos pelo sono – vim procurar a dindinha... Mas olha só o que eu achei! – disse empolgada com metade do corpo debruçado sob a cama do pai.

Edgar: Sua madrinha ainda não voltou amor – entrou no quarto para que pudesse ver a descoberta da neta, Poncho nunca deixava Luísa entrar ali, nem mesmo Ruth, justamente para que a menina não se deparasse com as diversas fotos que agora estavam espalhadas pela cama. Edgar gelou. Encarou a neta e novamente as fotos. – Onde achou isso, Lu?

Luísa: Bem ali – apontou o guarda-roupa.

Edgar: Você não pode mexer nas coisas do seu pai, filha... – sentou-se na cama juntando todas aquelas fotografias.

Luísa: É a minha mamãe! – disse com os olhinhos brilhando enquanto deslizava o dedinho sobre a imagem de Anahí com o rosto colado no de Alfonso.

Edgar: É filha, é a sua mãe - afagou o cabelo da pequena, toda vez que Luísa interrogava sobre a mãe todos desconversavam, aquele assunto deixava Alfonso desconfortável, além da mágoa de todos pelo que Anahí havia feito. Mas dessa vez foi diferente, pois talvez Anahí também sofresse pela ausência da filha.

Luísa que esperava ser repreendida, abriu um imenso sorriso com a confirmação do avô, então aquela ali era a sua mamãe! Os olhinhos curiosos corriam pela única foto que havia sobrado em cima da cama, já que Edgar havia recolhido as outras. Analisava cada detalhe daquela imagem.

Luísa: O cabelo dela parece o da Barbie, né vovô? - os olhos brilhavam encantados com este detalhe, jamais chegou tão perto de algo da mãe .

Edgar: Ela é muito bonita Lu, igual você! – sorriu – agora vamos guardar? Seu pai vai ficar bravo se souber que mexeu aqui – esticou a mão para que a neta lhe entregasse a foto.

Luísa: Tchau mamãe – se despediu olhando a foto, depositando um beijinho no rosto de Anahí, na sequência esticou a foto pro avô que tratou de juntar com as demais e colocar de volta no guarda-roupa – como é o nome da minha mãe, vô?

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