Capítulo 2O

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Anahí se levantou apressada com o barulho, abriu a porta com a expectativa de identificar o motivo dele. Percebeu que Maria já colocava os pequenos pedaços do copo que havia se espatifado pelo chão sobre a bandeja de alumínio.

Anahí: Maria! O que aconteceu? – agachou-se para que pudesse ajudá-la.

Maria: Perdi o equilíbrio filha... – tocou o braço da Any para que essa parasse imediatamente o que fazia – pode deixar que junto tudo isso num instante, vai se machucar com esses vidros...

Anahí: Não mesmo, a senhora quem deve parar – levantou e puxou a idosa consigo, ao encará-la nos olhos percebeu o quanto ela tinha envelhecido, já deveria estar aposentada, mas implorou para que Henrique a levasse para São Paulo, sentia-se útil trabalhando.

Henrique: Deixe isso aí Maria – disse concordando com a filha – Angélica! – chamou a outra funcionária da casa.

Anahí: Me dá isso aqui sua teimosa! – pegou a bandeja das mãos de Maria e olhou o pai – onde fica a cozinha?

Henrique: Fica por ali – indicou com o dedo – chame a Angélica para dar conta disso – Any concordou antes de sair dali – E a senhora, vamos já medir essa pressão, vem cá – puxou a funcionária com cuidado para dentro de seu escritório.

Maria: Santo Deus, não precisa de tanto zelo não... – tentou se esquivar do patrão, mas esse permaneceu firme a sentando na cadeira antes ocupada por Anahí.

Henrique: Sabe que Anahí não vai te deixar em paz até que tenha certeza de que está bem... – riu sendo seguido pela senhora.

Maria: Mas foi só um mal-estar passageiro seu Henrique – observava-o medindo sua pressão – A menina ficou uma moça bonita né seu Henrique? Puxa vida, nem parece a mesma...

Henrique: Ficou sim Maria – sorriu orgulhoso – a pressão está um pouquinho alta, mas não ao ponto de preocupar-se...

Maria concordou com a cabeça agradecida, levantou-se da cadeira e encarou a porta a saber se alguém lhes podia ouvir.

Maria: Seu Henrique... a filha da Anahí faleceu foi? – sussurrou, desde quando Henrique chegou de Londres, dias depois de Marichelo ter chegado com a neném, nada foi dito a respeito da criança. Parecia que ele e a esposa haviam feito um pacto de silêncio. Ela, acreditando que se tratava da decisão em dar a menina, nunca questionou nada a ele.

Henrique: No dia do parto Maria... – franziu a sobrancelha – você não sabia?

Maria: Dona Marichelo estava muito agitada quando chegou lá de fora... – passou as mãos no avental, nitidamente nervosa – não quis questionar nada... depois nunca mais se falou do neném... eu não quis tocar no assunto.

Henrique: Melhor mesmo Maria – suspirou – a perda da filha causou um sofrimento muito grande na Any, e não devemos ficar tocando no assunto mesmo – piscou para a idosa que concordou com a cabeça. Ambos olharam pra Anahí quando ela retornou.

Anahí: Tudo bem Maria? – aproximou-se passando um braço por trás das costas da senhora – que susto nos deu...

Maria: Não precisa se preocupar não Any – disse sorrindo de orelha a orelha podendo encarar a menina bem pela primeira vez. Mesmo que tenha chegado na casa dos Portilla quando a filha do casal já estava com quase oito anos, participou de seu crescimento e tinha um carinho imenso por ela, assim como sentia por Henrique.

Anahí: Nada de trabalhar hoje, viu? Vai descansar, cuidar um pouquinho de você!

Maria: Ah, mas tá bom! – disse ofendida – sou velha, mas ainda aguento viu? – tirou risos de Any e seu pai.

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