CAPÍTULO 26 - MUDANÇAS

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ANY'S POV

Assim que cheguei em casa depois de horas em um avião começei a arrumar minhas coisas, eu sabia que ele viria atrás de mim e eu não queria vê-lo, não agora.
Pode parecer exagero, mas sempre tive dificuldade em confiar nas pessoas, e quando eu confio sou enganada.
Sempre foi assim e dessa vez achei que seria diferente, mas estava errada, e eu sabia que ele tentaria mudar minha opinião e viria com muitas desculpas e mentiras sobre o que aconteceu e eu não precisava disso agora.
Mas o que ele poderia dizer?
Em um dia ele diz que está apaixonado por mim e que queria começar um relacionamento, e no outro beija a noiva do irmão, do lado de fora de um restaurante, onde qualquer um poderia ver.
Eu não preciso de explicações para uma coisa que eu vi, ele beijou ela e foi mais de uma vez. Agora ele deve estar rindo da minha cara e do papel de idiota que eu fiz acreditando nele. Então eu não daria chance pra ele se explicar, ficaria o máximo possível longe dele e da empresa, e esqueceria de tudo, não queria ser magoada novamente.
Arrumei o máximo de coisas que consegui e coloquei tudo em caixas, o que não coube eu deixei pra trás.
A casa era alugada e eu passei pouco tempo aqui mas sentiria saudade dos momentos que vivi, das festas do pijama com as meninas e das horas conversando e bebendo com o Kristyan no sofá da sala.
Mas se eu queria mesmo recomeçar deixaria tudo pra trás.
Levei minhas roupas em uma mala e as peças que comprei com o dinheiro do Josh coloquei em uma caixa com o resto das coisas que ele me deu, incluindo o anel de noivado que antes me parecia tão bonito, mas que agora eu não aguento olhar.
Até pensei em ficar com tudo, mas reconsiderei a idéia e achei melhor devolver, talvez assim ele me deixasse em paz.
Depois de colocar tudo que consegui no carro foi para meu próximo destino: a empresa.
Seria a última vez que eu pisaria ali, esse com certeza foi o melhor lugar que eu já trabalhei. Embora eu não gostasse da correria e dos pedidos loucos do Josh, irei sentir falta disso, das pessoas, dos amigos que fiz aqui, é impressionante como nos apegamos com algo ou alguém em tão pouco tempo.
Cheguei na empresa e fui direto pro RH, aqui trabalha uma senhora muito gentil, eu e o Krys passávamos o horário de almoço aqui conversando com ela, as vezes ela trazia biscoitos ou pedaços de bolo que fazia em casa.
- Oi dona Sílvia.
- Oi menina, é bom ver você. Soube que viajou com o patrão, como foi?
- Nada bem, essa viajem nunca deveria ter acontecido, mas eu não gostaria de falar sobre isso.
- Entendo, é uma pena que a viajem não tenha dado certo. Posso fazer algo por você? Eu trouxe alguns cookies, estão no meu armário se quiser eu posso pegar.
- Agradeço, mas fica pra outro dia, quero sair daqui o mais rápido possível... eu vim aqui pedir demissão Silvia.
- Nossa, a viajem foi realmente tão ruim assim?
- Infelizmente foi.
- Não tem nada que eu possa fazer ou falar para te convencer, não é ?
- Não, eu não posso mais ficar aqui todo dia trabalhando pra ele.
- É uma pena, vou sentir sua falta mocinha, você e seu amigo são as melhores companhias que eu tive em muito tempo aqui.
- Também vou sentir falta da senhora e dos seus maravilhosos biscoitos, mas prometo ir te visitar na sua casa algúm dia.
- Eu vou esperar em, e seu amigo também.
Assinei a carta de demição e me despedi de Silvia, só depois de prometer que iria passar uma tarde com ela na semana que vem.
Também me despedi de mais algumas pessoas: do Lamar, da Shivani e da Savannah que ficaram tristes com a minha demissão, mas entenderam.
Não encontrei o Kristyan mas as meninas me deram a chave que ele deixou para mim.
Eu passaria algúm tempo na casa dele até arrumar outro lugar que eu possa pagar.
Cheguei na casa do Krys e embora o lugar fosse pequeno era agradável.
Tinha muitos quadros de bandas famosas no corredor e na sala tinha muitos pufes e almofadas coloridas, a cozinha também era toda colorida e as xícaras eram cada uma com uma cor, com certeza esse lugar era a cara do meu amigo.
Fui em direção a um quarto no fim do corredor, o Krys disse que antes aqui era o quarto da bagunça, mas que ele limpou tudo e tentou deixar do melhor jeito possível, e eu tinha permissão para mudar o que quisesse.
O quarto era todo branco com exceção de uma parede pintada de um azul claro, tinha uma cama embaixo da janela e do lado um criado mudo e na outra parede um guarda-roupa e uma penteadeira.
Era simples, mas aconchegante... o que já me fez se sentir em casa.
Tirei minhas coisas da mala e começei a arrumar dentro do quarda-roupa, eu tava cansada e queria dormir, mas preferia arrumar tudo primeiro.
Depois que terminei fui tomar um banho quente e demorado e comer alguma coisa, e finalmente me deitei pra dormir, e diferente dos últimos dias fui vencida pelo cansaço e entrei em um sono rápido e sem sonhos.

QUEBRA DE TEMPO

Acordei duas horas depois com o barulho da porta sendo aberta, olhei a hora no celular e me surpreendi ao ver que faltavam uma hora pro Kristyan sair do trabalho.
Quem poderia ser?
Fiquei apreensiva se saia ou não do quarto, por fim decidi sair, mas primeiro peguei o abajur do lado da minha cama como arma.
Quais as chances disso dar errado?
Sai do quarto na ponta do pé tentando fazer o mínimo de barulho possível, quando cheguei na sala tava tudo escuro.
Vi um vulto indo em direção a cozinha, então segui quem quer que fosse e bati com força na cabeça da pessoa por trás, ouvi um grito e a pessoa caiu no chão, então acendi a luz.
Tive uma enorme surpresa quando vi o Kristyan jogado no chão com a mão atrás da cabeça de onde saia sangue de um pequeno corte.
No começo não sabia o que fazer, mas aí começei a rir até não aguentar mais e me jogar  do lado dele, sério? Qual era o meu problema?
Krys me olhava agora com uma olhar assassino de quem fez ele sentir dor e ao invés de ajudar ficou rindo, o que realmente aconteceu.
- Para rir vagaba e me ajuda.
Usei o máximo de controle que tinha pra parar de rir, levantar e ajudar ele.
- Que merda foi essa? Eu te abrigo na minha casa e  é assim que você me retribui? Que bela amiga em.
- Não exagera, eu achei que era um ladrão, você deveria chegar só daqui uma hora, deveria ter avisado que saiu antes.
- Você é louca? Se fosse um ladrão você acertaria ele com um abajur? E se ele estivesse armado?
- Eu não pensei nisso.
- Ah, ai eu chegaria e encontraria você aqui morta no chão da minha sala. O que eu ia falar pra polícia?
- Desculpa, eu fui mesmo muito idiota deveria ter ficado no quarto e ligado pra polícia. Prometo não te acertar com um abajur da próxima vez.
- Bom mesmo, porque  isso aqui ta doendo.
- Vem, eu te ajudo a limpar.
- É o mínimo né.
Peguei uma caixinha de primeiros socorros que o Krys guardava no banheiro e voltei pra sala para ajudar ele com o corte.
- Mas me diz, por que voltou mais cedo?
- Eu me demiti.
Parei o que estava fazendo e olhei pra ele.
- Se demitiu? POR QUE?
- Eu disse que faria isso. Eu não ia querer trabalhar todos os dias sem ter minha amiga do meu lado, me enchendo o saco.
- Isso é lindo da sua parte, mas agora estão os dois desempregados, como vamos pagar as contas?
- Fica tranquila, eu tenho um dinheiro guardado e amanhã tenho uma entrevista de emprego, vai dar tudo certo.
Eu o abraçei o mais apertado que pude.
- Obrigada por tudo, você é o melhor amigo do mundo.
- Eu sei,vvocê também é. Agora vamos jantar que eu to morrendo de fome.
- Eu também to com fome.
- Dona Silvia levou uns cookies hoje, estavam uma delícia, vai ser uma pena ficar sem as guloseimas dela, com certeza eu vou sentir falta disso.
- Eu também, falando nisso eu combinei da gente ir passar uma tarde com ela semana que vem.
-  Por mim tudo bem, vai ser legal, já to imaginando as comidas boas que ela vai fazer.
- Credo, você só pensa em comida.
- Comida é vida. E você vai experimentar meu maravilhoso estrogonofe de frango com batata palha.
- Olhaaa, ele cozinha.
- Sou prendado amor.
Fomos pra cozinha fazer a janta, ajudei ele com algumas coisas e enquanto esperávamos a comida ficar pronta conversavamos sobre os últimos acontecimentos.
Eu tinha contado tudo que tinha rolado pro Krystian, mas omiti algumas partes, como que os sentimentos que eu tinha eram maiores do que eu demonstrava.
- Mas ele tentou falar com você?
- Eu não sei. Bloquei o número dele, e ele não vai me encontrar em casa, e muito menos na empresa.
- Acho que você deveria ouvir o que ele tem pra falar, sabe só pra saber o que realmente aconteceu.
- Eu sei o que aconteceu, ele traiu minha confiança e nem se importou com isso.
- Mas pode ter algo mais.
- Eu não me importo, eu acredito no que eu vi, e eu vi várias fotos dele beijando ela.
- Eu realmente acho que você deveria dar uma chance pra ele se explicar.
- Foi você que falou que tava doido pra dar um soco na cara dele, e agora ta defendendo ele? Por que?
Meu amigo soltou um suspiro e me olhou.
- Ele me ligou. Logo depois que você me contou tudo e parecia desesperado pra encontrar você, ele parecia se importar. Eu o conhecia  antes, ele tratava as mulheres como objetos e não ligaria pra elas se realmente não se importasse. E eu achei essa história toda de fotos e da ex dele muito esquisita, acho que tem algo mais e que você deveria dar uma chance pra ele pelo menos tentar se explicar.
Parei pra pensar um pouco.
Será que ele realmente se importava?
Será que tinha mais alguma coisa que eu não sabia?
Dispensei esses pensamentos, eles não importavam mais, eu disse que ele seria passado e que agora eu seguiria em frente, e é isso que farei.
- Não importa mais, o que quer que ele fale eu não ligo. Não quero falar com ele.
- Mas...
Krys ia falar mais alguma coisa quando a campainha tocou atraindo nossa atenção.
Ele foi atender a porta enquanto eu fiquei na cozinha esperando.
Estava colocando a mesa, perdida em pensamentos e sem me importar muito com quem estava lá, até que ouvi uma voz que já me era familiar e que me fez arrepiar instantaneamente.
- Por favor Krystian, eu preciso falar com ela, me deixa entrar...

Meu querido chefe #BeauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora