"Agora nós fazemos o quê?" Logan pergunta.
"Não faço ideia," responde Jesse, um cigarro no canto da boca.
Nós três estamos no quarto de Jesse, uma espécie de laboratório que também serve de dormitório, ou o contrário. De um lado uma cama, mesa-de-cabeceira, abajur. Do outro, uma bancada de mármore, microscópio, tubos de ensaio, produtos químicos e até mesmo uma pia. A pequena caixa de metal repousa tranquilidade sobre a bancada, indestrutível. Logan e Jesse tentaram usar sua força vampiresca para arrancar a tampa fora, mas nenhum dos dois obteve sucesso. Eu também tentei abrir, com mais delicadeza, na esperança de ser mais um dos encantos de Anthony Harrison, mas, novamente, nada.
Jesse tamborila os dedos no canto da bancada, pensativo. Tirando o cigarro dos lábios, ele olha para mim. Seus olhos descem para o curativo no meu braço e de repente se iluminam. "E se fosse o seu sangue que abrisse a caixa?" ele diz.
"Mas nós já tentamos isso," argumenta Logan.
"Não. De outra forma. E se a caixa estivesse, não sei, hum... selada? E o sangue que rompesse o lacre?"
Instintivamente, levo a mão ao curativo e trago o braço contra o corpo, como se querendo tirá-lo do alcance de Jesse. "Nah! Meu corte ainda dói. Não quero ter de rasgar a pele de novo."
Jesse olha feio para Logan. "Não será necessário." Levando o cigarro de volta aos lábios, ele se vira em direção a uma gaveta na cômoda ao lado da bancada e sons de plástico preenchem o quarto enquanto remexe ali dentro. Depois de um bom tempo, ergue no ar uma seringa ainda embalada. "Aceitaria então uma coleta de sangue?"
"Por que você tem isso aqui?" pergunto.
"Nem queira saber." Logan se intromete. Jesse olha feio para ele mais uma vez.
Jesse apaga o cigarro na bancada e deixa ali mesmo, as cinzas espalhadas pelo mármore. Ele pega a seringa e a tira da embalagem. Ajusta a agulha e diz, "E então...?" Ele estende a mão pedindo pelo meu braço.
Olho para a agulha e então para Jesse e Logan. Por um momento me pergunto se é uma boa ideia permitir uma coleta de sangue em uma casa cheia de vampiros. Jesse parece bastante "profissional" no que está fazendo, e Logan não me atacou quando precisou me cortar lá na baía. Talvez eles não se tornem simplesmente animais na presença de sangue. Mas não é como se tivesse opção melhor. Eu sei que poderia recusar, mas ainda lembro que Logan me prometeu encontrar o agressor de meu pai. Um pouco de sangue em troca não é nada. Fecho os olhos e estendo meu braço na direção de Jesse. Sinto seus dedos frios tocando minha pele, e então a picada da agulha. Diferente da lâmina do canivete, a dor é suportável e logo já não sinto mais nada.
"Tudo certo." Ouço Jesse dizer. Alguma coisa macia é pressionada no local em que a agulha esteve.
Abro os olhos e vejo Jesse passando o sangue em volta da tampa da caixa, como se as estivesse lacrando-a e não o contrário. Quando termina, ele larga a seringa na bancada e tenta abrir a caixa. A tampa não faz qualquer menção de sair.
Logan está segurando um pedaço de algodão contra minha pele no meu braço esquerdo. Ele traz minha mão direita sobre o algodão, e eu pressiono com força a região. Enquanto isso, Logan pega a seringa abandonada sobre o mármore, envolve-a no plástico da embalagem e joga numa lata de lixo debaixo da bancada. Eu fico encarando.
"O quê?" ele pergunta. "Não quero que ninguém ouse experimentar esse sangue."
Volto minha atenção a Jesse, que ainda está lutando com a tampa da caixa. Ele para e olha frustrado para o pequeno objeto, as mãos pálidas sujas de sangue. "Eu não consigo. Tente você." Ele oferece a caixa em minha direção.
Largo o algodão ensanguentado na bancada e pego a caixa das mãos deles. O sangue da tampa já seco. Com muitos menos força que a de Jesse, tento abrir a caixa. A tampa se desencaixa com facilidade, como se nunca tivesse sido selada. Dentro dela há um pequeno frasco de vidro preenchido com um líquido vermelho escuro muito semelhante a sangue.
"O que é isso?" pergunto, ainda olhando para o líquido.
Jesse tira a caixa de minhas mãos e pega o frasco. Ele o olha o líquido contra a luz e diz, "A cura." Seus olhos brilham.
"É só isso? E é o suficiente para todos vocês?"
"No momento sim," responde, ainda hipnotizado pelo vidro em suas mãos.
"Jesse não está na turma avançada de química por acaso," diz Logan. Ele se apoia à bancada, olhando para o líquido nas mãos de Jesse. "Ele é um gênio. Tenho certeza de que vai estudar a composição da cura e conseguir replicá-la."
"Mas eu pensei que não fosse só ciência... A cura também não é... encantada?" pergunto, intercalando o olhar entre os dois.
"Isso é o que descobriremos," responde Jesse. Ele se volta para sua gaveta e começa a tirar coisas de lá. "Também não é como se eu não soubesse nada sobre a fórmula. Então será mais fácil a partir de agora."
"Como assim?" questiono.
"Nosso guia já tentou fazer alguns experimentos, mas diferente da composição original de Anthony, ele nunca teve sucesso," Logan explica.
Da gaveta Jesse tira um caderno velho e abre-o sobre a bancada. Ele indica uma linha de rabiscos apressados no papel para mim e diz, "Aqui estão algumas das tentativas dele. Se esse líquido for parecido com que temos, então será mais fácil do que imaginávamos." Ele fecha o caderno e começa seu trabalho com cura, abrindo o pequeno frasco e colocando uma gota sobre uma lâmina de vidro.
"Era só isso?" pergunto para Logan. "Não precisam mais de mim?"
"Ainda não sabemos," responde. Ele se desapoia da bancada e vai até a cama de Jesse, sentando-se na ponta. Olha para o amigo e pergunta, "Já sabe o que vai fazer depois?"
"Não," Jesse diz, ainda tirando coisas da gaveta. Um meio sorriso no rosto. "E você?"
Um sorriso largo se forma nos lábios de Logan, seus olhos brilham imaginando mil e uma possibilidades. Depois de um tempo pensando, ele diz, "Eu vou comer pizza. Sinto muita falta de pizza."
Jesse ri. "Também."
"Logan!" Anna surge na porta do quarto, segurando o celular em uma das mãos. Ela está ofegante, os fios de cabelos loiros soltos do rabo-de-cavalo caindo nos olhos. "O Lando! Ele achou a Lindsay!" Ela estende o celular para Logan.
Logan levanta-se da cama e anda até ela. Ele pega o aparelho das mãos dela e lê seja o que for que esteja escrita nele. Franzindo a testa, pergunta, "Ele só mandou isso?"
"Ele me ligou também." Ela olha em expectativa para ele, como se esperasse que lhe dissesse o que fazer em seguida.
"Sabe se ela está sozinha?" Ele devolve o celular a Anna.
Ela olha para Jesse e para mim e então volta a encarar Logan. "Ele não disse nada do tipo. Só disse que está no Charlotte." Morde o lábio inferior, visivelmente ansiosa.
"E isso fica onde?"
"É o bairro do porto. Lando disse que está dando uma olhada em volta e que logo manda as coordenadas."
"Então vamos para lá agora." Ele decide.

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BLOOD LOVER
VampiroSophie sempre se viu como vítima de estranhos incidentes. Perseguições; invasões em sua casa; pequenos acidentes que se transformam em cortes sangrentos. Nada disso seria um problema até ver sua vida em verdadeiro perigo numa estranha tentativa de a...