Fecho a porta de meu quarto e desço as escadas com pressa, dois degraus por vez. No bolso do meu casaco seguro enrolados os papéis que eu encontrei no porão daquela casa em Canandaigua. Depois de passar um bom tempo em cima das anotações tentando entendê-las e não ser muito bem-sucedida nisso, decidi falar com Bern na esperança de que ele pudesse me ajudar. Talvez encontrasse alguma resposta no tal Livro.
Quando estou prestes a girar a maçaneta da porta da frente, ouço atrás de mim, "Aonde vai, Sophie?" Suspiro, virando para ela. É Luce. Ela está prostrada na soleira da porta da cozinha ainda vestida em seu pijama e com os braços cruzados. Seus cachos castanhos presos num coque bagunçado.
Olho para ela com uma sobrancelha levantada. Eu realmente não sou de pedir permissão a Luce, na verdade a ideia é bem estranha, e ela também não é de me dizer o que devo ou não fazer, então nosso relacionamento funciona bem. Não entendo o motivo do questionamento, mas respondo de qualquer forma. "À casa da Anna."
Normalmente Luce não costuma me proibir de fazer o que quero, ela apenas se conforma. Desta vez, no entanto, ela diz, "Anna, Anna, Anna. Não tem um fim de semana que você não passe na casa dela." Eu sei que Luce só tenta cuidar de mim. Ela é responsável. Mas não deixo de me sentir incomodada com o que ela fala. "O que tem tanta para fazer lá? Seu pai e eu pretendíamos fazer alguma coisa juntos hoje, nós três."
"Talvez outra hora," digo, tentando sorrir, e me viro de volta para a porta. Ouço um suspiro decepcionado atrás de mim, mas ignoro. Eu gosto de Luce por vários motivos e um deles é que ela não costuma insistir na mesma pergunta, nem se mete em minha vida, como faz minha mãe. Sempre que dou uma resposta, aceitável ou não, ela muda de assunto como se nunca tivesse perguntado nada. Não queria chateá-la, mas como poderia explicar que meus amigos são vampiros e que provavelmente há alguém atrás de mim por causa do meu sangue?
Saio para fora e sigo pelas calçadas frias. O dia está frio e nublado, mas felizmente nem um sinal de neve, como aconteceu na quinta de manhã. O mês de novembro começou com as primeiras temperaturas negativas da estação, e cada dia parece mais frio.
"Sophie!" No meio do caminho, ouço alguém dizer e paro imediatamente de andar, olhando na direção da voz. Do outro lado da rua, na calçada oposta, está uma garota de cabelo bicolor e calças rasgadas acenando para mim. Isabella.
Antes que eu possa reagir, ela atravessa a rua com pressa e anda até mim. Com um sorriso enorme, diz, "Tudo bem?"
"Ah, sim," respondo. Olho para meus pés sem saber o que dizer. "Ah... e você... e a Carolin?" Levanto meus olhos para encará-la. Como sempre, os cílios dela estão quase se colando pela quantidade exagerada de máscara. No entanto, ela parece bem melhor do que aquele dia na escola, então fico feliz.
"Bem, obrigada." Seu sorriso aumenta. "Carolin vai voltar às aulas semana que vem. Ela até apareceu para ver o jogo ontem. Você estava lá?"
"Sim, mas não fiquei até o final." Na verdade depois que Anna e Lindsay sumiram janela afora atrás de Logan, eu voltei às arquibancadas para contar a Lando o que havia acontecido. Depois, nós dois ficamos pelo menos uma hora sem sucesso zanzando pelo pátio frio da escola atrás dos três. Como nem ele nem eu queríamos ver o jogo, fomos embora e Lando me deixou em casa.
"Então não perdeu nada." Seu sorriso desaparece de seu rosto. "Nós perdemos, e todo mundo ficou furioso por Jason ter atrasado o jogo. Mas depois preocupados, porque ele simplesmente sumiu."
"Sumiu?"
"Sim," ela diz como se fosse óbvio. "Um momento ele estava no vestiário e depois ninguém mais sabia onde estava. Nem os pais dele sabiam. Henry do último ano, que foi o último a vê-lo, voltou ao vestiário para checar, mas não encontrou ninguém." Penso nos acontecimentos da noite passada, em Logan e suas roupas ensanguentadas no mesmo local do desaparecimento de Jason, e um arrepio percorre meu corpo.
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BLOOD LOVER
VampirgeschichtenSophie sempre se viu como vítima de estranhos incidentes. Perseguições; invasões em sua casa; pequenos acidentes que se transformam em cortes sangrentos. Nada disso seria um problema até ver sua vida em verdadeiro perigo numa estranha tentativa de a...