"Por que todos estavam estranhos hoje?" pergunto.
"Papai vampiro está na cidade." Bern ri. "Sim, sr. Davies está de volta por minha causa! Como se soubesse o que fazer comigo."
Então eu descobri que o meu melhor amigo na verdade é um vampiro que há anos perambula entre os humanos e que tinha como função me vigiar sob os comandos de outros vampiros, que nem ele nem ninguém sabe quem são. Tudo o que sabemos que são os mesmos por trás do exército e que estão planejando alguma coisa, alguma coisa grande. Bern acha que eles podem vir atrás de mim para conseguir mais uma lasca dos Cristais com um pouco do meu sangue, e por isso tenho andando sempre na companhia de um dos vampiros. Eu também fiz questão de manter o crucifixo protetor com meu pai pelo maior tempo possível.
Como Bern é a única coisa que nos liga a esses malfeitores desconhecidos, Logan decidiu permitir que ele morasse com eles. Ele também disse que avisaria Bram e seu pai para vir checar Bern, uma vez que eles poderiam saber mais sobre o exército e sobre o próprio Bern. Eu não sei o que Bram sabe, mas Logan me contou que Bram e seu pai têm investigado uma série de ataques de vampiro pelo país, percebendo um certo tipo de padrão: todos aconteceram por onde Bern passou. Como eles sabem dessa informação, eu não sei. Mas já tem acontecido há tempos. Eles não sabiam do exército antes, mas Logan deduziu que são ataques de vampiros que foram criados para o exército, mas escaparam. Logan também desconfia que, se o que Bern diz é verdade, em breve eles acharão um substituto para Bern e o mandarão atrás de mim.
Nesta sexta-feira, depois da escola, Bern e eu saímos para caminhar e conversar, como geralmente fazemos quando estou livre. Agora faz quase duas semanas que Bern está morando aqui em Rochester com os outros vampiros e, apesar de tudo, ele se mantém o mesmo de Nova York: meu amigo. Eu havia sentido tanto sua falta e nem consigo acreditar que ele está bem aqui comigo. A cidade já não parece tão pequena e asfixiante na companhia dele.
"Ah," digo, olhando para uma garota loira que caminha a nossa frente alguns metros de distância. Seu rabo-de-cavalo balançando com seus passos apressados. "Posso fazer uma pergunta boba?"
"Com certeza!"
"Por que dizem que vampiros não têm reflexo?" Ofegante, tento acompanhar os passos dele, que são muito mais largos que os meus.
"A Igreja da Era Medieval sempre via tudo o que é diferente como obra das profundezas." Ele, que caminha um pouco mais a frente, vira-se e começa a andar de costas, olhando para mim. "Então, para eles, vampiros não possuíam uma alma. De acordo com alguma crença, o espelho reflete o corpo e a alma e por isso vampiros não poderiam ter seu reflexo, já que 'faltava' uma parte."
"Mas vocês a possuem?" Olho para seus olhos castanhos claro, tentando imaginar como seria uma 'alma'. Percebo que sua pele parece mais pálida do que costumava ser lá em Nova York. Em Nova York ele aparentava ser mais 'vivo'. Pergunto-me se ele tinha algum truque para parecer mais humano.
"Eu não sei." Ele dá uma olhada para trás, preocupado em não tropeçar, e então olha para mim de novo. "Tenho certeza sobre meu reflexo, mas sequer sei se almas existem."
Mordo o lábio inferior tentando conter um sorriso. "E os alhos?"
Ele ri. "Antigamente, vampiros tinham sentidos mais aguçados. O alho não tem um cheiro agradável e com um bom faro, talvez você desejaria distância daquelas coisas. Mas hoje em dia, a nova geração não tem as mesmas habilidades e por isso não sofre tanto com esse tipo de coisa." E olha para mim bem sério, esperando minha reação.
"Sério?"
Um sorriso grande o suficiente para expor seus dentes vampiro se forma em seu rosto. "Brincadeirinha. Eu não faço ideia de onde surgiu essa bobagem."

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BLOOD LOVER
VampireSophie sempre se viu como vítima de estranhos incidentes. Perseguições; invasões em sua casa; pequenos acidentes que se transformam em cortes sangrentos. Nada disso seria um problema até ver sua vida em verdadeiro perigo numa estranha tentativa de a...