Capítulo 26

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"Acho que não é uma boa ideia," advirto.

"Não vai acontecer nada," assegura Logan, talvez confiante demais. Ele entra no cômodo, eu sigo logo atrás.

"Não sei o que você pretende encontrar aqui, mas ainda acho que é má ideia."

"Poderia ser menos pessimista e me ajudar?" Ele olha em volta, sem saber por onde começar.

"Na segunda gaveta na mesa-de-cabeceira."

Logan está tentando descobrir se Bern está realmente sendo sincero, e por isso estamos bisbilhotando o sótão. Bern havia saído para uma caminhada — como se ele realmente precisasse de exercícios —, e Logan aproveitou o momento para vasculhar as anotações dele. Eu acredito que não há nada de suspeito, já que tudo está destrancado, e Bern é dotado de uma inteligência fantástica demais para ser tão descuidado. Mas apesar do que eu diga, Logan está determinado em sua busca e não vai parar até encontrar algo.

Ele tira as duas gavetas da mesa-de-cabeceira e as coloca em cima da cama. Elas estão preenchidas de papéis com anotações em uma caligrafia um tanto peculiar. Não é a caligrafia de Bern que eu estava acostumava a ver, é algo mais antigo. Também, entre os papéis, há dois diários e algumas canetas esferográficas com suas tampas perdidas. Ele começa a revirar as anotações.

"Você sabe do que essas anotações se tratam?" pergunta, entregando-me um dos papéis.

Passo os olhos rapidamente pelas palavras no papel, algumas delas formando a palavra "Cristais" e outras coisas do tipo e, com isso, penso que talvez ele esteja escrevendo alguma coisa sobre o Livro. Não são as mesmas anotações que eu li na presença de Bern. Na verdade, eu não me lembro de ver nenhuma dessas naquele dia.

Volto a analisar o conteúdo das gavetas e percebo que o Livro não está em lugar nenhum. Como pensei, Bern sabe o que faz. "Acho que é sobre os Cristais, pode ser um dos feitiços," digo.

Pego outros papéis da gaveta e começo a lê-los, percebendo que minha suposição está correta. São descrições sobre alguns feitiços, mas não consigo entender direito do que se tratam. A maioria está escrita quase numa linguagem codificada e as palavras fazem pouco sentido para mim.

"Lembra quando eu disse que encontraria a pessoa que atacou com seu pai?" Logan pergunta, e eu levanto meus olhos do papel para encará-lo. "Então, eu tenho quase certeza de que foi o Bernard."

"Sim," respondo. "Mas ele disse que estava sob o comando de outros."

"Eu sei. Esse é o problema. Não sei se ele diz a verdade e também não sei como chegar a esses 'outros'."

"Você não confia nele, não é?"

"E você confia, não é?"

"Ele foi meu amigo por bastante tempo. Eu o conheço. Nunca tentaria fazer nada de mal a mim ou a minha família. Então totalmente acredito na história dele."

"Como pode saber que não é tudo atuação? Ele tem mais de 150 anos. Mentir não é exatamente uma invenção recente, sabia?"

Suspiro. Eu já estou cansada dos dois se acusando o tempo todo. Bern, que diz ser meu amigo e afirma que Logan só está me usando para conseguir a cura. Logan, que diz me proteger e acusa Bern de estar me manipulando para conseguir meu sangue para seus planos. Eu não queria ter escolher um lado. Não poderia ter os dois? Bern disse que vampiros são traiçoeiros, e eu devo lembrar que ele próprio é um. No fim, talvez eu não devesse acreditar em nenhum deles.

"E o que você acha?" pergunto.

"Você sabe o que eu acho."

"Por que você desconfia tanto dele?"

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