Bram segura a porta enquanto eu entro silenciosamente no cômodo. Um quarto de hotel no centro de Rochester. Embora estejamos na luz do dia, as cortinas estão fechadas, escondendo o sol lá fora. Todas as lâmpadas que se espalham pelo teto, pelos abajures e por trás dos espelhos acima da cômoda ao lado da cama estão acesas. Pergunto-me se Bram é mais sensível à luz do dia do que os outros. Bernard disse que a espécie dos vampiros foi evoluindo com o tempo, e a diferença de idade entre Logan e Bram está entre no mínimo um século. As pequenas mudanças aconteceriam assim tão rápido?
"Queria um momento sozinho com você," ele diz. Seus olhos acompanhando meus passos sem desviar por um segundo. É estranho como me olha fascinado. Sem jeito, apenas tento me concentrar no piso laminado marrom escuro sob meus pés. "Quero contar-lhe tudo."
Não digo nada de volta, apenas fico parada próxima à cama de casal no centro do quarto, olhando para seus lençóis brancos.
Ele fecha a porta e então anda até mim, colocando-se a minha frente e bloqueando minha visão da cama. "Ei." A ponta de seus dedos frios me toca delicadamente no queixo, conduzindo meu olhar para seus olhos cinzentos. Tento imaginar suas pupilas dilatando e suas íris adquirindo aquela cor carmim dos olhos de Logan. Seria com certeza o demônio mais belo que já vi. Pisco com força, tentando afastar tais pensamentos. Deve ser o poder que vampiros têm sobre humanos, como Bernard disse. "Fico feliz que tenha vindo," diz, um pequeno sorriso em seus lábios vermelhos. Ele não afasta a mão de meu rosto.
Na verdade, eu demorei a me decidir se viria depois que recebi uma mensagem de um número desconhecido que se apresentava como dele. Ele disse que poderia me dar respostas sobre Bernard, e uma parte em mim queria muito isso. Nosso encontro supostamente é para ser um segredo que ninguém sabe. Não sei por que ele me pediu que não contasse aos outros. Isso obviamente me deixou com medo, por isso não segui suas indicações à risca. Disse a meu pai e Luce que estaria indo à casa de Anna, e aos outros, que estaria saindo com ela. Anna é a única que sabe deste encontro. Ela está lá embaixo no carro, esperando. Embora ela confie em Bram, disse que ajudaria caso eu precisasse. Uma parte de mim ainda não se sente segura. Até ela perceber que algo está errado, meu sangue já poderia ter se extinguido nos lábios dele.
"O que você quer me contar?" pergunto e então baixo o olhar, extremamente consciente de que ele ainda me fita intensamente. Sinto meus batimentos crescendo no peito. Começo a desejar que ele desvie seu olhar.
"Coisas que você deve saber," responde. Ele finalmente baixa sua mão, mas continua olhando fixamente para mim. Percebo que estamos muito perto um do outro, quase me sufocando, e dou um pequeno passo para trás.
"Então conte," digo baixinho, ainda um pouco desconfortável em ser observada. Embora só esteja há alguns minutos aqui, já estou cansada de estar parada no mesmo lugar.
"Ok." Ele coloca as mãos nos bolsos da calça. "Tudo começou quando me juntei ao Anthony."
O nome me faz levantar o olhar no mesmo instante. "Anthony? Você o conheceu?" pergunto. Olho para ele em expectativa, morrendo por uma resposta.
"Foi ele quem me transformou," ele responde. Em um tom mais baixo, como se fosse segredo, acrescenta, "Ele é meu criador." Então deve ser um segredo. Lembro-me de Jesse dizendo que o criador de Bram poderia ter sido aprendiz do próprio Anthony, não que Bram o é. Por que Bram esconde essa informação dos outros?
Minha boca abre, sem palavras. "Anthony foi um vampiro? Mas como?" pergunto.
"Já chego nessa parte." Ele tira uma das mãos do bolso e leva aos cabelos, passando os dedos entre as mechas castanhas. Percebo que seus gestos se tornam impacientes, como se ele quisesse passar logo dessa parte. "Quando me juntei ao Anthony, ou melhor, quando ele me convidou a me juntar a ele, ele ainda estava aprimorando seus talentos com os Cristais, embora suas habilidades fossem bastante avançadas." Tira a mão da cabeça e a guarda de volta no bolso da calça. "Ele me adotou como seu seguidor, seu aprendiz, e me ensinava tudo que sabia. Compartilhava suas anotações e experimentos. Queria ter alguém para continuar seu legado, já que, como vampiro, não poderia ter descendentes. Ele também não planejava viver eternamente. O único problema era que eu não tinha seu sangue especial e então não poderia manipular os Cristais da mesma forma que ele, na sua totalidade. Ou seja, por mais avançado que eu chegasse a ser, nunca alcançaria Anthony."
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BLOOD LOVER
VampirgeschichtenSophie sempre se viu como vítima de estranhos incidentes. Perseguições; invasões em sua casa; pequenos acidentes que se transformam em cortes sangrentos. Nada disso seria um problema até ver sua vida em verdadeiro perigo numa estranha tentativa de a...