Capítulo 9

999 190 350
                                        

"Então, Sophie, estamos indo e voltamos na segunda à tarde," diz meu pai, vestindo seu casaco na frente da porta de entrada. "Sua viagem está marcada para amanhã de manhã. Sua passagem de ida está na gaveta da sala. O retorno é por conta da sua mãe, tudo bem?"

Apenas concordo com a cabeça.

Com o feriado do dia de Colombo na segunda-feira, Luce e meu pai estão saindo hoje à tarde para visitar os pais dela em Binghamton, uma cidadezinha com menos de três mil habitantes a duas horas e meia de Rochester. Eu decidi que vou para Nova York visitar minha mãe, já que não há muito o que fazer nesta cidade minúscula. Eu teria ido ontem à noite, já que não tivemos aula nesta sexta, mas como Lisa e eu não pudemos nos encontrar na segunda depois da aula, combinamos de fazer o trabalho hoje à noite na minha casa.

"E qualquer problema, nos ligue, certo?" Luce pega sua mala do chão, trazendo-a para fora da casa.

"Com certeza," digo, seguindo logo atrás e parando na soleira da porta.

"Então até segunda-feira, Sophie." Meu pai me abraça. Afastamo-nos e ele tira as chaves do bolso, indo em direção ao carro estacionado na frente da garagem.

"Até segunda-feira." Luce sorri e pega sua sua mala do chão.

"Até mais," respondo.

Depois que eles entram no carro, fecho a porta e vou até a cozinha preparar o jantar. Olho para o relógio na parede perto da geladeira, os ponteiros indicando seis e doze. Lisa disse que estaria aqui às oito. Aproveito o tempo para fazer minha refeição, que não leva muito tempo para ficar pronta.

Pego meu prato preenchido com uma montanha de macarrão e vou até a sala, sentando no sofá de frente para a TV. Ligo num canal aleatório e fico assistindo enquanto enrolo os fios de massa no garfo.

Um tempo depois, ouço um barulho vindo de fora. Paro o garfo no ar na metade do caminho e presto atenção.

Nada.

Talvez só tenha sido o vento. Dou de ombros e levo o garfo à boca, mastigando bem devagar os fios de macarrão.

Outro barulho.

De repente me dou conta de que não há nenhum vento. Paro de mastigar e me concentro nos sons que vem de fora. Um carro parece correr pela rua da frente a toda velocidade, mas tirando isso, os únicos barulhos que ouço vêm da TV. Largo o prato na mesa de centro e abaixo o volume.

Apenas silêncio.

Lembro-me de uma vez no apartamento de minha mãe em Nova York. Era um sábado à noite que eu estava sozinha e alguém de repente começou a bater na porta. Inicialmente eu pensei em atender como normalmente faria, mas as pancadas começaram a ficar mais fortes e violentas. Em vez de ir até a porta de entrada, peguei meu celular e me tranquei em meu quarto. Eu estava prestes a ligar a polícia quando os sons pararam. Depois de uma hora trancada e escondida, decidi sair. As batidas na porta tinham cessado, mas quando a abri para dar uma olhada no corredor, vi que na parte de fora a madeira estava meio rachada.

Levanto-me do sofá e vou até a porta de entrada, decidindo trancá-la por preocupação. Checo a fechadura mais um vez antes de me afastar e então faço meu caminho de volta para a sala. Quando estou prestes a dar o próximo passo, ouço mais um barulho. Estaco no lugar. Tenho a impressão de ele ter vindo dos fundos da casa. Consigo sentir um leve tremor subindo pelo meu corpo. Talvez eu só tenha imaginado. Não é nada.

Sons de água.

Ainda parada no mesmo lugar, olho para o celular na mesa de centro. Não sei se foi imaginação ou aconteceu mesmo, mas dou uma última olhada na porta da entrada para garantir e então corro em direção ao sofá. Pego meu celular da mesa. Sete horas. Tamborilo os dedos nervosamente sobre o tampo. Lisa só estará aqui daqui a uma hora.

BLOOD LOVEROnde histórias criam vida. Descubra agora