BLOOD LOVER

Capítulo 34

"Vai, Abbie!" Anna grita, pulando na arquibancada — a pessoa sentada atrás de si olhando feio para suas costas. Abigail, do outro lado do campo, acena de volta e Anna sorri, sentando-se em seu lugar ao meu lado. "Quando isso vai começar?" pergunta para Lando, a sua direita. Ela coloca as mãos nos bolsos do casaco e começa a bater o pé nervosa e impacientemente.

"Não sei," ele responde, colocando seu braço esquerdo em volta dela. Com a mão livre, tira o celular do bolso. "Já era para o jogo ter começado há vinte minutos."

Estamos nas quartas de final da temporada de futebol americano. A Brighton vai jogar em casa contra a Eastridge, uma escola de Irondaquoit. Apesar de todos estarem ansiosamente esperando, o jogo ainda não começou e ninguém sabe o motivo. Tanto Anna quanto eu não nos interessamos por futebol, mas ela decidiu me arrastar aqui para vermos Abigail. Abigail conseguiu neste semestre entrar para equipe de líderes de torcida, e este é o seu primeiro jogo.

"Vai, Brighton! Vai!" as líderes de torcida gritam em uníssono, executando sua coreografia. "V-A-M-O-S! Vamos, Barons! Vamos!"

Anna coloca sua mão sobre meu braço para chamar minha atenção. "Ela fica adorável nesse uniforme, não fica?" ela diz, olhando para Abigail.

Sigo seu olhar no outro lado do campo. Abigail, em uma saia curta e uma blusa de manga comprida, mexe seus pompons enquanto profere seu grito de torcida. Ela sorri para nós.

"Vamos BHS!" elas continuam "Vai, Grande Azul!"

Desvio meu olhar para o centro do campo. Os dois times já estão em suas posições, mas por alguma razão ninguém se mexe. Os garotos do time da nossa escola se entreolham, parecem esperar alguma coisa e não acho que seja o início do jogo.

"Preciso ir ao banheiro," Anna anuncia ficando em pé. Ela estende as mãos em minha direção e diz, "Vem comigo, Sophie."

"Tudo bem," digo, deixando-me ser puxada por ela.

Sigo Anna arquibancada abaixo com as mãos nos bolsos do casaco. A noite está fria demais, e eu me pergunto se Anna e Lando pretendem ficar até o fim do jogo, às dez da noite. Nós andamos pelo pátio da escola até Anna parar repentinamente e se virar para mim. Ela se aproxima e levanta meus cabelos, expondo meu pescoço. O contato da pele quente contra o vento frio me faz arrepiar.

"Por que não me contou?" ela pergunta olhando para as marcas no meu pescoço. A pele já não está naquele tom amarelado feioso, mas ainda há uma camada de sangue coagulado e seco.

Antes que eu possa responder, um garoto do último ano, acho que Henry é o nome dele, surge do vestiário masculino atrás de nós, interrompendo-me. Ele passa por nós como se não existíssemos, visivelmente incomodado com alguma coisa. Fico em silêncio, esperando-o se afastar.

"Eu não sabia o que fazer," digo tão baixo que quase sai como um sussurro. Jesse havia contado para os outros meu episódio com Logan, mas eu não tinha de fato discutido com eles sobre o acontecimento. Na verdade, eu tenho ignorado o assunto o quanto posso. Também tenho tentado ignorar Logan e seus comportamentos estranhos. Hoje, por exemplo, ele passou o dia todo de óculos escuros apesar do dia frio e nublado, e eu tentei sequer olhar para ele.

Ela solta meu cabelo, suavizando a expressão. "Quando eu soube, tentei falar com Logan. O problema é que ele afirma não se lembrar de nada... Não sei o que pensar." Ela olha para baixo, um pouco triste. "Ele me ajudou quando eu mais precisei, seria horrível descobrir que tentou te machucar."

Dou alguns passos em direção a ela. Estou prestes a abrir a boca, mas alguém fala antes de mim. "Olá." Nós duas olhamos para a origem da voz.

"Lindsay!" Anna sorri.

"Oi," ela reponde, também sorrindo. "Espero não ter chegado muito tarde. Eu-"

Um barulho a interrompe. Todas ficamos em silêncio, nos entreolhando sem saber o que fazer. Quando Anna está prestes a dizer alguma coisa, outro barulho se ouve. Nós três olhamos para a origem do som. O som parece vir dos vestiários, que a essa hora deveriam estar vazios. Lindsay anda até o vestiário masculino e coloca o ouvido contra a porta. Ela espera um instante, ouvindo.

"O que foi?" pergunto, mas ela não responde. Lindsay afasta o rosto da porta e decide entrar. Anna segue logo atrás, enquanto eu só fico olhando. "Tem certeza de que é uma boa ideia entrar aí?"

Anna ri, olhando para trás em minha direção. "Com medo de acabar encontrando alguém sem roupa?" E volta-se para frente, entrando no vestiário.

Suspiro e, sem escolha, vou atrás delas.

"Logan?" Lindsay diz quando ainda estou passando pela porta, um tom de irritação na voz. Olho para onde ela está andando e me deparo com Logan sentado no chão com as costas contra a parede, e ele não parece nada bem. O cabelo uma bagunça e, tanto as roupas como a boca, estão manchadas com algo vermelho muito semelhante a sangue. Ele não dá sinal de ter ouvido a irmã, continua de olhos fechados sem se mexer. Os óculos que usava hoje mais cedo estão jogados no chão próximos a seus pés.

"O que você está fazendo aqui?" A pergunta repentina de Logan me assusta. Embora ele não esteja na melhor das aparências, sua voz soa alta e clara. Quase irritada, diria. Ele finalmente abre os olhos, e eu dou um passo para trás por precaução. Suas pupilas estão dilatadas e, suas íris, tão vermelhas que não consigo olhar.

"O que aconteceu com você?" A pergunta pula da minha boca antes que eu possa pensar.

"Não sei," para a minha surpresa, ele responde. Baixa o olhar para suas roupas e diz, "Por todo o dia meus olhos estão assim, e eu não faço ideia de por que estou aqui. Mas acho que esse sangue todo já me diz alguma coisa." Suspira, visivelmente infeliz.

"Não se lembra de nada mesmo?" pergunto.

Mas ele não tem tempo de responder. Antes que eu possa piscar, em um momento Lindsay está em pé a minha frente e, no outro, ela está em cima de Logan. "O que você fez, Logan?!" Ela agarra sua camiseta, aproximando o rosto dele do dela. "Eu vejo sangue aqui. Pode me dizer o que aconteceu? Você sabe que o trato é não matar e olha como eu te encontro!" Ainda ajoelhada, ela solta o tecido e empurra o irmão para trás. Ele bate a cabeça, deixando uma marca na parede. Anna, ao meu lado, apenas desvia o olhar.

"Calma, Lindsay," digo, aproximando-me lentamente dela. "Talvez haja uma... explicação." Sinto-me boba ao dizer isso. É óbvio o que aconteceu, que outra explicação teria?

Lindsay se levanta e olha com raiva para Logan. "Estou começando a odiá-lo e a tudo que você faz. Qualquer deslize e eu pessoalmente te mando para o inferno."

Logan fica imóvel por um momento, fitando a irmã com tristeza. De repente, seu olhar triste se torna apático e sem vida e, como se fosse um robô sem vontade própria, levanta-se e corre pelo vestiário até as janelas. Ele escolhe uma janela aleatoriamente e se joga contra o vidro. Uma chuva de cacos explode pelo ar. Lindsay não perde tempo e, rapidamente, segue atrás dele com Anna em seu encalço. Os três sumindo pela noite escura.

Depois que se vão, um silêncio se instala no ambiente. Tudo que ouço são o vento entrando pela janela quebrada e os gritos vindos do jogo. Fico um tempo encarando os cacos de vidro no chão. Algo me diz que que o problema de Logan é muito pior do que imaginávamos.

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Uma nota inútil. Enquanto escrevia este capítulo me dei conta que as coisas lá nos EUA são assim mesmo e isso é tão estranho. As sidelines das líderes de torcida são vergonhosas (na minha opinião), mas são oficiais ajdsddhj