Capítulo 52

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"Vamos fazer um tour pela fortaleza. Vai ser divertido," Bernard diz seguindo em direção à porta. Quando chega a ela, vira a cabeça e olha para mim. "Estou esperando."

Ainda não sei se tenho alguma chance de sair daqui sozinha, mas pelo menos conhecer essa tal fortaleza em que me encontro não parece má ideia. Levanto-me da cama e me aproximo dele. Carter e o outro garoto automaticamente se colocam cada um de um lado meu. É muito estranho, é quase como se eles fossem robôs. Pergunto-me como essa manipulação funciona. Bernard só pensa o que eles devem fazer e eles obedecem? Queria entender como essa ligação acontece, mas não acho que ele vá me explicar.

Bernard abre a porta, saindo para fora. Eu, guardada pelos dois vampiros zumbis, sigo logo atrás. Como as do quarto, as paredes do corredor também são feitas daquela mesma pedra cinza. Nosso caminho é iluminado pelo brilho trêmulo das velas parcialmente derretidas em candelabros que se espalham em pequenas prateleiras feitas a partir de blocos de pedras que saem das paredes. Pelo chão, uma esteira de cor escura atapeta nosso caminho.

Enquanto nossos passos ecoam pelo corredor silencioso, ele diz, "Ela é um projeto antigo. Foi construída há vários anos. Planejei cada centímetro seu. Nunca vivi na Idade Média, mas a arquitetura da época sempre me atraiu."

"Isso explica a falta de energia elétrica," murmuro.

"Não se sente uma princesa aqui?" pergunta, olhando por cima do ombro para mim. Eu apenas dou de ombros.

Olho para Carter a meu lado, ele movimenta-se de uma forma estranha. Não saberia dizer exatamente o que tem errado, mas é perceptível a falta de naturalidade em seus movimentos. Pela iluminação das velas é difícil de ver, contudo, tenho certeza de que seu olhar continua distante. Uma vez eu li no livro de Bernard que uma pessoa sob o efeito de manipulação estaria consciente das próprias, embora não possa interferir nelas. Carter estaria presenciando tudo isso? Como ele deve estar se sentindo?

Alguns passos depois, surge mais uma porta no corredor. Bernard para diante dela e diz, "Aqui é onde você pode encontrar a mim e Enndolynn. Aliás, como foi o encontro de vocês? Enndolynn disse que achou você um pouco irritante."

"Ela também não é muito legal," digo, cuidando para não esbarrar em um dos vampiros do meu lado. Começo a me sentir desconfortável, quase sufocada com a aproximação deles. Gostaria de que se afastasse um pouco, que chance eu teria de fugir de Bernard agora?

Ele ri. "Ela é assim mesmo." E segue adiante pelo corredor. Passamos por mais uma porta, mas ele não se importa em me falar sobre o que há atrás dela.

Mais alguns passos e o corredor termina nos degraus de uma escada que somem escuro abaixo. Começamos a descê-la, Bernard na frente, os outros vampiros e eu logo atrás. Pela falta de iluminação nessa parte da fortaleza, a descida acontece de forma bem lenta. Depois de um tempo percebo que a escada em caracol é imensa. Quando acho que estamos no último degrau, surge outro, e mais outro, e mais outro. O chão só se torna uma ideia palpável quando já estou cansada de descer.

Depois percorremos mais uma série de corredores mal iluminados e descer mais uma porção de escadas. Em um momento estamos andando em um corredor completamente escuro. Não consigo ver um palmo a minha frente e apenas ouço nossos passos contra o chão de pedra. O ambiente também é um pouco frio e úmido.

"Quero te mostrar uma coisa," Bernard diz alguns metros à frente, e então ouço o som de uma porta se abrindo. Uma luz repentina escorre pela abertura iluminando o corredor. Ele entra e espera por nós.

A primeira coisa que encontro ao adentrar o cômodo é uma estrutura metálica muito semelhante a uma jaula no centro. Por entre as barras de ferro vejo um garoto aparentemente não muito mais velho que eu deitado no chão, abraçado ao próprio corpo. Seus cachos castanhos cobrindo o rosto.

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