Sinto uma pequena coceira sob meu nariz, fazendo-me querer espirrar. Ainda de olhos fechados, afasto o rosto para o lado. Parece que tudo está tranquilo e que posso voltar a dormir até a coceira voltar a insistir. Abro os olhos, ainda grogue de sono. Demoro a me acostumar com a luz, mas quando me acostumo, meu coração dá um salto.
"Logan! O que faz aqui?" Meus olhos agora bem abertos.
Ele ri e se afasta de mim, soltando meu cabelo, arma a qual usava para me fazer cócegas. "Bem, é o meu quarto, então..."
Olho em volta e percebo estar deitada numa cama estranha no meio de um quarto estranho. Nunca fiquei perto o suficiente de Logan (exceto por ontem na baía) para sentir seu cheiro, mas meu travesseiro e tudo em volta têm o perfume de alguém, e eu acredito que só possa ser dele. "Como eu vim parar aqui?"
"Você acabou adormecendo no sofá de madrugada. Não temos quartos livres, e como eu sou responsável por você, bem, te trouxe aqui. Simples." Dá de ombros com um sorriso para mim, como se tivesse sido a ideia mais brilhante da sua vida. Ele afasta as cobertas para o lado e se levanta, ficando em pé. Percebo que está usando as mesmas roupas do dia anterior. "Desculpa por não te deixar dormir por mais tempo, mas temos que resolver umas coisas... E precisamos de você."
"Que coisas?"
"Bernard." Ele para com mão na maçaneta da porta. "Ele acordou." E sai para fora do quarto, deixando a porta aberta atrás de si.
Ainda deitada na cama, olho para o teto. Assim como as paredes, ele é completamente branco. Mas diferente delas, ele está cheio de palavras aleatórias escritas com um marcador permanente. Eu não sei como ele fez para escrever ali, nem por que ele o faz, mas para um vampiro, isso é provavelmente a parte menos estranha de tudo. A única coisa que me chama atenção no teto é uma lista de nomes femininos. Alguns riscados, outros não, só percebo do que se trata quando encontro o meu próprio circulado umas três vezes. Aparentemente o projeto da cura foi algo em que ele passou bastante tempo pensando.
"Logan-" Anna diz entrando no quarto, mas para imediatamente quando ela me vê deitada na cama. Por um momento confusão passa por seu rosto, mas logo ela sorri. "Bom dia, Sophie." Ela se aproxima e se joga na cama, apoiada nos cotovelos olhando para mim.
"Bom dia...?"
Ela ri, e eu me pergunto se fiz alguma coisa de errado. "Sorte a sua quem eu não sou a Emily."
"Por quê?"
O sorriso dela se alarga. "Depois de passar metade da adolescência sofrendo em segredo pela Abigail, ela conseguiu se apaixonar pelo Logan também, e agora sofre ainda mais. Nenhuma coragem para se declarar." E ri mais uma vez.
"E eles sabem?"
"Abigail nunca teve a menor ideia, e Logan anda obcecado demais com a cura para prestar atenção em qualquer garota. Então não." Seus pés balançando no ar, extremamente animada em ter alguém para compartilhar as fofocas da casa.
"A cura. Sinto muito."
"Tudo bem. Daremos um jeito nisso..." Ela olha para trás e então se volta para mim. "Sabe, é legal ter alguém diferente para conversar sem precisar mentir... apesar das circunstâncias."
Eu olho para ela sem saber o que dizer, então apenas balanço a cabeça.
Ela se levanta da cama, ficando em pé diante de mim. "Com fome?"
"E vocês tem o que comer aqui?"
"É claro. Para as visitas!"
Nós duas seguimos para a cozinha. Lá eu tomo meu café da manhã, enquanto escuto Anna falar. Ela basicamente me conta como era sua vida em Newark e em como sente tanta falta de tudo. Diz que ficou chateada ao saber que a cura não funcionou com Logan, mas tem esperança de que Jesse consiga dar um jeito nisso. Ao mencionar Bern, percebo que ela nem se digna a pronunciar o nome dele, mas suas palavras em referências a ele vêm sempre carregadas de ódio e ressentimento. Gostaria de entender o que se passa entre eles, no entanto, não me sinto encoraja a perguntar a ela.
Nesse ínterim, Emily surge na porta da cozinha dizendo que Logan espera por nós, e eu vejo o recado como um aviso para me apressar e termino de uma vez de comer. Anna me guia até onde Logan está.
Agora eu estou aqui observando Bern de longe. Ele está do outro lado do cômodo, de olhos fechados, sentado sobre as pernas, parecendo mais pálido que o normal. Quero dizer, muito pálido. Um tom doente que eu nunca tinha visto nele antes. Correntes que o prendem à parede se envolvem por seus pulsos, enterrando-se em sua carne. As argolas mais grossas que eu já vi na vida.
Paro um instante para olhar em volta. Por mais bem cuidada que a casa seja nos andares abaixo, aqui, no sótão, é diferente. Assim que entrei no espaço, meu nariz começou a ficar irritado, e eu espirrei pelo menos umas três vezes. Além de poeira, há uma pilha desorganizada de caixas de papelão e alguns móveis abandonados. Mas o que me chamou atenção de tudo foi as manchas vermelhas na cortina branca e na parede próxima a ela.
Lando guarda o prisioneiro, enquanto Logan olha pela única janela do cômodo. Quando Anna e eu entramos, os dois viram a cabeça em nossa direção, mas não dizem nada. Anna olha com repulsa para Bern e se retira, deixando-me sozinha com os três vampiros.
Logan espera Anna fechar a entrada para caminhar até Bern. Ele para diante do vampiro desacordado e olha para seu rosto. "Hora das perguntas," diz.
Bern abre os olhos e sussurra, "Sangue..." Limpa a garganta e fala mais alto, "Você sabe muito bem como a sede é torturadora e traz resultados desagradáveis."
"Terá seu sangue se merecer." Ele coloca as mãos atrás do corpo, dando um passo para trás, como se querendo manter uma distância segura de Bern. Lando observa do mesmo lugar em silêncio.
"Certo. Mande logo essas malditas perguntas," resmunga, mal-humorado. Percebo círculos escuros em volta de seus olhos e o cabelo todo bagunçado. Não sei se é possível vampiros sangrarem, mas vejo nítidas marcas vermelhas onde as correntes tocam sua pele.
Logan começa a caminhar em círculos, mil e um pensamentos se passando por sua mente. "Por quê?"
"Não sei." A voz sai fraca, como se cada sílaba lhe custasse o maior esforço.
Ele para de andar e olha para Bern, incrédulo. "Como simplesmente não sabe? Você-"
"Vocês viram o que aconteceu com Lindsay, que estava sob meu controle. E eu também estava sendo induzido por alguém. Nada do que fiz foi por minha vontade própria. Eu sequer lembro o que fiz!" Sua voz treme. Ele engole em seco. Uma expressão de dor passa por seu rosto.
"E o que você não fez?" Logan pergunta, pelo seu tom de voz ele não parece nem um pouco convencido do que Bern diz.
"Tudo." Ele se levanta, ficando de joelhos, como se implorasse para ser acreditado. "Eles me usaram até os Cristais terem sido destruídos. Era o que mantinha o encanto." Ele diz isso e todos ficamos em silêncio por instante, apenas os sons das argolas no ar.
Depois de ponderar por um tempo, finalmente Logan pergunta, "E por que logo eu acreditaria em você?"
"Eu lhe garanto que não queria nada disso. Eu nunca tive controle. Eu me via fazendo as ações, mas não tinha como impedir. Por favor, por favor, me deixe viver!"
Logan olha para mim. "Você que o conhece há mais tempo. O que acha?"
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BLOOD LOVER
VampierSophie sempre se viu como vítima de estranhos incidentes. Perseguições; invasões em sua casa; pequenos acidentes que se transformam em cortes sangrentos. Nada disso seria um problema até ver sua vida em verdadeiro perigo numa estranha tentativa de a...