Após minha formatura, os dias até a minha mudança passaram voando. Logo chegou o natal, o ano novo e duas semanas depois eu já estava pronto para partir. Meu pai, apesar de ainda não aceitar o que eu quero fazer, pareceu estar um pouco melhor nas festas de fim de ano. Bebia bastante, e depois festejava com os meus tios. Ele também começou a voltar a falar comigo normalmente, mas eu percebia que havia um grande esforço em seu tom de voz. Ele parecia se esforçar bastante para apagar da mente o que seu filho mais velho estava preste a fazer.
Eu estava com todas as minhas malas prontas. Não iria levar muita coisa — e eu sinceramente nem tinha muita coisa. Duas malas de rodinhas e uma de alça me esperavam do lado de fora do quarto. Eu estava me despedindo, mas não tinha muito do que despedir. Meu quarto era metade meu e metade do meu irmão. Apesar dele ser um bebê, seu berço, seus brinquedos e sua pequena banheira ocupavam um grande espaço do quarto pequeno. Eu nunca reclamei. Não precisava de um espaço grande para mim, já que passava a maior parte do tempo ou na escola, ou na loja ou nos fundos treinando passos de dança. Depois de dar uma última olhada no meu quarto, eu saí.
— Está pronto, querido? — Minha mãe perguntou, me olhando com uma tristeza que ela tentava esconder.
— Quase. — Respondi.
— Nós vamos esperar lá embaixo, então.
Ela abriu a porta da sala carregando uma das minhas malas. Vovó, com Jihyun no colo, pegou a mala mais leve e também saiu da casa. As olhei descendo as escadas só para ter certeza de que não tropeçariam. Quando elas chegaram ao chão, eu voltei para a casa. Passei por cada cômodo e admirei cada ponto em seu interior. Minha casa agora já não ia ser mais minha. Vivi por dezoito anos debaixo de um teto com minha família e agora estava me mudando para uma nova cidade e uma nova casa. Toda essa ideia me parecia estranha, assustadora, mas... eletrizante. Eu seria a pior pessoa para explicar essa sensação, mas é como ir numa montanha-russa muito radical. Você sabe que vai sentir medo e frio na barriga, mas vai mesmo assim porque sabe que vai gostar da sensação da adrenalina. É assim que me sinto agora. Estou pronto para entrar nessa montanha-russa, tendo os altos e baixos que ela tiver.
Com um leve sorriso nos lábios, dei um adeus silencioso para a casa e saí. Quando desci as escadas e passei pelo portão, vi que todos estavam dentro do carro. Reparei, porém, uma figura escorada no muro da casa da frente. Namjoon, com as mãos no bolso da calça, me esperava. Coloquei a última mala no bagageiro e andei até ele. Nos encaramos por alguns segundos em silêncio, apenas olhando um para o outro com um leve sorriso conformativo no rosto. Acho que nenhum de nós sabia o que dizer.
— Chegou então o dia de nos despedirmos. — Namjoon disse, após um tempo. — Depois de tantos anos juntos, nem acredito que vamos mesmo fazer isso.
— Você não deveria estar se desmanchando em lágrimas, ou algo assim? — Eu brinquei. — Esperava mais emoção da sua parte na despedida do seu melhor amigo.
— E quem disse que você é meu melhor amigo?
— Idiota.
— Convencido.
E então nós dois rimos. Já vi muitos filmes com despedidas tristes, mas nenhuma se parece com o que estamos fazendo agora. Eu cresci com Namjoon. Nós caímos juntos diversas vezes, sangramos e até brigamos um com o outro, e ele sempre esteve ali quando eu precisei, na casa em frente à minha. Como se despede de uma amizade de quase dez anos?
— Eu vou sentir sua falta. — Ele disse, num tom de voz baixo após nós pararmos de rir. — Saiba que nunca vai existir um melhor amigo como você.
Eu tinha prometido a mim mesmo não chorar, mas senti meus olhos queimarem e pisquei várias vezes para não deixar surgir uma lágrima.
— Não é o fim da nossa amizade, vamos continuar nos falando sempre.
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Dance with me • pjm + jjk
FanfictionPark Jimin acaba de fazer 18 anos e resolve abandonar sua cidade natal, Busan, para seguir seu maior sonho: ser um grande dançarino. Ele se muda para Seul e se vê perdido na cidade, já que nunca sequer visitou o lugar. Jimin acaba dividindo um peque...