Park Jimin, 12 anos, pronto para ir para a igreja. É isso que eu vejo no espelho. Na verdade, é o que eu gostaria de ver no espelho. Eu, mais novo e sem preocupação nenhuma além de saber se eu estava bonito para a igreja, queria que todos dissessem o quanto eu ficava adorável com aquele terno pequeno. Agora estou eu, seis anos mais velho, vestindo um terno para ir para a igreja, me arrumando para ver meu pai ser engolido pela terra.
— Está pronto, querido? — Minha mãe apareceu na porta do banheiro com a mesma expressão profunda que não havia tirado do rosto. Ela usava um vestido preto até a canela com uma manga comprida. Já a vi usando esse vestido antes, e ela ficava tão linda com ele como está agora. Não estava arrumada nem nada, apenas com o vestido e um sapato qualquer nos pés, mas minha mãe não precisava fazer esforço para ficar bonita.
— Estou sim. — Respondo, minha voz quase não saindo.
Caminho até a sala e ela está vazia. A porta do meu quarto está fechada e provavelmente vovó está ainda trocando de roupa.
— Jimin. — Minha mãe me chama. Por algum motivo, sinto uma sensação ruim no estômago. Tudo que me acontece ou acontecer nesse período vai suceder uma sensação ruim. Não respondo em voz alta, apenas a olho para que ela saiba que estou ouvindo. — Você não... perguntou o que aconteceu com seu pai.
É verdade. Eu me neguei a perguntar qualquer detalhe porque não queria sofrer mais. Não queria ter pesadelos por noites imaginando como teriam sido os últimos segundos dele com vida. Eu simplesmente estava em negação.
— Eu não queria aceitar, então, na minha cabeça, se eu não soubesse a causa, tudo isso iria sumir mais fácil.
— Sei por experiência própria que problemas não somem jogando tudo para debaixo do tapete.
— Desculpa, mãe. Me sinto um insensível.
— Não se desculpe por isso, Jimin, nunca! Ninguém, repito, ninguém pode te julgar por escolher como passar o luto, como sentir ele. Se você não quiser ouvir, não quiser saber, não tem problema.
— Tem sim, mãe. Eu tenho que saber. Como posso viver a vida toda no escuro me recusando a tomar conhecimento de uma coisa dessas? Simplesmente não posso ignorar, não mais do que já fiz. Pode me contar. Não estou pronto, mas nunca estarei realmente Melhor que seja agora, para que eu possa seguir em frente em paz.
— Tudo bem. — Ela respirou fundo, demorando alguns segundos para reunir forças para me contar. — Seu pai estava na rua, tinha acabado pagar as nossas contas e estava voltando para casa. Pelo que me disseram, um motorista distraído passou o sinal quando um carro estava atravessando corretamente. Esse segundo carro tentou desviar do outro e conseguiu, mas bateu em seu pai. — Minha mãe tentou, mas não conseguiu manter as lágrimas nos olhos. — Ele estava na calçada, tranquilamente, e o carro o atropelou. — Nesse momento, ela chorava tão alto que meu corpo foi ao seu encontro, abraçando-a com todas as minhas forças, acreditando que eu pudesse acabar com a sua dor.
E com minha mãe chorando em meus braços, eu comecei a chorar também. Meu pai estava indo para casa, provavelmente planejando o que comeria no jantar, andando como um pedestre comum, quando um carro bateu nele. Na calçada. Ele não estava nem na rua. E agora, meu maior medo ao saber da causa da morte dele se materializou. Minha mente começou a pensar se ele teria sofrido, se teria doído, se teria sido uma morte rápida. Eu esperava que tenha sido essa última, um baque indolor. Apenas, num segundo estava aqui, no outro não. É melhor pensar assim, pensar que ele não tenha sentido dor, mesmo que no fundo eu saiba que estou me enganando.
Eu limpei meu rosto com pressa quando ouvi a porta do meu quarto se abrindo. Vovó saiu com Jihyun no colo; ele dormia tranquilamente como se seu pai não estivesse prestes a ser enterrado. Eu não sei porquê fiquei com raiva disso, acho que é a tristeza que começou a se transformar em fúria. Jihyun não tem culpa nenhuma, é apenas uma criança de quase dois anos que só consegue dizer Banana. Talvez eu tenha ficado com raiva porque o invejo, queria não estar sentido toda essa dor, toda essa culpa, toda essa vontade de me jogar do último andar de um prédio alto.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Dance with me • pjm + jjk
Fiksi PenggemarPark Jimin acaba de fazer 18 anos e resolve abandonar sua cidade natal, Busan, para seguir seu maior sonho: ser um grande dançarino. Ele se muda para Seul e se vê perdido na cidade, já que nunca sequer visitou o lugar. Jimin acaba dividindo um peque...