Capítulo 23

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Antes de dormir, tentei imaginar como seria a minha coreografia se eu fosse Jungkook naquele palco. Eu fiquei feliz sorrindo como um bobo enquando sonhava acordado sobre meu sonho se realizando, mas então eu adormeci, e tive um pesadelo.

Eu estava naquele mesmo palco, mas não tinha ninguém para me assistir. Todo o teatro estava completamente vazio e coberto pela escuridão, exceto por uma luz fraca que pairava sobre mim. Eu estava sozinho e assustado, até tentei sair dali, mas uma música começou a tocar e meu corpo começou a se mexer involuntariamente.

Eu começei a girar e a pular violentamente ao som do ritmo que tocava e estava ficando cada vez mais assustado por não controlar meu corpo. Mas então, eu parei de repente. Estava estranhamente suado e cansado. Encarei a platéia e não estava vazia desta vez, minha familia e amigos estavam ali. Minha mãe, meu pai, minha avó, Jihyun, Namjoon, Dahyun, Taehyung, Jinyoung, Jeongyeong e Momo, todos ali sentados numa única fileira me assistindo de camarote com os rostos apáticos.

Olhei para o meu lado e eu não estava mais sozinho no palco. Jungkook estava me olhando com a mão erguida para que eu pegasse, mas havia um sorriso maléfico em seu rosto. Olhei para meu outro lado, à direita, e Mark estava lá, estendendo o braço como Jungkook, mas com um lindo sorriso acolhedor no rosto. O cenário atrás de Jungkook era escuro, sombrio e desconhecido, mas eu podia ver uma luz atrás de Mark, como se ele guardasse um jardim cheio de esperança. Obviamente, peguei a mão de Mark.

Ele me puxou para mais perto e começamos a dançar lentamente uma melodia calma e reconfortante, e eu me sentia seguro. Como se estivesse em casa. Quando um sorriso começou a se formar em meu rosto, me fazendo quase esquecer do cenário tenebroso onde eu estava, uma mão pousou em meu braço e me girou com força.

Fiquei cara a cara com Jungkook, tão perto do seu rosto que pude ver o terror que seus olhos negros escondiam. Eu vi gritos ali, mas não eram de várias pessoas, eram somente dele, e ele pedia socorro.

Começamos a dancar com uma música estridente nada melódica tocando ao nosso redor. Era torturante. Jungkook ainda mantia o sorriso maléfico no rosto, sem nunca desviar o olhar, me obrigando a ver a dor em seus olhos. Eu queria, mas não consegui parar de olhar. Quando senti as forças começando a se esvair do meu corpo, Jungkook me lançou para longe. Pensei que fosse ter uma queda feia no meio das cadeiras da platéia, agora vazias, mas caí num chão cinza. Tudo ao meu redor havia sumido, o palco, a música e Jungkook. Eu estava sozinho e permaneci assim até acordar.

Levantei num sobressalto. Meu rosto pingava suor e o meu cabelo estava molhado, mas não era uma madrugada quente em Seul. O quarto estava completamente escuro, mas pude ver levemente a silhueta de Taehyung dormindo em sua cama, mergulhado num sono profundo. Peguei meu celular e a luz do visor machucou minhas vistas, mas pude ver que passava pouco das cinco da manhã de domingo. 

Não consegui voltar a dormir depois disso. Tive medo de voltar a ter pesadelos, mais especificamente aquele. Os olhos de Jungkook... aquilo era um horror. Não havia somente o grito da sua alma atormentada, havia desespero, angústia, solidão. O que me assusta não é eu ter visto isso em seus olhos — até porque não acredito que eu tenha dito uma visão mágica de como Jungkook é por dentro — mas sim o fato que eu não estranhei por completo aquela vastidão de dor em seus olhos. É quase como... se eu a reconhecesse.

E foi por esse tipo de pensamento que não voltei a dormir. Coloquei uma música alta o bastante para prejudicar minha audição e me impedir de dormir, e quando me dei conta, os primeiros raios de sol do dia adentravam pela fina cortina branca da única e pequena janela do quarto. Demoraria horas para Taehyung acordar, mas decidi que não ia ficar a manhã inteira na cama sem nada para fazer.

Dance with me • pjm + jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora